sábado, 15 de novembro de 2008

Mulheres que Amam Demais

Em um tempo onde o desamor deflagra guerras, exclusões e solidão; onde muitas vezes é fato gerador de conflitos, traumas e violência e onde é preocupante e necessário o trabalho de profissionais, educadores e famílias no sentido de motivar valores, dentre eles AMOR; como pré-condição de respeito, crescimento e humanização, me vejo agora falando de um grupo, que tive o prazer de conhecer - Grupo Mada (Mulheres que amam demais anônimas).
E incluem-se aí mulheres que amam demais os filhos, a família, o parceiro sentimento no qual chamamos de dependência de pessoas. Mulheres que ultrapassam os próprios limites por amor, por excesso de amor; e que por ultrapassarem, por se excederem, perdem a noção do comportamento que desenvolvem na relação, elas retificam-se, redimem-se, mas reincidem nestes comportamentos. E este círculo vicioso acaba levando-as a comportamentos auto-destrutivos e a sintomas de doenças.

chor

O ser humano necessita de uma identidade, onde o mais importante não é o que "ele é", mas "quem ele é". Ele precisa saber o que sente, porque sofre, o que lhe faz bem, o que é melhor para ele. A partir daí, sendo consciente de suas potencialidades e fraquezas, se comunica melhor com o outro. Porque é o "outro" da relação que lhe confere a identidade. Nesta comunicação mais verdadeira e inteira, está a possibilidade do amor, que é a disponibilidade de um em relação ao outro, cada envolvido abrindo mão do próprio egoísmo. Mas isso talvez fosse o ideal e muitas vezes é difícil até se aproximar do ideal.
Quase todos procuram realizar o que seria ideal, mas muitos sentem dúvidas e é inevitável que as coisas aconteçam freqüentemente de modo diferente do que esperavam. A partir daí surgem perguntas como:
Será que ele vai demorar? Ele pode gostar de mulheres mais bonitas?Ele não gosta mais de mim? Por que prefere tudo e todos a ficar comigo?
São freqüentes questionamentos a que estão submetidas as "madas" pelo mundo afora, e olhe que elas são muitas e em crescimento. A estes questionamentos somam-se sentimentos de ciúmes, dor, medo, aflição, frustração.
De certa forma incapazes de demonstrar suas emoções de outra maneira, as "madas" desenvolvem comportamentos e atitudes de perseguições constantes, vigilância, superproteção e até agressividade. Isto mesmo. Feridas até a alma no seu amor, agridem o objeto deste amor.
É complexo, mas é rotineiro. Muito positivo o esclarecimento que irá refletir em busca de soluções para milhares de pessoas. Melhor ainda quando tantas mulheres, sufocadas pelo próprio sentimento, se percebem em outras, com histórias semelhantes, com medos e dores, mas também esperanças. É esta esperança que as motiva a buscar o grupo, a persistir no grupo e a trazer novas pessoas. Fortalecendo o crescimento pessoal.
Como participante em reuniões de AA. NA. e MADA, pude constatar a importância da freqüência ao grupos de apoio para dinamização da partilha, do encontro, do reconhecimento, da coragem e da cura.
Deixar de lado a maneira como colocam a própria felicidade na mão do outro, modificar padrões, assumir que até então eram fracas diante da relação, acreditar que podem fazer juntas o que não conseguiram sozinhas são fatores de motivação para freqüência aos grupos.
Como psicanalista, acho muito importante o grupo Mada, uma vez que são constantes em consultório, queixas de mulheres que sufocadas pelo amor que dizem sentir, se anulam vivem pelo "outro" e não "com o outro", impedem os filhos de crescerem, não estabelecem metas nem objetivos pessoais, não realizam atividades sem a presença do parceiro, diminuem o convívio sócio-familiar, sentem ciúmes exagerados e medo constante de perder seu objeto de amor. Não crescem, pelo menos não como poderiam, afetiva nem profissionalmente. E depois de tanta dedicação, ao menor indício de falha ou falência do relacionamento estabelecido, se anulam mais, ficam deprimidas, inseguras e sentem–se injustiçads . Nutrem sentimentos de amor e ódio. Por terem doado tanto, queriam muito também. Precisam da segurança e da fidelidade como do ar que respiram.
Precisam do amor. Mas do dar e do receber! Entre os extremos do desamor e do excesso do amor existe o equilíbrio. Tem-se como buscá-lo. É possível encontrá-lo. Existem caminhos!
Que estas mulheres continuem anônimas e respeitadas nas suas profissões, seus endereços, nomes e parentescos. Mas que suas dores se revelem, para que deixem de doer!

 

Bibliografia sugerida:- Mulheres que Amam Demais- Mulheres vencedoras - De Mariazinha a Maria- Mulheres boas vão para o céu, as más vão para a luta- Adeus Bela Adormecida.- Mentiras que os homens contam.

[Vânia Fortuna - Psicanalista]

5 comentários:

  1. Este artigo trouxe a luz que faltava à minha vida. Hoje tive mais uma crise com a pessoa que amo. Descobri que tenho muito medo de perdê-la e que esse amor está sufocando ela e a mim também. Chorei, sofri e cheguei à conclusão que estou exigindo demais. Não posso amar esperando que ela me dê o mesmo em troca. Preciso aprender a amar com desapego. Ninguém ama com a mesma intensidade, apesar de amar.
    Descobri que estava até agora me dedicando exclusivamente a esta pessoa, sem pensar no meu trabalho, na minha vida particular e até em mim mesma. Faz praticamente 3 meses que sinto essa ligação com ela e venho esperando demais dela, exigindo demais. Sei que isso não é certo e por amor a ela, para não perdê-la, decidi mudar. Não mudar minha essência, mas minhas atitudes e colocar um ponto final nessa minha insegurança, no ciúme, na impotência e frustração.
    Eu a amo e muito! E sei que, se ela decidir ficar comigo, a farei a mulher mais feliz do mundo!! Vou esperar meu amor!!Por ela, vale a pena!!

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  4. ...acho que ou uma dessas pessoas tb, nunca tiha parado pra pensar sobre o assunto, mas eu amo em execesso, e pior esse meu amor não é destinado a um "objeto", eu sinto uma necessidade absurda de amar incontrolavelmente alguém, e qnd destino esse amor quero TUDO dessa pessoa, qro seu tempo seu olhar sua VIDA só pra mim, e faço minha existência completamente dependente desse amor, isso não me faz bem nenhum, pq como foi dito, nenhum amor é igual, ngm pode me dedicar o mesmo amor que sinto...é por esse amor que hj to em crise depresiva, ele não me ama como eu espero, ou não demostra como eu preciso, e isso de doiiii demaisss

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  5. Clara, gostei muito do artigo e fiquei confusa em descobrir que me sinto assim tb.Amo muito um homem e ele diz que me ama, mas tem namorada.Ele é carinhoso e atencioso comigo,mas como ele pode me amar e amar a outra tb??Estou pensando em terminar essa relação com ele, já que ele não se decide.Se ele me ama mesmo,acredito que vai atrás de mim.
    bjim Clara e continue com esses assuntos que são elucidativos.

    Raquel

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