quinta-feira, 5 de março de 2009

Mágoa: um sentimento negativo

Uma das coisas que mais prejudicam o homem é a mágoa. Ela se instala no coração das pessoas e se propaga pelo corpo inteiro, causando doenças, tristezas, infelicidade.
Acredito que para tudo na vida há remédio. Muitas doenças são evitadas com o uso de vacinas próprias. Haverá vacina contra a mágoa?

Vamos analisar as causas da mágoa para podermos combatê-la. Acredito que a maior causa desse mal é o fato de nos julgarmos perfeitos, acima de qualquer falha ou defeito, e nos sentimos ofendidos quando outra pessoa fala ou faz algo que nos contraria. Quando alguém diz algo a nosso respeito que a nosso ver é uma inverdade, costumamos nos ofender e nos magoar.
Não somos perfeitos. Todos nós podemos errar, e mesmo que o outro esteja enganado no que fala sobre nós, isso é problema dele. É a interpretação dele.

Caso suas afirmações não correspondam à verdade, ótimo. Graças a Deus ele está errado, não somos nada daquilo que ele pensa, felizmente. Nesse caso, ele deve estar se referindo a outra pessoa, talvez um homônimo nosso, e não a nós. Como não somos o alvo de suas palavras e de suas interpretações, deixemos de lado, esqueçamos o fato.

Na hipótese de que as palavras de nosso interlocutor sejam verdade, ótimo. Ele está nos ajudando a analisar os nossos defeitos e os corrigir. Ele está se portando como verdadeiro amigo ao nos apontar nossos erros e defeitos. Vamos aproveitar o que estamos ouvindo para nos melhorar, nos corrigir, crescer, evoluir.

Em qualquer dos casos não devemos permitir que a mágoa estrague nosso dia. Exercitemos a tolerância e o perdão. Nós também, muitas vezes, cometemos erros na avaliação de nossos irmãos.
Curtir a mágoa é querer ficar doente. É nos encher de toxinas que vão causar problemas ao nosso corpo físico. Perder o sono, sofrer por algo que não tem a importância que lhe damos, são coisas negativas.

Vamos manter a calma, a serenidade, em todos os momentos. Eliminemos o hábito de nos magoar por tudo o que nos ocorre, pois na verdade todos os episódios de nossa vida são oportunidades de aprendizado e de crescimento.

Com essa atitude estaremos nos vacinando contra a mágoa, e o resultado nos trará paz e felicidade.

Autor: Ary Brasil Marques

Raiva e Ódio - Emoções Negativas

Não erraria totalmente se dissesse que vivemos a Era da Raiva. Tentando verificar a aprovação social das manifestações da Raiva, quatro estudos examinaram a consideração social que o sistema atribui para as pessoas “raivosas”. Esses estudos mostram que o povo atribui mais status às pessoas que expressam Raiva do que às pessoas que expressam tristeza ou mágoa. No primeiro estudo, os participantes aprovaram mais o presidente Clinton quando o viram expressar Raiva sobre o escandalo de Monica Lewinsky do que quando o viram expressar tristeza ou mágoa.

Este efeito Raiva-tristeza foi confirmado num segundo estudo que envolveu um político desconhecido. O terceiro estudo mostrou que, em uma empresa, conferir alguma distinção esteve correlacionado com as avaliações de uns companheiros sobre a Raiva manifestada pelos outros, objetos da distinção.

No estudo final, os participantes atribuíram um salário mais elevado posição, bem como um status mais elevado a um candidato ao emprego que se mostrasse mais irritado que triste. Além disso, os estudos de número 2 e 4 mostraram que as expressões de Raiva criam a impressão que a pessoa raivosa é mais competente (Tiedens, 2001).

Ódio
A força do ódio é muito grande. Grandes grupamentos humanos podem se irmanarem através do ódio (à um inimigo comum) ou se destruírem (numa relação do tipo perseguido-perseguidor). De qualquer forma, o ódio tem uma predileção especial para se nutrir das diferenças entre o outro e o eu e, de acordo com observações clínicas, onde se cruza com o ódio há, inelutavelmente, um excesso de sofrimento físico e psíquico. O sofrimento e o ódio são tão próximos e íntimos que cada um acaba se tornando a causa do outro.

Voltando à teoria do sujeito-objeto, talvez a adoção de posição de apatia em relação ao ódio e à raiva seja o segredo para prevenir o sofrimento. Apatia no sentido valorativo, ou seja, não permitir que nosso sujeito mobilize valores para os objetos potencialmente causadores de ódio e/ou raiva. Assim sendo, não experimentar o ódio, a raiva e, conseqüentemente, o sofrimento, se tornará uma condição de sobrevivência física e emocional.

Vendo a doutrina do satanismo, longe de experimentarmos um grande temor sobre a seita, constatamos que, naturalmente, a maioria das pessoas de nosso convívio se conduz (sem saber) através desses “mandamentos”. Vejamos: "Amar ao próximo tem sido dito como a lei suprema, mas qual poder fez isso assim? Sobre que autoridade racional o evangelho do amor se abriga?” Mais uma; “Por que eu não deveria odiar os meus inimigos - se o meu amor por eles não tem lugar em sua misericórdia? Não somos todos nos animais predatórios por instinto? Se os homens pararem de depredar os outros, eles poderão continuar a existir?” E, finalmente, “odeie seus inimigos na totalidade do seu coração e, se um homem lhe da uma bofetada, de-lhe outra!; atinja-o dilacerando e desmembrando-o, pois autopreservação e a lei suprema!”

Como vimos, esses (poucos) postulados parecem mais terem sido tirados da fisiologia humana que de uma doutrina satânica. Preferível seria dizermos “da fisiopatologia humana”. Mas, se as pessoas têm certa dificuldade em entenderem o aspecto patológico desses sentimentos e atitudes do ser humano, quer por agnosticismo, quer por recionalismo, então vamos encontrar na medicina psicossomática e psiquiátrica os elementos necessários para se estabelecer algum tipo de associação ente o sofrimento (físico e psíquico) e os sentimentos, emoções, pulsões e impulsos primitivos.

Isso significa que a Raiva e o Ódio não seriam contra-indicados aos ser humano apenas devido ao seu aspecto moral ou ético mas, sobretudo, devido ao seu aspecto médico.

A Raiva e o Coração
A Raiva de fato mata ou, pelo menos, aumenta significativamente os riscos de ter algum problema sério de saúde, onde se inclui desde uma simples crise alérgica, uma grave úlcera digestiva, até um fulminante ataque cardíaco.

Janice Williams acompanhou por seis anos 13.000 homens e mulheres com idade entre 45 e 64 anos e, tomando o comportamento como base, descobriu que as pessoas que se irritam intensamente, e com freqüência, têm três vezes mais probabilidades de sofrer um infarto do que aquelas que encaram as adversidades com mais serenidade (Williams, 2000).
Isso ocorre porque, a cada episódio de Raiva, o organismo libera uma carga extra de adrenalina no sangue (veja o que acontece nas Suprarenais durante o Estresse). O aumento da concentração de adrenalina aumenta o número de batimentos cardíacos e, simultaneamente, torna mais estreitos os vasos sanguíneos, o que aumenta a pressão arterial. A repetição desses episódios pode gerar dois problemas em geral associados ao infarto; alteração do ritmo cardíaco (arritmia), aumento da pressão arterial e uma súbita dilatação das placas de gordura que, porventura, estejam nas artérias.

A medicina tem enfatizado exaustivamente as condições de vida e de personalidade que favorecem a doença cardíaca; quem fuma, como se sabe, tem até cinco vezes mais possibilidades de sofrer um ataque cardíaco, pessoas de vida sedentária apresentam risco 50% maior de ter problemas de coração, obesidade, idem. Agora, depois de muitos estudos sabe-se que a influência da Raiva no desenvolvimento de doenças cardíacas é comparável a essas causas anteriormente conhecidas, e mais, independentemente delas (Williams, 2000). Isso quer dizer que, se a pessoa não tiver nenhuma dessas condições relacionadas ao desenvolvimento de doenças cardíacas mas for raivosa, estará igualmente sujeito à elas.

A ansiedade e a Raiva são perigosas à saúde. Um recente artigo de Suinn oferece uma revisão seletiva da pesquisa nessa área e ilustra como a ansiedade e a Raiva aumentam a vulnerabilidade às doenças, comprometem o sistema imune, aumentam níveis de gordura no sangue, exacerbam a dor, e aumentam o risco da morte por doença cardiovascular. Os mecanismos possíveis para tais efeitos foram identificados por , incluindo o papel da resposta cardiovascular a essas emoções no agravamento da saúde (Suinn, 2001).

Assim sendo, as pessoas cuja personalidade se classifica como Pavio Curto, está provado, têm muito mais chances de sofrer do coração. Parar de fumar, fazer exercícios regularmente e ter uma alimentação saudável já é difícil, hoje em dia, dominar a Raiva, é mais difícil ainda. Mas é possível, graças à Deus.

Não se pode tentar estabelecer alguma relação entre Raiva e agente estressor desencadeante da Raiva. Essa questão varia de pessoa para pessoa e depende, basicamente, da valoração que a pessoa dá aos objetos do mundo à sua volta e dos traços de sua personalidade. Mas há um estudo que procurou relacionar os efeitos estressores do preconceito racial no sistema cardiocirculatório. Nessa pesquisa, a hostilidade e Raiva elevadas foram associadas com os níveis mais elevados da pressão arterial. E mesmo a exposição indireta ao conflito racial (filmes) determina uma reação hipertensiva em pessoas previamente sujeitas ao sentimento da Raiva (Fang, 2001).

Raiva e Ódio
O Ódio é mais profundo que a Raiva. Enquanto a Raiva seria predominantemente uma emoção, o Ódio seria, predominantemente, um sentimento. Paradoxalmente podemos dizer que o ódio é um afeto tão primitivo quanto o amor. Tanto quanto o amor, o ódio nasce de representações e desejos conscientes e inconscientes, os quais refletem mais ou menos o narcisismo fisiológico que nos faz pensar sermos muito especiais.

Assim como o amor, só odiamos aquilo que nos for muito importante. Não há necessidade de ser-nos muito importantes as coisas pelas quais experimentamos Raiva, entretanto, para odiar é preciso valorizar o objeto odiado.

A teoria do Sujeito-Objeto, diadaticamente coloca a idéia de que existem apenas duas coisas em nossa existência, eu, o sujeito e o não-eu, o objeto. E tudo o que sentimos, desde nosso nascimento, são emoções e sentimentos em resposta ao objeto. Para que essa teoria possa ter utilidade é imprescindível entendermos o objeto como tudo aquilo que não é eu, mais precisamente, tudo aquilo que não é minha consciência.

Assim sendo teremos os objetos do mundo externo ao sujeito, que são as coisas, os fatos, os acontecimentos, e os objetos internos, que são meus órgãos, minha bioquímica, etc. Posso sentir raiva, e outros sentimentos, em resposta à algum objeto externo (pessoa, trânsito, time de futebol...) ou sentir ansiedade, e outros sentimentos, em resposta à algum objeto interno (hiperteireoidismo, diabetes, TPM, etc...).

Mas, de qualquer forma, o mundo objectual (do não eu) só pode ter valor se o sujeito o atribui. Para o sujeito nutrir sentimentos de ódio, é indispensável que atribua ao objeto de seu ódio um valor suficiente para fazê-lo reagir com esse tipo de sentimento. Obviamente, se ignorar o valor do objeto não poderá odiá-lo.

Em termos práticos podemos dizer que a raiva, como uma emoção, não implica em mágoa, mas em estresse, e o ódio, como sentimento, implica numa mágoa crônica, numa angústia e frustração. Nenhum dos dois é bom para a saúde; enquanto a raiva, através de seu aspecto agudo e estressante proporciona uma revolução orgânica bastante importante, às vezes suficientemente importante para causar um transtorno físico agudo, do tipo infarte ou derrame (AVC), o ódio consome o equilíbrio interno cronicamente, mais compatível com o câncer, com arteriosclerose, com a diabetes, hipertensão crônica.

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A Raiva como Forma de Violência

Seus sinônimos são: ira, fúria, furor, zanga.

As idéias polêmicas e controvertidas de que reprimir a Raiva faz mal a saúde, traz outras conseqüências psíquicas e orgânicas ou coisas do gênero, tem gerado um sem número de compressões errôneas. A Raiva pode ser entendida como uma sensação de frustração que sentimos, quando esboçamos um desejo e ele não acontece. Então surge a frustração com vontade de revidar, que é a Raiva.

A Raiva, que é a geradora de impulsos violentos contra os que nos ofendem, ferem ou invadem a nossa dignidade é a responsável por um sem número de atos de violência, incluindo a autoviolência, contra nossa própria saúde.

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Raiva e Risco de Suicídio
Sendo a Raiva, teoricamente, estimulada por agentes externos (Raiva de alguém, de alguma coisa...), e preocupada em saber se esses agentes externos poderiam ser responsáveis por suicídio, a psiquiatria tem pesquisado junto à pessoa portadora de Transtorno por Estresse Pós-traumático.

Raiva e Problemas de Relacionamento e Adaptação Social
Smith realizou uma pesquisa sobre a violência em 213 meninas, com idade entre 9 e19 anos. O tema da pesquisa dizia respeito aos fatores precipitantes da Raiva, bem como os comportamentos e relacionamentos interpessoais e os problemas de conduta no lar e na escola. Os dados iniciais resultaram na na separação em dois grupos; 54 delas consideradas como violentas e 159 como não-violentas.

A Raiva, precipitada por situações específicas de injustiça, mostrou ser sempre mais intensa e generalizada nas meninas violentas do que nas meninas não-violentas. As meninas violentas, portanto, aquelas que nutriam mais o sentimento da Raiva, tinham maior possibilidade de não gostar da escola e/ou de contestar sofridamente a disciplina da escola, tinham também muito mais dificuldades adaptativas e pior relacionamento interpessoal que as meninas não-violentas (Smith, 2000).

Em outro estudo atual, 31 de 89 adolescentes preencheram requisitos para entrarem no Grupo da Raiva e o restante no Grupo da Não Raiva. Diversas diferenças foram encontradas entre esses dois grupos. O Grupo da Raiva (1) relatou menos intimidade com os pais, recebeu menos suporte deles, tinham mais amigos do sexo-oposto, tinham namoradas(os) mais freqüentemente.

Na escola esse grupo tinha, em média, notas piores que o Grupo da Não Raiva, se sentiam mais oprimidos e usavam maconha mais freqüentemente. O mais interessante, entretanto, é que os resultados dessa análise revelaram ser a Depresão o preditor mais significativo para o desenvolvimento do traço da Raiva (Silver, 2000).

A violência e agressividade no ambiente de trabalho são freqüentes problemas do cotidiano. Há estudos sobre a predisposição para o sarcasmo e para a Raiva no ambiente do trabalho e determinados traços da personalidade (Calabrese, 2000).

Voltando à teoria do sujeito-objeto, talvez a adoção de posição de apatia em relação ao ódio e à raiva seja o segredo para prevenir o sofrimento. Apatia no sentido valorativo, ou seja, não permitir que nosso sujeito mobilize valores para os objetos potencialmente causadores de ódio e/ou raiva.

Concluiu-se que existem muitas variáveis para a exarcebação da Raiva no ambiente de trabalho. Entre essas variáveis se incluem as influências da cultura, pessoal e do sistema, o próprio ambiente de trabalho, se hostil ou não, os mecanismos psicológicos pessoais de defesa, as atitudes da liderança, o estresse vigente e, finalmente, das diferenças da personalidade.

Outra investigação avaliou se as pessoas que haviam perpetrado algum tipo de violência, poderiam ser diferenciadas de pessoas não violentas através de medidas da Raiva e da distorção cognitiva. Vê-se, como já se suspeita pelo bom senso, que as pessoas violentas tiveram níveis bem mais elevados de Raiva dirigida ao exterior do que os participantes não violentos.

Quando algum teste mostrava não haver diferença entre níveis da Raiva entre os participantes violentos e não violentos, além do ato agressivo, os resultados sugeriam que os indivíduos mais violentos têm dificuldade em controlar sentimentos de irritabilidade e, por isso, muito mais facilidade em expressar a Raiva. Nenhuma diferença significativa surgou com relação à racionalidade e intelectualidade dos dois grupos (Dye,2000).

[Ballone G.J.]

quarta-feira, 4 de março de 2009

Sentimento de raiva pode prejudicar

“O sentimento freqüente de raiva é tão ruim para o coração como fumar, comer muita gordura saturada, engordar e não fazer exercício físico”

É normal sentir raiva. A raiva é um sentimento de protesto, insegurança, timidez ou frustração, contra alguém ou alguma coisa, que as pessoas demonstram quando se sentem ameaçadas.

Varia de intensidade e de pessoa para pessoa, podendo ser uma simples irritação ou uma demonstração de fúria. A maneira como cada pessoa interpreta um fato corresponde ao modo com que ela percebe o mundo e a si mesmo.

O sentimento de raiva tem origem na idéia de que fomos injustiçados ou maltratados, tendo como base vivências do passado. Se no passado a pessoa foi muito maltratada ou punida, há uma tendência de se manter “alerta” contra futuras ameaças, de maneira desproporcional ao evento. Torna-se conhecida como uma pessoa de “pavio curto” e suas explosões são uma tentativa de se proteger do que acredita ser uma agressão.


Quando são muito freqüentes, ou intensas, ou mesmo quando ausentes, podem ser um problema para as relações sociais e para a saúde física. Por outro lado, há as pessoas que se sentem incapazes de reagir frente a uma situação de maltrato, podendo gerar sentimentos de frustração e de depressão.

Na raiva, como em todos os estados do humor, há alterações no comportamento e no funcionamento físico. Em nossa sociedade, a raiva ou irritação é até mesmo confundida com determinação.

Estudos comprovaram que expressões de raiva transmitem a impressão de que o raivoso é uma pessoa mais competente. Grande engano, é só impressão. A maior competência é na verdade, para desenvolver doenças, principalmente as do coração.

Janice Willians, pesquisadora da Universidade da Carolina do Norte, EUA, estudou durante seis anos o comportamento de 13 mil homens e mulheres com idade entre 45 e 64 anos. Classificou as pessoas em níveis de alta, média e baixa disposição à raiva. As com alta tendência, que se irritam com freqüência, possuem três vezes mais possibilidades de sofrer infarto que as pessoas que enfrentam as dificuldades com mais tranqüilidade.

Significa dizer que o sentimento freqüente de raiva é tão ruim para o coração como fumar, comer muita gordura saturada, engordar e não fazer exercício físico. Pode também causar distúrbios no aparelho digestivo, sem dizer que pode ser considerado um desequilíbrio psicológico.
O comportamento agressivo do raivoso pode se expressar através de violência verbal e até mesmo através de violência física. Quem dá vazão ao sentimento de raiva, apenas para se libertar dele, como uma evidente prova de desequilíbrio emocional pode se dar mal, pois não é possível prever como isso irá terminar.

O trânsito é na atualidade, uma fonte que parece instigar a ira de motoristas uns contra os outros e contra os pedestres. Não raro temos notícias de motoristas que se matam por fatos banais.
O mês de agosto é conhecido como o mês do “cachorro louco”. A raiva canina é uma doença cruel para o animal, pois leva à morte. A vacina aplicada como prevenção e na hora certa é a solução. Pena que a raiva psicológica das pessoas não possa ser combatida de forma tão eficaz e simples.

É sempre bom lembrar que “a resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura sucita a ira”.


[Flávia Leão Fernandes]

Raiva, Culpa e Vergonha

Raiva, culpa e vergonha são sentimentos freqüentes, comuns , mas variam de intensidade de pessoa para pessoa. Quando vividos de forma intensa nos atrapalham no cotidiano, nas relações, criando problemas se não controlados.

Raiva
É normal sentir raiva. Ela pode ser um problema, quando muito freqüente, ou intensa, ou mesmo quando ausente. Ela pode variar desde a irritação até a fúria. O quanto ficamos brabos com uma determinada situação depende de nossa interpretação a respeito do fato. Existe uma variação individual de significados frente a um evento.

Cada um de nós interpreta um fato de forma que corresponde ao nosso modo de perceber o mundo e a nós mesmos. O sentimento de raiva é antecedido pelo pensamento, ou seja, pela idéia de que fomos maltratados, ou que fomos injustiçados. É na verdade, uma reação de defesa frente a uma percepção de ataque e ameaça. Nossa resposta está repleta de planos de vingança ou atitudes de retaliações. Como todos os estados do humor, a raiva é justificada por pensamentos específicos e alterações no comportamento e funcionamento físico.

O pensamento encontra-se relacionado com as crenças que foram organizadas no passado. Apresentamos uma tendência a perceber os fatos e o mundo de forma constante, baseada nas vivências anterior. Se no passado fomos severamente punidos, ou maltratados, ou abusados, temos a tendência a nos manter "em guarda" contra futuras ameaças, mesmo que seja desproporcional ao evento. A raiva rápida, ou aquilo que popularmente chamamos de "pavio curto", é justificada pela crença de que é possível nos protegermos quando nos confrontamos com o abuso. Já as pessoas que se acreditam incapazes de reagir frente a uma situação de maltrato, reagem com resignação, produzindo um sentimento de depressão.

A raiva também pode surgir com mais freqüência em relacionamentos íntimos, porque quando criamos múltiplas expectativas em nossas relações de amizades, ou de trabalho, ou amorosas, nos tornamos mais exigentes e menos tolerantes com a frustração. Soma-se a isto, o fato de que raramente informamos as pessoas nossas expectativas sobre ela, e pior ainda, algumas vezes nem estamos completamente cientes delas, até que sejam quebradas e acionado em nós o desapontamento, a mágoa, a injustiça e finalmente a sensação de violação de regras, expectativas que por nós foram criadas.

Compreendendo a raiva

Pensamentos Automáticos:
"Os outros são ameaçadores ou maus."
"As regras foram violadas."
"Os outros estão me tratando injustamente."
Estados do Humor:
Irritável... Zangado... Irado
Reações Físicas:
Músculos contraídos.
Pressão sangüínea aumentada. B
atimento cardíaco aumentado.
Comportamentos:
Defender/Resistir
Atacar/Discutir
Retirar-se (para punir ou proteger)

Estratégias de Manejo da Raiva

Reestruturação Cognitiva
Antecipação e Preparação de Eventos Utilizando a criação de Imagens
Reconhecendo os Primeiros Sinais de Raiva
Dar um Tempo
Treino de Afirmação Pessoal
Terapia com o Grupo Familiar

Culpa e Vergonha
A culpa e a vergonha são sentimentos intimamente relacionados.
Possuímos a tendência de sentir culpa quando acreditamos violar regras importantes para nós ou quando não correspondemos aos padrões que estabelecemos para nós mesmos.
Sentimo-nos culpados, quando julgamos que fizemos algo errado, pela crença, que deveríamos ter realizado de forma diferente ou melhor. O sentimento de culpa é um desconforto emocional por sermos "mal visto" por nós mesmo.
O sentimento de vergonha relaciona-se a sensação de que fizemos algo errado, porque supomos ser "defeituosos", "inúteis", "incompetentes", "inadequados"ou "mau.

A vergonha, geralmente, está ligada a uma visão negativa de nós mesmos, a uma baixa auto-estima. A vergonha freqüentemente acompanha um segredo. Tal segredo pode envolver outros membros da família, como alcoolismo, abuso sexual, perda de prestígio ou algum comportamento considerado desonesto na comunidade. O sentimento de vergonha é um desconforto emocional por acreditarmos que somos "mal vistos" pelos outros.

Estratégias de Manejo da Culpa e da Vergonha
Superar o sentimento de culpa e de vergonha não significa livrar-se da culpa se realmente algo errado tenha sido feito. Significa sim, pontuar a responsabilidade apropriada de acordo com o que quer que tenha sido feito.

Existem cinco pontos a considerar para a superação da culpa e da vergonha:
- Avaliar a gravidade de suas ações;
- Pesar a responsabilidade pessoal;
- Fazer reparos de quaisquer danos que tenham sido causado;
- Quebrar o silêncio;
- Realizar o auto-perdão.

Freqüentemente, apenas uma ou duas destas etapas são necessárias para ajudar a superar a culpa.
A vergonha profunda pode exigir todas as cinco etapas.

Fonte: Dennis Greenberger, em
"A mente vencendo o humor"

domingo, 1 de março de 2009

Distúrbio de Stress Pós Traumático ou Transtorno do Estresse pós Traumático (TEPT)

O Transtorno de Stress pós Traumático ou TEPT é uma reação do organismo parecida com a Síndrome do Pânico, porém com uma característica importante:

É uma reação a acontecimento inesperado, ameaçador, imprevisível e traumático, por exemplo:

  • Combate, seqüestro, prisão, assalto, estupro, acidente, agressão física ou moral, etc.
  • Um diagnóstico preocupante, um resultado de exame de laboratório que indique doença grave, uma cirurgia difícil, um pós operatório complicado.
  • Uma perda afetiva profunda ou financeira.
  • Incêndio, inundação, terremoto, combate.

Também pode desenvolver quando a pessoa testemunha ou fica sabendo de uma experiência semelhante que ocoreu com outra pessoa de sua família ou de seu relacionamento.

Sintomas do Estresse pós Traumático:

Apresenta em maior ou menor grau vários sintomas da Síndrome do Pânico:

(Taquicardia, sudorese, falta de ar, tremor, fraqueza nas pernas, ondas de frio ou de calor, tontura, sensação de que o ambiente esta estranho, de que vai desmaiar, de que vai ter um infarto, de uma pressão na cabeça, de que vai "ficar louco", de que vai engasgar com alimentos, assim como crises noturnas de acordar sobressaltado com o coração disparando e com sudorese intensa, diarréias, sintomas de uma Labirintite, pensamentos que não saem da cabeça de que poderiam ter doenças graves mesmo que todos os exames sejam normais ou de que poderiam fazer mal a si mesmo ou a outras pessoas).

mais:

  • Pesadelos e terrores noturnos relacionados com o evento traumático.

  • Flash Backs (a pessoa tem a sensação de estar vendo ou vivenciando a mesma situação, como uma cena de filme).
  • Com o passar do tempo, o paciente de Stress pós Traumático ou TEPT desenvolve um estado depressivo crônico com apatia, irritabilidade, desinteresse, diminuição de memória e culpa.
  • Algo que lembra a situação desencadeante pode causar ataques de ansiedade.
  • A pessoa passa a evitar situações que possam lembrar o evento que provocou o Stress pós Traumático.
  • Diminuição de rendimento escolar e profissional
  • Isolamento social.
  • Desesperança com relação a planos de vida de antes do evento traumático.

Tratamento do Stress pós Traumático ou TEPT :

  • Medicação, que alivia a maioria dos sintomas em poucos dias.
  • Conversar com um terapeuta experiente.
  • EMDR (Desensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares)
  • Massagem de relaxamento, Yoga e Meditação.

A maioria das pessoas melhora rapidamente com medicação e uma breve terapia.

 

Dr. Rubens Pitliuk, Médico Psiquiatra em São Paulo

Desenvolvimento de fobias

Após ter tido muitas crises, a pessoa pode não sentir mais os sintomas físicos, mas continua com medos que ela mesma percebe que não são lógicos, como por exemplo de dirigir (principalmente em congestionamentos, túneis ou estradas), de pegar ônibus, metrô, avião, de participar de reuniões, de viajar, de ficar sozinha ou de sair sozinha de casa, ou medo de escuridão, de ficar em lugares com muita gente como Shopping, cinema, restaurantes, filas, elevadores, ou então de lugares muito abertos e vazios. Às vezes aparece até mesmo medo de dormir, quando a pessoa teve crises noturnas, ou de se alimentar, quando teve sensações de engasgar.

   Causas:

  • Psicológicas (são as mais comuns): reação a um Stress ou a uma situação difícil cuja solução é igualmente difícil. Essa situação difícil pode ser profissional, afetiva, financeira, de saúde, etc.
  • Físicas: alterações no organismo provocadas, por medicamentos, doenças físicas, por abuso de álcool em drogas.
  • Genética familiar de Pânico, Depressão, DOC, TAG, PTSDDDA, etc. Atenção: predisposição genética não quer dizer hereditariedade. Ou seja, Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico não passa de pai para filho, não se preocupe.

O mais comum é uma combinação de várias causas.

Sofrer de Pânico não tem nada a ver com personalidade forte ou fraca, com a pessoa ser ou não corajosa.

    O tratamento da Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico envolve:

  • Acabar com os sintomas físicos, que costumam passar rapidamente com medicamentos.
  • Tratar a Ansiedade Antecipatória, as Fobias e o comportamento de evitação. Nesta fase, o tratamento mais eficaz é a combinação de medicação com Psicoterapia, principalmente a Cognitivo Comportamental.

   Para a família:

  • Geralmente a família sofre porque não consegue ajudar e sobrecarrega o paciente porque vê a pessoa passar por cardiologistas, clínicos, neurologistas, gastroenterologistas, otorrinolaringologistas, etc., fazer exames, tomar calmantes, estimulantes e vitaminas sem melhora. Então começa a dizer que é fita, "frescura", falta de força de vontade, de coragem, e começa a dar palpites para você "se ajudar" "se animar" "reagir" e etc., como se você não soubesse de tudo isso.

   Observações

  • Existem alguns casos em que o primeiro remédio não produz resultado. Isso não quer dizer caso grave e nem incurável. Na maioria das vezes basta trocar a medicação.
  • Mesmo que você já esteja se sentindo bem, não interrompa a medicação. Interromper a medicação antes da hora significa quase sempre uma recaída.
  • A Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico é benigna e curável, quase todos os sintomas desaparecem nas primeira horas de tratamento, porem ela é muito "teimosa" e o tratamento de manutenção é longo. Evidentemente que sem sintomas, mas com a manutenção da medicação.
  • A Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico pode reaparecer sim, mesmo que os problemas tenham acabado.
  • Durante o Transtorno do Pânico ou Síndrome do Pânico, a pessoa pode passar por fases de depressão. Isso não quer dizer que você sofra de duas doenças.
  • Algumas pessoas com Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico tem receio de fazer ginástica. Pelo contrário, um bom condicionamento físico é sempre importante, ainda mais para quem está sujeito a ter crises de taquicardia. Além disso, ginástica libera Endorfinas, que são nossos Antidepressivos naturais e aumentam nosso bem estar.
  • Yoga, meditação, massagem de relaxamento: sempre ajudam e muito, principalmente as duas primeiras.
  • Diminuir álcool e cafeína (café, chá preto, chá mate, refrigerantes) sempre ajuda.

 

  • Dr. Rubens Pitliuk, Médico Psiquiatra em São Paulo

Sintomas da Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico

Os sintomas físicos mais comuns são taquicardia, sudorese, sensação de falta de ar (não se preocupe, pois ninguém nunca morreu sufocado por causa de Pânico), tremor, fraqueza nas pernas, ondas de frio ou de calor, tontura, sensação de que o ambiente está estranho, que a pessoa "não está lá" (isso se chama desrealização e não tem nada a ver com loucura, não se preocupe), de que vai desmaiar, de que vai ter um infarto, de uma pressão na cabeça, de que vai "ficar louco", de que vai engasgar com alimentos, assim como crises noturnas de acordar sobressaltado com o coração disparando e com sudorese intensa.

Alguns pacientes referem diarréias intensas em determinadas situações. Outros tem todos os sintomas de uma Labirintite. Outros passam a ter pensamentos que não saem da cabeça de que poderiam ter doenças graves mesmo que todos os exames sejam normais, ou de que poderiam fazer mal a si mesmo ou a outras pessoas.

Podem ocorrer pensamentos que a pessoa sabe que não fazem sentido, mas não consegue tirar da cabeça, por exemplo se atirar de uma janela, machucar alguém ou ela mesma com uma faca. Tecnicamente falando, pensamentos obsessivos, fazem do quadro clínico e desaparecem com o tratamento do pânico.

Um medo muito comum é o de "voltar a sentir medo". Muitas vezes o simples pensamento de entrar num avião ou passar ao lado de um abismo já desencadeiam a crise. Algumas pessoas vão a um cinema, teatro ou restaurante e procuram sentar-se perto da saída, outras não trancam a porta quando vão ao banheiro, sempre para sair facilmente caso venham a passar mal.

É comum a pessoa ter passado por cardiologistas, clínicos, hospitais, laboratórios, etc., com todos os exames normais, a não ser, com certa freqüência, um Prolapso de Válvula Mitral, que os cardiologistas não consideram patológico.

Muitas vezes as primeiras crises aparecem subitamente em situações normais e habituais.

É claro que a maioria das pessoas não tem todos os sintomas acima.

Uma forma mais específica da Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico se chama Fobia Social e se caracteriza por crises de ansiedade em situações como por exemplo reuniões, apresentações, discussões com superiores, assinar algum documento, cheques ou mesmo levantar uma xícara de café em público.

Algumas vezes os sintomas aparecem após uma experiência traumática na qual a pessoa se sentiu indefesa ou humilhada ou sem possibilidade de reação, por exemplo assalto, seqüestro, acidentes. Essa forma mais específica de distúrbio de ansiedade se chama Distúrbio de Stress Pós Traumático.

 

Dr. Rubens Pitliuk, Médico Psiquiatra em São Paulo

Síndrome do Pânico ou Transtorno do Pânico.

Síndrome do Pânico não é uma doença do cérebro causada por algum "defeito da Serotonina". Quase ninguém precisa de medicação "para o resto da vida". Transtorno do Pânico cura sim, porque ele quase sempre é uma reação do seu organismo a uma situação estressante cuja saída envolve decisões importantes, perdas afetivas, financeiras, mudanças de estilo de vida, etc. Por isso, recomenda-se algumas medidas além da medicação. Entre elas uma forma de psicoterapia, ou Yoga ou Meditação, dependendo do caso.

As pessoas tratam com Frontal, Rivotril, Lexotan, Anafranil, Prozac, Aropax, etc., são dezenas de remédios diferentes. Se um remédio é melhor que o outro, depende de cada paciente. Existem muitos ótimos remédios, mas isso não quer dizer que são ótimos para todas as pessoas que tomam.

Vejamos o exemplo de um caso:

- Olá Doutor, parabéns pelo site tão explicativo. Doutor me trato há 1 ano com psicoterapia e minha psicóloga é contra eu tomar remédio, mas a coisa chegou a tal ponto que já não suporto mais essas crises, então resolvi procurar um psiquiatra, e já fazem dois dias que estou tomando remédios, um deles é o Paroxetina e estou me sentindo melhor. O que a minha psicóloga alega é que minha Síndrome do Pânico é emocional e não um problema nos neurotransmissores. gostaria de saber e existe essa diferença e se existir quer dizer que enquanto não me curar emocionalmente não vou sarar? mesmo tomando remédios?

R: O fato de ter origem psicológica ou emocional ou em fatores externos não quer dizer que você não deva tomar remédios. Se fosse assim ninguém tratava infarto, gastrite, úlcera, pressão alta e muitas outras doenças na mesma situação. É triste ver que ainda existem psicólogas com essas idéias atrasadas. Ainda mais porque quando você não tiver mais os sintomas do Pânico aí sim é que vai ter cabeça fria para analisar o que pode e deve ser mudado na sua vida para que o Pânico não volte mais.

Dr. Rubens Pitliuk, Médico Psiquiatra em São Paulo