domingo, 16 de novembro de 2008

O que é o Amor: uma Hidra com mil cabeças

Como a hidra do mito grego, o amor assume muitas formas – bastantes mais do que as nove cabeças atribuídas à hidra do lago Lerna. Não há apenas o amor parental especialmente visado na Carta aos Coríntios (O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso…)

Há também o amor passional, cantado por Shakespeare:

O amor é uma fumarada de suspiros; liberto, é uma chama que brilha nos olhos dos enamorados; prisioneiro, é um mar que alimenta as suas lágrimas.

E há o amor à sociedade, aos animais, e à arte. E o amor a Deus e a ideias (algumas loucas). E o amor ao poder, ou ao dinheiro, ou à crueldade. É. Algumas formas de amor são declaradamente perversões (o amor ao dinheiro, por exemplo) ou monstruosidades (o amor sádico, de alguns carrascos e psicopatas).

O amor pode de fato envolver características de uma hidra monstruosa, no sentido mais literal do termo, o que em certa perspectiva justificaria uma iniciativa como a de Hércules, a uma Amione distante.

Só que essa tentativa nunca teria o êxito conseguido por Hércules. No caso do amor, o Monstro e a Bela confundem-se (como na história da Bela e o Monstro). A fonte de onde brota os amores monstruosos e pervertidos é a mesma que alimenta os amores grandiosos.

O amor pode inclusivamente ser fonte de ódio: ao se amar uma certa ideia de Deus, ou de Pátria, ou uma certa mulher, ou uma certa coisa, pode odiar-se tudo aquilo que resiste e se opõe a esse amor… É. O amor pode ser fonte de ódio. Contraditoriamente. Alguns dos nossos maiores amores envolvem também ódios profundos.

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