sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Depressão na Adolescência

A depressão em jovens, além dos prejuízos pessoais, acarreta sofrimento de toda a família. Às vezes pode até levar ao suicídio.

Durante muitos anos acreditou-se que os adolescentes, assim como as crianças, não eram afetadas pela Depressão, já que, supostamente, esse grupo etário não tinha problemas vivenciais. Como se acreditava que a Depressão era exclusivamente uma resposta emocional à problemática existencial, então quem não tinha problemas não deveria ter Depressão.

Atualmente sabemos que os adolescentes são tão susceptíveis à Depressão quanto os adultos, mostrando assim que esse transtorno deve ser encarado seriamente em todas as faixas etárias. A Depressão pode interferir de maneira significativa na vida diária, nas relações sociais e no bem-estar geral do adolescente, podendo até levar ao suicídio. Quase todas as pessoas, sejam jovens ou idosas, experimentam sentimentos temporários de tristeza em algum momento de suas vidas.

Estes sentimentos fazem parte da vida e tendem a desaparecer sem tratamento. Isso não é Depressão isso é tristesa. Quando falamos de "Depressão", estamos falando de uma doença com sintomas específicos, com duração e gravidade suficiente para comprometer seriamente a capacidade de uma pessoa levar uma vida normal.

Não devemos, nem por brincadeira, julgar as pessoas deprimidas como se elas estivessem ficando loucas, nem tampouco devemos achar que há motivos para o deprimido se envergonhar.

A Depressão é uma doença como tantas outras da medicina, sem motivos para vergonha e com real necessidade de tratamento, assim como a medicina faz com a asma, gastrite, hipertensão, etc. Essa doença afeta pessoas de todas as idades, de todas as nacionalidades, em todas as fases da vida. Estima-se que cerca de 5% da população mundial sofra de Depressão (incidência) e que cerca de 10% a 25% das pessoas possam apresentar um episódio depressivo em algum momento de sua vida (prevalência).

Entre aqueles que já sofreram um Episódio Depressivo, há maior probabilidade de terem mais outros episódios depressivos ao longo de suas vidas, embora esta probabilidade varie muito de pessoa para pessoa.

Esse assunto é também tratado aqui, na secção de Adolescência, porque muitas pessoas apresentam uma primeira crise de Depressão durante a adolescência, apesar de nem sempre essa crise ser reconhecida. Segundo os especialistas, a Depressãocomumente aparece pela primeira vez em pessoas com idade entre 15 e 19 anos.

Há muitas tentativas de se definir adolescência, embora nem todas as sociedades possuam este conceito. Cada cultura possui um conceito de adolescência, baseando-se sempre nas diferentes idades para definir este período. No Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente define esta fase como característica dos 13 aos 18 anos de idade.

A puberdade tem um aspecto biológico e universal, caracterizada que é pelas modificações visíveis, como por exemplo, o crescimento de pêlos pubianos, auxiliares ou torácicos, o aumento da massa corporal, desenvolvimento das mamas, evolução do pênis, menstruação, etc. Estas mudanças físicas costumam caracterizar a puberdade, que neste caso seria um ato biológico ou da natureza.

De fato, observou-se nas duas últimas décadas um aumento muito grande do número de casos de Depressão com início na adolescência e na infância. Algumas pesquisas também mostram que cerca de 20% dos estudantes do 2º grau sentem-se profundamente infelizes ou têm algum tipo de problema emocional. Talvez seja porque o mundo moderno esteja se tornando cada vez mais complexo, competitivo, exigente, e muitos adolescentes têm dificuldades para lidar com as necessidades de adaptação que se deparam diariamente.

De modo geral os adolescentes se deparam com várias situações novas e pressões sociais, favorecendo condições próprias para que apresentem flutuações do humor e mudanças expressivas no comportamento. Alguns, entretanto, mais sensíveis e sentimentais, podem desenvolver quadros francamente depressivos com notáveis sintomas de descontentamento, confusão, solidão, incompreensão e atitudes de rebeldia. Esse quadro pode indicar Depressão, ainda que os sentimentos de tristeza não sejam os mais evidentes.

Os traços afetivos da personalidade talvez sejam as condições capazes de explicar a razão pela qual alguns adolescentes se tornam deprimidos enquanto outros não. Como ocorre com qualquer outra doença, algumas pessoas são mais suscetíveis que outras, além disso. Embora as tensões da vida cotidiana do adolescente sejam importantes fatores para o aparecimento da Depressão muitos jovens passam por acontecimentos desagradáveis sem desenvolver Depressão. A tristeza, comum nos momentos de reflexão da adolescência, é uma experiência normal que geralmente não progride paraDepressão se a pessoa não tiver outros requisitos emocionais propícios ao desenvolvimento do transtorno afetivo.

Conflitos da Adolescência

Hoje em dia é comum pais se orgulharem ao ver seu filhinho/a lidando perfeitamente bem com o computador, com o vídeo cassete, com aparelho de DVD e outras parafernálias da tecnologia, muitas vezes quando eles próprios não sabem fazê-lo ou fazê-lo tão bem.

Essa admiração pela versatilidade tecnológica das crianças é, às vezes, acompanhada de hipóteses familiares (notadamente de avós orgulhosos) sobre "as crianças de hoje serem mais inteligentes e espertas que antes". Na realidade, o que tem acontecido é que as crianças de hoje deixam de ser subordinadas na medida em que detém mais saber ou experiência, deixam de submeter-se à supervisão dos mais velhos, como foi durante muitas eras.

O conflito surge quando a criança se percebe frente a posições contraditórias. Ela é, ao mesmo tempo, aquela que não sabe por não ser adulta ainda, portanto, tendo que obedecer ao protocolo cultural de freqüentar a escola, cursos cada vez mais sofisticados e esportes que deixaram há muito o aspecto apenas lúdico e, por outro lado, ela já não pode portar-se puerilmente. Não pode ser criança por saber mais que os próprios pais a lidar, portanto por ter responsabilidades, com os apetrechos da vida moderna tecnológica.

Assim sendo, os adolescentes se encontram imersos num mundo de ambigüidades e contradições. Entre as pulsões para "abraçar o mundo", passando por cima de tudo e de todos, e momentos de Depressão e frustração, o adolescente se ressente da falta de liberdade e autonomia dos adultos e, ao mesmo tempo, não pode usufruir da irresponsabilidade da infância.

Durante a puberdade, geralmente, a fase inicial das mudanças no aspecto físico é contrária aos modelos de estética ideais. A garota gostaria de já se ver com seios fartos, ancas roliças, etc., e o menino desejaria ter a musculatura desejável, barba, etc. Essa distonia entre o corpo e a aspiração pode desencadear sérias dificuldades de adaptação, uma baixa auto-estima, uma falta de aceitação pessoal, resultando em problemas depressivos, anoréxicos, obsessivo-compulsivos.

As novas relações sociais do adolescente, notadamente com os pais e com o grupo de iguais também podem ser e forte fonte de ansiedade, confusão e sentir que ninguém o entende. Paralelamente, sobrevém a angústia de estar só e de ser incapaz de decidir corretamente seu futuro.

Os conflitos tendem a agravar-se muitíssimo mais se este jovem estiver inserido numa família que também está em crise, seja por separação dos pais, por violência doméstica, alcoolismo de um dos pais, sérias dificuldades econômicas, doença física ou morte. 

Sintomas

O adolescente possui tendência natural para comunicar-se através da ação, em detrimento da palavra. Por isso, na busca de uma solução para seus conflitos, os jovens podem recorrer às drogas, ao álcool ou à sexualidade precoce ou promíscua. Tudo isso na tentativa de aliviar a angústia ou reencontrar a harmonia perdida. Angustiados e confusos, podem adotar comportamentos agressivos e destrutivos contra a sociedade. Por isso tem sido comum observarmos o adolescente manifestar sua Depressão através de uma série de atos anti-sociais, distúrbios de conduta, e comportamentos hostis e agressivos.

Entre adolescentes a Depressão também pode ser "mascarada" por problemas físicos e queixas somáticas que parecem não ter relação com as emoções. Estes problemas podem incluir alterações de apetite ou distúrbios de alimentação, tais como anorexia nervosa ou bulimia. Alguns adolescentes deprimidos podem se sentir extremamente cansados e sonolentos o tempo todo, e exaustos mesmo depois de terem dormido por várias horas.

Embora a Depressão Atípica seja a norma entre crianças e adolescentes, a Depressãofranca ou típica também pode ser comum. O jovem deprimido confia pouco em si mesmo, tem auto-estima baixa, experimenta alterações no apetite e no sono, se auto-acusa e tem lentidão dos pensamentos. A baixa auto-estima faz com que veja a si mesmo como sem valor, feio, desinteressante e cheio de falhas pessoais (veja Sofrimento Moral). Estes sentimentos angustiantes e depressivos levam, invariavelmente, a prejuízo na saúde, na escola, no relacionamento familiar e social.

Durante um Episódio Depressivo o jovem costuma sentir-se inquieto ou irritado, isolar-se de amigos ou familiares, ter dificuldade de se concentrar nas tarefas, perder o interesse ou o prazer em atividades que antes gostava de realizar, sentir-se desesperançado e ter sentimentos de culpa e perda do prazer em viver. Pode também ter alterações do sono, por exemplo, ir dormir mais tarde do que costumava fazer, acordar cedo demais, ter sonolência durante o dia; e do apetite, que o leva a ganhar ou perder peso.

Muitas vezes, o adolescente deprimido pode tentar suicídio. Faz isso de forma franca ou velada. De forma velada age de maneira inconsciente, envolvendo-se em atitudes completamente imprudentes, acidentes automobilísticos, uso progressivo de drogas e álcool, ingestão de comprimidos perigosos, uso de armas de fogo, etc.

O Risco de Suicídio

Atualmente, a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos de idade é o suicídio. A primeira causa são os acidentes, principalmente com automóveis. O índice de suicídio entre pessoas jovens triplicou nos últimos 30 anos (Referência).

Quando uma pessoa fala a respeito de cometer suicídio, ao contrário do que pensam muitos, a coisa mais importante a fazer é levá-la a sério. As pessoas que falam em suicídio podem estar, de fato, pensando em praticá-lo e, sendo jovens ou não, a maioria dos que tentam o suicídio sempre dão uma espécie de "aviso" sobre suas intenções.

Os principais sinais de advertência para o risco de transtorno do humor que, eventualmente, pode resultar em suicídio são:

1. Mudanças acentuadas na personalidade

2. Mudanças acentuadas na aparência,

3. Alterações nos padrões de sono

4. Alterações nos hábitos alimentares

5. Prejuízo no rendimento escolar.

6. Falar sobre morte ou suicídio

7. Provocar ferimentos em si próprio

8. Pânico ou ansiedade crônicos

9. Distribuir objetos pessoais

Entre adolescentes com alto risco de suicídio, muitos tomam a trágica decisão após uma situação de grande tensão, como por exemplo o rompimento de um relacionamento, um fracasso escolar ou profissional ou uma briga importante com os pais. A incidência de êxito entre adolescentes que realmente tentam por fim à própria vida é maior entre o sexo masculino do que entre o sexo feminino.

Grosso modo, podemos dividir os adolescentes vulneráveis ao suicídio em três grupos: 

1. Adolescentes com sintomas clássicos de Depressão, tais como tristeza e desesperança.

2. Perfeccionistas que estabelecem para si mesmos padrões muito alto de desempenho.

3. Garotos que expressam sua Depressão com comportamentos agressivos ou atitudes de se expor a situações de risco, uso de drogas e confrontos com autoridades. 

A Depressão neste grupo pode ser particularmente difícil de detectar, uma vez que estes jovens tendem a negar quaisquer sentimentos de Depressão. Esta é uma situação particularmente perigosa porque este é o tipo de adolescente que mais provavelmente será bem sucedido em sua tentativa de cometer suicídio. 

Quem é mais vulnerável à Depressão?

Algumas pessoas são mais suscetíveis à Depressão que outras, tal como ocorre com qualquer outra doença. Além disso, a Depressão resulta de uma combinação de múltiplos fatores e não de apenas uma causa.

De modo geral, as tensões da vida cotidiana, agravadas pelo panorama existencial próprio da adolescência, são importantes fatores que contribuem para o aparecimento daDepressão nos jovens. O medo do fracasso, a discriminação da faixa etária e a pressão para realizar inúmeras tarefas podem contribuir para o aparecimento da Depressão.

Os fatores genéticos têm importante papel no desenvolvimento de Depressão. A ocorrência de Depressão é muito mais freqüente nas pessoas que têm familiares também com transtornos depressivos. Além disso, atualmente as pesquisas concentram-se principalmente na área bioquímica da Depressão.

Acredita-se fortemente que a Depressão possa ser causada por um desequilíbrio de substâncias químicas cerebrais denominadas neurotransmissores, notadamente três deles; a noradrenalina, dopamina e, principalmente, a serotonina. Além disso, os neuroreceptores também desempenham importante papel no estado depressivo. 

Tratamento

Muitos jovens deprimidos podem se beneficiar de um programa de tratamento adequado. O primeiro passo, evidentemente, é procurar a experiência de um profissional capacitado para diagnóstico, aconselhamento, tratamento e ajuda. Juntamente com o adolescente, os familiares e o médico podem chegar a uma decisão sobre o tipo mais adequado tratamento para o paciente. Para alguns adolescentes, o aconselhamento pode ser a única terapia necessária. Muitas vezes o tratamento medicamentoso é indispensável mas, mesmo com ele, o aconselhamento que envolve o adolescente e sua família é bastante benéfico.

Existem vários antidepressivos eficazes que podem ser utilizados no tratamento daDepressão na adolescência, especialmente nos casos mais graves. As principais classes destes medicamentos são os Antidepressivos Tricíclicos, Inibidores da Monoaminoxidase (IMAOs), os Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) e os Antidepressivos Atípicos.

Ballone GJ, Moura EC - Depressão na Adolescência - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008.

Abuso no Relacionamento Íntimo

O abuso no relacionamento interpessoal íntimo tem efeitos danosos marcantes na qualidade de vida, na saúde física e emocional.

É fato sabido que as relações íntimas, maritais, coabitacionais ou de namoro são, por vezes, pautadas pela presença de algum tipo de disfunção e, não raro, de abuso franco. De fato, em outra página dissemos que “existem relações amorosas claudicantes, onde a pessoa que ama não deseja apenas o outro, mas deseja também o desejo do outro, o sentimento do outro e tudo o que possa estar ocorrendo na intimidade psíquica do outro. Diante da impossibilidade de nos apossarmos do sentimento alheio, a pessoa que ama sofre, pois o outro pode não estar sentindo aquilo que se deseja que sinta, pode não estar pensando justamente aquilo que se deseja que pense.

Na medida em que as pretensões de controle sobre os sentimentos da pessoa amada não são contidas, não são ponderadamente refreadas, surge uma imperiosa inclinação para a posse, para o domínio da pessoa amada.” (veja o texto Complicações do Amor).

O abuso no relacionamento interpessoal íntimo tem efeitos danosos marcantes na qualidade de vida, na saúde física e emocional. Tem sido freqüente o comportamento abusivo no relacionamento íntimo, com prevalência variada em diversos países e através de alguns tipos de abuso, como por exemplo, abusos físico, sexual e psicológico.

Entre os estudos e reflexões sobre o comportamento abusivo na vida íntima e/ou conjugal existe a teoria da vinculação afetiva na infância, enfatizando o impacto da qualidade das relações familiares e o impacto de eventuais abusos sofridos durante a infância, os quais, por sua vez, interfeririam na qualidade do relacionamento com o companheiro na idade adulta.

Incidência acima do que se suspeita
A incidência desse tipo de comportamento abusivo se comprova alta, acima do que se suspeita, e é mais comum no início da idade adulta (Bachman, 1995), sendo o grupo que mais apresenta comportamento violento dos 19 aos 29 anos de idade.

Incidência de comportamento abusivo no relacionamento íntimo é um dado difícil de se pesquisar, notadamento porque existe uma tendência a ocultar esse tipo de comportamento dos demais. Na maioria das vezes o relacionamento não se desfaz porque o companheiro(a) não abusivo(a) insiste em acreditar que, de uma hora para outra, mediante amor, carinho, complacência e tolerância, haverá uma grande mudança na personalidade do outro, que passará a ser a pessoa ideal.

Os aspectos sobre prevalência desses casos são baseados no trabalho de Carla Paiva eBárbara Figueiredo, do Departamento de Psicologia da Universidade do Minho, publicado na revista Psicologia, Saúde & Doenças (2003). Afirmam que em 1981, pela primeira vez foi referido que 21% dos estudantes pré-universitários vivenciaram um ou mais atos de agressão física em suas relações com o(a) companheiro(a). (Makepeace). Estima-se que 4 milhões de mulheres norte-americanas são vítimas de algum tipo de agressão séria por parte do companheiro por ano, destas, cerca de 1 milhão são vítimas de violência física não fatal (Rush, 2000).

Segundo Carla Paiva e Bárbara Figueiredo, no ano de 1996 as estatísticas oficiais norte-americanas mostraram que 1,5 milhões de mulheres e 834.700 homens sofreram abuso físico ou sexual por parte do(a) companheiro(a). Em 1998, cerca de 1.830 homicídios foram atribuídos ao companheiro, sendo que 3/4 das vítimas são mulheres (Rennison, 2000). Entre os anos de 1993 e 1998, cerca de 2/3 das vítimas de abuso pelo companheiro referem seqüelas físicas, enquanto que 1/3 reporta apenas ameaças ou tentativas de violência.

Outro fato bastante conhecido das pesquisas e das entidades que prestam assistência à esse tipo de problema, é que a maioria das vítimas de abuso pelo(a) companheiro(a) não procura assistência policial, jurídica ou médica.

Abuso físico; comum em muitos países.
O uso de ameaça, força física ou restrição imposta a outro no sentido de coagir, obrigar, castigar, causar dor ou injúria é um abuso físico. Esse abuso físico tem sido pesquisado entre as pessoas com relacionamento íntimo e, segundo ainda Carla Paiva e Bárbara Figueiredo, autores norte-americanos (Sugarman, 1989) constataram que cerca de 33 a 36% de estudantes de ambos os sexos e com relacionamento íntimo já foram vítimas de abuso físico.

A incidência entre os estudantes tem sido quase a mesma da população geral, pois outros autores (Stets, 1991), em amostra representando a população geral norte-americana de pessoas não casadas e com idades entre os 18 e os 30 anos, verificaram que 30% das pessoas referia ter sido vítima de agressão física, nos 12 meses que antecederam a pesquisa.

Insistimos, de novo, que há possibilidade desses números não refletirem a dimensão real do problema, principalmente quando as pesquisas não são têm a natureza totalmente anônima do entrevistado. É bastante conhecido por pesquisadores e por entidades que prestam assistência à esse tipo de problema, que a maioria das vítimas de abuso pelo(a) companheiro(a) não procura assistência policial, jurídica ou médica.

Ao contrário do que se acredita, abusar fisicamente não é monopólio do sexo masculino. Em 2002, de acordo com o trabalho de Carla Paiva e Bárbara Figueiredo, citandoStraus, Aldrighi, Borochowitz, Brownridge, Chan, Figueiredo, et al., considerando uma amostra de 3.086 estudantes universitários de ambos os sexos oriundos de 14 países, constatou-se que 28,2% dessas pessoas relatou ter perpetrado algum tipo de abuso físico sobre o(a) companheiro(a), sendo 27,7% do sexo masculino e 28,7% do sexo feminino. Ainda nessa amostra, em 9,7% dos casos se verificam formas mais severas de abuso físico.

Entre os países pesquisados, no México é onde se encontraram os maiores valores de abuso físico no relacionamento íntimo, chegando a acometer 51% dos entrevistados, sendo mais freqüente também suas formas mais severas (15,9%). A menor a prevalência de abuso físico perpetrado sobre o companheiro foi registrado no Canadá, tanto para o abuso físico total (16,1%), como para as formas mais severas deste tipo de abuso (5,8%).

Quando as vítimas são homens, normalmente a violência física não é praticada diretamente, tendo em vista a habitual maior força física dos homens. Havendo intenções agressivas por parte da mulher, esses atos podem ser cometidos por terceiros, como por exemplo, parentes da mulher ou profissionais contratados para isso. Outra modalidade são as agressões que tomam o homem de surpresa, como por exemplo, durante o sono.

Abuso sexual
O abuso sexual é qualquer conduta sexual com uma criança levada a cabo por um adulto ou por outra criança mais velha. Isto também pode significar, além da penetração vaginal ou anal na criança, tocar seus genitais ou fazer com que a criança toque os genitais do adulto ou de outra criança mais velha, ou o contacto oral-genital ou, ainda, roçar os genitais do adulto com a criança.

Às vezes ocorrem outros tipos de abuso sexual que chama menos atenção, como por exemplo, mostrar os genitais de um adulto a um criança, incitar a criança a ver revistas ou filmes pornográficos, ou utilizar a criança para elaborar material pornográfico ou obsceno.

Entre adultos, o abuso sexual é habitualmente definido como “uma interação sexual conseguida contra a vontade do outro, através do uso da ameaça, força física, persuasão, uso substâncias facilitadoras ou outro recurso a uma posição de autoridade” (veja Abuso Infantil).

Segundo ainda Carla Paiva e Bárbara Figueiredo, em torno de 28% das mulheres refere ter sido violada (com penetração completa) por um namorado, “ficante” ou pessoa conhecida. Quando se considera abuso sexual a partir de tentativa de violação, a proporção de sobe para 39% (Koss, 1988).

Entre estudantes universitários pesquisados, cerca de 15,7% das mulheres e 4,4% dos homens relatam abuso sexual pelo companheiro. Esse estudo de Straus (2002), mostra ainda que 24,7% das pessoas (3086) de 14 países coagiram sexualmente a(o) companheira(o), sendo 39,9% do sexo masculino e 18,6% do sexo feminino. No Brasil, infelizmente, essas taxas de coerção sexual sobre o companheiro são mais elevadas (41,6%) e no Canadá são as menores (5,9%).

Mas, seja qual for o número de abusos sexuais em crianças mostrado nas estatísticas, seja quantos milhares forem, devemos ter em mente que, de fato, esse número pode ser bem maior. A maioria desses casos não é reportada, tendo em vista que as crianças têm medo de dizer a alguém o que se passou com elas.

Abuso psicológico
O abuso psicológico é um padrão de comunicação, verbal ou não, com a intenção de causar sofrimento psicológico em outra pessoa, segundo Straus, citados por Carla Paivae Bárbara Figueiredo. Esses pesquisadores encontram valores elevados de prevalência de abuso psicológico em amostra de 5232 casais norte-americanos. Nesta forma de abuso houve semelhança entre homens (26%) e mulheres (25%).

Muitas vezes o abuso psicológico é a única forma de abuso entre o casal, talvez por se tratar de uma atitude menos detectada como politicamente incorreta. Em amostra de 1152 mulheres com idades entre 18 e 65 anos, observam que 53,6% relatam alguma forma de abuso (físico, sexual ou psicológico) perpetrado pelo companheiro, sendo que 13,6% reportam especificamente abuso psicológico na ausência dos outros tipos de abuso (Coker, 2000).

O abuso psicológico é, às vezes, tão ou mais prejudicial que o abuso físico, e se caracteriza por rejeição, depreciação, discriminação, humilhação, desrespeito e punições exageradas. Não é um abuso perpetrado predominantemente pelos homens, como é o caso do abuso físico. Ele existe em iguais proporções em homens e mulheres. Trata-se de uma agressão que não deixa marcas corporais visíveis, mas emocionalmente causa cicatrizes indeléveis para toda a vida (veja Violência Doméstica).

Um tipo comum de abuso psicológico é a que se dá sob a autoria dos comportamentos histéricos, cujo objetivo é mobilizar emocionalmente o outro para satisfazer a necessidade de atenção, carinho e adulação. A intenção do(a) agressor(a) histérico(a) é mobilizar o outro(a) tendo como chamariz alguma doença, alguma dor, algum problema de saúde, enfim, algum estado que exige atenção, cuidado, compreensão e tolerância.

Outra forma de abuso psicológico é fazer o outro se sentir inferior, dependente, culpado ou omisso é um dos tipos de agressão emocional dissimulada mais terríveis. A mais virulenta atitude com esse objetivo é quando o agressor faz tudo corretamente, impecavelmente certinho, não com o propósito de ensinar, mas para mostrar ao outro o tamanho de sua incompetência.

Stets (1990), citado por Carla Paiva e Bárbara Figueiredo, em uma ampla investigação com a população americana, verifica que 65% dos homens têm comportamentos de abuso verbal ou psicológico com a companheira.

Agressões Psicológicas são aquelas que, independentemente do contacto físico, ferem moralmente. A Agressão Psicológica, como nas agressões em geral, depende do agente agressor e do agente agredido. Quando não há intencionalidade agressiva e o agente agredido se sente agredido, independentemente da vontade do agressor, a situação reflete uma sensibilidade exagerada de quem se sente agredido.

Havendo intencionalidade do agressor, o mal estar emocional produzido por sua atitude independe da eventual sensibilidade aumentada do agente agredido e outras pessoas submetidas aos mesmos estímulos, se sentiriam agredidas também.

A Agressão Psicológica é especialidade do meio familiar, e muito possivelmente, dos demais relacionamentos íntimos, chegando-se ao requinte de agredir intencionalmente com um falso aspecto de estar fazendo o bem ou de não saber que está agredindo. O simples silêncio pode ser uma agressão violentíssima. Isso ocorre quando algum comentário, uma posição ou opinião é avidamente esperado e a pessoa, por sua vez, se fecha num silêncio sepulcral, dando a impressão politicamente correta de que “não fiz nada, estava caladinho em meu canto.... "Dependendo das circunstâncias e do tom como as coisas são ditas, até um simples “acho que você precisa voltar ao seu psiquiatra” é ofensivo ao extremo, assim como um conselho falsamente fraterno, do tipo “não fique nervoso e não se descontrole.

Não é o freqüente, no relacionamento íntimo, a agressão sem intencionalidade de agredir, ou seja, a agressão que é sentida pelo agente agredido, independentemente da vontade do agressor. Normalmente, pelo fato da família ser um grupo onde seus membros têm pleno conhecimento da sensibilidade dos demais, mesmo que a situação de agressão refletisse uma sensibilidade exagerada de quem se sente agredido, o agressor não-intencional deveria ter plena noção das conseqüências de seus atos. Portanto, argumentar que “não sabia que você era tão sensível” é uma justificativa hipócrita.

As atitudes agressivas refletem a necessidade de uma pessoa produzir alguma reação negativa em outra, despertar alguma emoção desagradável. As razões dessa necessidade são variadíssimas e dependem muito da dinâmica própria de cada família. Podem refletir sentimentos de mágoa e frustrações antigas ou atuais, podem refletir a necessidade de solidariedade emocional não correspondida (estou mal logo, todos devem ficar mal), podem representar a necessidade de sentir-se importante na proporção em que é capaz de mobilizar emoções no outro.... enfim, cada caso é um caso.

CAUSAS
De acordo com Armando Correa de Siqueira Neto, nas relações humanas, sobretudo na vida conjugal, observam-se comportamentos variados. Inicialmente, se evidencia o poder do envolvimento e o êxtase exercido pela atração das partes que se conhecem. Escolhemos os nossos pares pelo comportamento aparente. E, aquilo que queremos para nós, depositamos nesse outro. Durante o período de namoro não nos permitimos ver, realmente, quem ele é. Com a chegada da rotina no relacionamento torna-se possível conhecer a pessoa como ela é de verdade. Então, começam a surgir os problemas, haja vista o fato de iniciar-se uma intolerância com relação aos defeitos do outro.

1 - Teoria da Vinculação
Embora as causas do abuso com o companheiro se devam a uma grande diversidade de circunstâncias, merece um destaque muito especial a Teoria da Vinculação. Estudos empíricos sobre a importância da Teoria do Vínculo nos relacionamentos íntimos mostram que crianças traumatizadas, maltratadas, abusadas, abandonadas, ou seja, com prejuízo na formação do Vínculo Afetivo durante a infância apresentam, com freqüência, modelos inseguros de representação da realidade na idade adulta, com conseqüentes dificuldades no relacionamento íntimo. No futuro essas pessoas são, com mais freqüência, vítimas ou perpetradores de maus tratos nas relações interpessoais com as pessoas significativas. Além disso, através dessa Teoria do Vínculo, a pessoa vítima de maus tratos durante a infância constrói padrões inseguros de vinculação no relacionamento íntimo na idade adulta.

O Vínculo Afetivo descrito por Brazelton (1988) tem início na gestação e continua através das interações que vão ocorrendo posteriormente. Bee (1997) relata que o contato imediato após o parto parece aprofundar a capacidade de a mãe (e talvez também do pai) responder em relação ao bebê. Alguns psicólogos acreditam que a capacidade de formação de vínculo social é resultado da maturação e que deve ocorrer algum relacionamento logo no início da vida da criança se quiser que esta seja capaz de, mais tarde, formar vínculos significativos.

Estudos de Bowlby (1990) e Hoffman, Paris e Hall (1996) sobre o vínculo entre mãe e filho ressaltam a importância desta dinâmica afetiva. Eles descrevem que essa ligação faz parte de um sistema comportamental cuja serventia esta ligada à preservação da espécie. Tal relação se deve ao fato de os bebês serem indefesos e incapazes de sobreviver sozinhos, então o apego entre o bebê e o seu cuidador viabiliza uma garantia de preservação.

Muitos obstáculos nas relações humanas estão ligados a esta precariedade do Vínculo Afetivo. O casal não consegue perceber este tipo de deficiência em seu relacionamento. Focaliza os problemas em outras questões, ou ainda, prefere nem tocar no assunto. Há casos em que ignora a possibilidade de lançar mão de uma psicoterapia. E, existem situações em que a resistência impera. Fato comum é dizer que não se precisa de tratamento algum, pois que as dificuldades são de outra ordem. Todavia, perde-se a chance de resolver na causa os efeitos de uma convivência difícil.

A Teoria do Vinculo Afetivo ou da vinculação foca-se na emergência e desenvolvimento dos “modelos” adquiridos durante o desenvolvimento infantil e no papel que tais modelos desempenham nas relações interpessoais futuras, ao longo do ciclo de vida. Acredita-se que as experiências vividas nos primeiros (seis) anos de vida são muito importantes para a construção do self e na estruturação do mesmo. Esses modelos internos construídos durante o desenvolvimento precoce se manifestarão nas futuras relações interpessoais íntimas e estabelecidas na idade adulta.

Decorrente das experiências e dos padrões de interação com as figuras significativas durante a infância, cada pessoa, possivelmente, constrói modelos internos e dinâmicos que servirão de guia do comportamento e das atitudes futuras, notadamente do comportamento interpessoal.

Também, de acordo ainda com esses modelos internos dinâmicos resultantes do vínculo estabelecido durante o desenvolvimento precoce da personalidade, a pessoa estabelece suas expectativas particulares sobre o que pode esperar de si própria e dos outros, sobre o que o outro deve corresponder, retribuir, se comportar... principalmente desseoutro íntimo, ou seja, das figuras de vinculação afetiva que surgirão ao longo da vida.

Há casos em que ignora a possibilidade de lançar mão de uma psicoterapia. E, existem situações em que a resistência impera. Fato comum é dizer que não se precisa de tratamento algum, pois que as dificuldades são de outra ordem. Todavia, perde-se a chance de resolver na causa os efeitos de uma convivência difícil.

Ao observar os conceitos sobre o Vínculo Afetivo, bem como as suas implicações no ser humano, é possível prospectar formas favoráveis e desfavoráveis de relacionamento ao longo da vida. Se a formação da personalidade de uma pessoa contar com a existência de um vínculo precário, torna-se incompatível a existência de um relacionamento conjugal. Em relatos clínicos obtêm-se históricos onde o marido ou a esposa não tiveram essa formação vincular positiva com os seus pais. Posteriormente, na vida a dois, encontram dificuldades em manter o relacionamento por falta desta condição vincular.

Uma das disfunções no relacionamento íntimo decorrente da precariedade do Vínculo Afetivo pode ser chamada de Síndrome do Comportamento de Hospedagem, segundo Armando Correa de Siqueira Neto. Neste novo tipo de comportamento abusivo a pessoa age, inconscientemente, de forma semelhante a um hóspede dentro de sua própria casa. Realiza as suas atividades de maneira formal, impessoal e, aparentemente, desprovidas de alguma tonalidade afetiva, mantendo nesses padrões a comunicação e os hábitos rotineiros, inclusive os financeiros.

Nesta forma polida e até politicamente correta de agredir ao outro se nota uma certa frieza e um distanciamento formal. Aos poucos vai agindo como se fosse alguém que está hospedado na casa, cumprindo com alguns papéis pertinentes, todavia, trata as questões, antes emocionalmente importantes de forma racional, formal e independente. Normalmente deixa as responsabilidades, sobretudo as domésticas, para o outro cuidar. Onde havia uma atmosfera de cordialidade e doçura, passa a existir um espectro de isolamento e pesar. O outro vai percebendo, sensivelmente, as diferenças no tratamento recebido e acaba por se sentir, pouco a pouco, só. A sensação deste isolamento origina-se na forma pela qual a ausência do vínculo se manifesta nesta relação.

Quanto às uniões conjugais dos padrões Vínculo Afetivo “seguro” com “inseguros”, estudos desenvolvidos no ambiente conjugal mostram que pessoas adultas com padrão de vinculação “seguro” tendem a juntar-se com companheiros(as) também “seguros(as)”. Entretanto, algumas teorias argumentam que a união íntima “seguro/inseguro” poderá funcionar como “amortecedora” da ação maltratante por parte do companheiro(a) inseguro(a).

2 - Uso Abusivo de Álcool e Substâncias Psicoativas.
O uso de substâncias psicoativas (maconha e cocaína) está envolvido em até 92% dos episódios notificados de violência doméstica (Brookoff, 1997). O efeito desinibidor causado pelo álcool freqüentemente facilita a violência e estimulantes como cocaína, crack e anfetaminas também estão envolvidos em grande número de episódios abuso de violência em ambiente doméstico ou de relacionamento íntimo.

Em relação aos abusos sexuais, a Associação Médica Americana relata que o estupro representa 54% dos casos de violência marital, e o uso de álcool parece estar envolvido em até 50% dos casos (Bhatt, 1998). Homens casados violentos possuem índices mais altos de alcoolismo em comparação àqueles não violentos. Estudos relatam índices de alcoolismo de 67% e 93% entre maridos que espancam suas esposas. Bhatt mostra que entre homens alcoolistas em tratamento, 20 a 33% relataram ter atacado suas mulheres pelo menos uma vez no ano anterior ao estudo, ao passo que suas esposas relatam índices ainda mais elevados.

Monica Zilberman e Sheila Blume (2005), da Universidade de São Paulo, apresentaram trabalho mostrando a importância do entendimento por parte dos profissionais de saúde sobre o abuso de violência no ambiente doméstico, bem como suas conexões com o uso, abuso e dependência de substâncias psicoativas. Esses problemas envolvem não apenas os pacientes, mas também seus parceiros, filhos e idosos, influenciando o bem-estar físico e psicológico de toda a família.

Dados importantes desta pesquisa ressaltam que, estando envolvido o suo de substâncias psicoativas nesse problema, sua redução do uso automaticamente elimina o abuso físico e sexual. Apesar de pesquisas recentes mostrarem que o tratamento do alcoolismo está associado à redução da violência pelo parceiro, isso nem sempre ocorre.

Em relação ao alcoolismo, o estudo de O"Farrell (2003) mostrou que no ano que precedeu o tratamento de alcoolismo, 56% desses homens alcoolistas relataram ter sido violentos contra suas parceiras, contra 14% dos homens da amostra controle, sem alcoolismo. Um ano após o tratamento para alcoolismo, o índice caiu significativamente para um total de 25%, depois de conseguida a abstinência desses pacientes, a violência decresceu para 15% (similar aos controles).

3 - Personalidade e Abuso no Relacionamento Íntimo
Além dos efeitos das drogas e do álcool que estariam associados ao comportamento abusivo no relacionamento íntimo, também pessoas portadoras de Transtorno de Personalidade Anti-Social, de Transtorno Explosivo de Personalidade e de algum outro estariam mais propensas ao comportamento abusivo (nem sempre violento e agressivo). Mas não falamos de Transtornos Mentais de forma geral, pois, boa parte das pesquisas não encontrou diferença na prevalência da violência em doentes mentais sem abuso de substâncias, quando comparados com a população geral. O risco de violência em indivíduos da população geral com abuso de álcool ou drogas foi duas vezes maior do que em pacientes esquizofrênicos sem esse abuso. Finalmente, o maior risco de violência ocorre na combinação de abuso de álcool e/ou drogas com transtornos de personalidades, que não são consideradas doenças mentais francas.

A tendência a comportamentos irritadiços, agressivos, violentos, à carência de atenção, entre outros traços, pode ser entendida sob vários pontos de vista, notadamente como traços de personalidade, como respostas aprendidas no ambiente, como reflexos estereotipados de determinados tipos de pessoas ou até como manifestações psicopatológicas. (Veja Violência e Personalidade em Forense).

Entre pessoas intimamente relacionadas é impossível considerar o comportamento abusivo como um evento em si, emancipado das circunstâncias e contingências. Primeiramente, devemos considerar o abuso a partir do agente agressor, depois, a partir do agente agredido e, finalmente, a partir de um observador ou terceiro. Não surpreenderá encontrarmos três representações diferentes de um mesmo evento.

Do ponto de vista do agressor, deve-se considerar a intencionalidade dolosa do ato abusivo, ou seja, a tentativa intencional de uma pessoa em transmitir estímulos nocivos à outro. Para o agredido, deve-se considerar o sentimento de estar sendo agredido ou prejudicado e, quanto ao observador, deve-se considerar seus sentimentos críticos acerca da possibilidade de ter havido nocividade no ato em apreço, bem como sua intencionalidade (subjetiva) em promover a agressão.

Essas variáveis implicam em considerar, por exemplo, que a mulher pode se sentir agredida pelo silêncio do marido, caso estivesse ansiosamente esperando por algum comentário ou diálogo, mesmo se esperasse um comentário hostil. O marido, por sua vez, deve ser consultado sobre suas intenções lesivas ao optar por uma postura silenciosa. Ele tanto poderia estar silencioso por desinteresse, por ser calmo e amistoso, quanto por ter planejado ferir a mulher através do silêncio. Neste último caso, estaríamos diante de um ato de abuso psicológico e sem agressão física. A mesma cena poderia não ter um resultado agressivo, caso a mulher não se sinta agredida apesar da eventual intencionalidade agressiva do marido.

Conseqüências do abuso nos relacionamentos íntimos
As experiências de abuso (físico, psicológico e sexual) no contexto do relacionamento íntimo entre pessoas, têm efeitos adversos a curto e em longo prazo, como por exemplo, a questão da violência contra a(o) companheira(o). De modo geral, as mulheres vítimas de abuso do contexto da relação com o companheiro recorrem mais freqüentemente a serviços médicos, ficam mais dias de cama e exibem mais sintomas de estresse e depressão, assim como ideação e/ou tentativas de suicídio, transtorno de estresse pós-traumático, baixa auto-estima, abuso de álcool e de outras drogas.

Os efeitos em curto prazo das vivências de abuso envolvem várias reações emocionais significativas como, por exemplo, o medo, raiva, isolamento, ansiedade aguda, somatizações (palpitações, dores, falta de ar, etc), recrudescimento de doenças psicossomáticas (gastrointestinais, cardiocirculatórias, etc) e angústia (Koss, 1993).

Os efeitos da qualidade dos relacionamentos íntimos sobre o estado de saúde têm sido cada vez mais estudados. Em longo prazo o abuso sexual pode causar depressão, disfunção sexual, abuso e dependência de drogas e álcool, sintomas de estresse pós-traumático e sintomas dissociativos.

Em relação ao abuso físico e psicológico, as conseqüências incluem a depressão, sentimentos de elevada desconfiança em relação aos membros do sexo oposto, hipervigilância, tensão, sobressaltos e baixa auto-estima (Lloyd, 1993). Cascardi, (1999), por sua vez, mostrou que em 92 mulheres vítimas de abuso físico pelo companheiro, 29,8% apresentava critérios suficientes para diagnóstico de Transtorno de Estresse Pós-Traumático e 32% critérios para Transtorno Depressivo Maior.

É preciso entender também que o abuso no relacionamento interpessoal íntimo é um forte estressor, capaz de ocasionar na vítima um processo de alterações neuropsíquicas, de natureza também orgânica. Damásio (1994), citado por Carla Paiva e Bárbara Figueiredo, salienta a importância das estruturas cerebrais límbicas (amígdala, hipocampo) e do córtex pré-frontal, na troca de informações entre os estímulos recebidos, as respostas a acionar e a carga emocional respectiva. No processo de resposta ao estresse existe uma integração cortical e límbica que modula a resposta imunológica e o controlo das respostas autonômica e endócrina.

Experiências repetidas sobre o estresse psicológico sugerem o surgimento conseqüente de  emoções negativas como depressão, hostilidade, raiva, agressão, todas fortemente relacionadas com o sistema imunológico e com a saúde geral. (VejaPsiconeuroimunologia em Psicossomática).

Paiva e Figueiredo, citando Jacobson, Gottman, Waltz, Rushe, e Babcock (1993), referem avaliação de casais violentos e não violentos associados à experiência de raiva e medo. Verificam que, comparados com os casais não violentos, nos casais violentos, quer na vítima quer no agressor, se observam valores mais elevados de raiva e maior ativação do sistema nervoso autônomo com suas conseqüências orgânicas. VejaCardiologia e Psicossomática, Hipertensão Arterial e Arritmia Cardíaca em Psicossomática.

Muitos autores, ainda citados por Carla Paiva e Bárbara Figueiredo (Campbell et al., 2002; Cascardi, Langhinrichsen, & Vivian, 1992; Goldberg & Tomlanovich, 1984;McCauley, Yurk, Jenckes, & Ford, 1998) comparam mulheres com e sem experiência de abuso pelo companheiro e observam que as mulheres abusadas reportam maior número de sintomas físicos, tais como, dores de cabeça, dores de costas, doenças sexualmente transmissíveis, dor pélvica, corrimentos vaginais, dor no ato sexual, infecções urinárias, perda de apetite, dor abdominal, problemas digestivos, e outros problemas relacionados ao estresse crônico.

Conclusão
Contribuem para a qualidade do relacionamento íntimo com o companheiro um conjunto de circunstâncias; sejam de natureza pessoal, comportamental, e sociocultural. O tipo de relacionamento mantido com os pais durante a infância tem um importante papel na formação do Vínculo Afetivo e implicações no desenvolvimento de modelos íntimos e dinâmicos de comportamento e atitude afetiva diante da vida de relações, bem como em certas estruturas neuroanatômicas, as quais interferem significativamente no relacionamento interpessoal futuro.

As relações abusivas durante a infância se associam à formação de vínculos “inseguros”, perpetuando maneiras alteradas de relacionamento, normalmente também abusivas em diversas circunstâncias de vida, notadamente no relacionamento íntimo.

O efeito da qualidade das relações interpessoais íntimas na saúde das pessoas tem sido cada vez mais estudado. A presença de relações interpessoais íntimas positivas traz benefícios para a saúde geral das pessoas, especialmente atenuam as diversas adversidades da vida.

 

Ballone GJ, Moura EC - Abuso nos Relacionamentos Íntimos - in. PsiqWeb, 2008.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Quando a gente se aceita, o mundo nos aceita!

Caminhando pela estrada da vida e observando... Ser como você é, expressar o que sente e sentir a vida reagir a tudo isso, é sim, uma das melhores sensações que podemos ter. Isso significa liberdade, significa eliminar os padrões e máscaras que carregamos para que os outros nos aceitem. A regra é uma só e intocável: quando você se aceita, o mundo o aceita.

Não é o seu destino, nem uma ordem cósmica injusta que determina que você deve sofrer e, sim, a forma como você se coloca perante as situações e pessoas. Por trás de tudo isto, estão o seu equilíbrio pessoal e o seu poder pessoal. Ter poder pessoal significa ser um ser único que reconhece seu valor e suas potencialidades e acima de tudo representa a certeza de alma que o amanhã será sempre melhor do que é o hoje.

No exato momento em que tomamos consciência que somos seres plenos e repletos de luz, percebemos que as situações que um dia fizeram parte de nossas vidas, ou ainda fazem, foram atraídas pelo padrão vibracional que estávamos naquele instante.

A responsabilidade pela escolha da dor ou do amor está em nós mesmos. Decrete para você que este não é o padrão de vida que deseja, procure o equilíbrio pessoal e modifique seu dia a dia.

As emoções são forças criadoras poderosas, são elas que nos movem rumo ao que desejamos, mesmo que de forma inconsciente.

No momento em que você se descobre e percebe o importante papel que tem neste mundo, você se encontra. Neste exato momento você passa, então, a não ser mais escolhido pelos fatos da vida e, sim, a escolher o que é melhor para si. Passa, então, a realizar o seu projeto de vida!

Sua vida não depende do que as outras pensam a seu respeito, ela depende unicamente de você. Você não precisa ser especial ou melhor que os outros, precisa ser um ser em união com o todo.

O equilíbrio de energias com a eliminação de bloqueios que impedem que a sua vida ande irão lhe ajudar a identificar a origem de sua não aceitação pessoal.

Após o equilíbrio, feita a descoberta e afirmação de seu poder pessoal, você descobrirá o bem em todas as situações, quer as considere boas ou más, certas ou erradas. Perceberá que é muito mais tranquilo seguir o fluxo da vida, aceitará de coração a vida que tem hoje e, quando a aceitação acontece, a transmutação vem junto de acordo com os seus desejos internos mais verdadeiros. Isto significa também harmonia com o seu ritmo interior.

Nesse ponto de equilíbrio de vida, você passará a ter um contato direto com a mente Supra Consciente e todas as suas manifestações de vida serão motivadas e guiadas pelo princípio Divino que há dentro de você.

O relacionamento com os outros representa um dos maiores desafios, porque é só na relação com os outros que os problemas não resolvidos, que ainda estão no subconsciente individual, são tocados e ativados.

Muitas pessoas por não se aceitarem e acreditarem que o problema está sempre com os outros, afastam-se da interação com os outros, e com isso conseguem manter sempre a ilusão de que os problemas são sempre causados pelo outros.

Quanto menor for o contato com os outros, mais o sentimento de frustração e solidão se desenvolve em você.

Cuide de seu equilíbrio pessoal e se aceite pelo ser maravilhoso que é e pela enorme diferença que pode fazer na vida das pessoas.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Transtorno de Personalidade Paranóide

O Transtorno de Personalidade Paranóide é caracterizado por uma desconfiança difundida, a pessoa desconfia de todos e de tudo, encontrando motivos que são interpretados como um ataque ou possível ataque contra si.

Este transtorno tem início normalmente na idade adulta e apresenta uma variedade de contextos, sendo muito comum a desconfiança entre parceiros, muitas vezes denominado como pessoa muito ciumenta, ciúmes patológico, ciúmes excessivo, desconfiança excessiva, paranóico, etc.

As características da pessoa que desenvolve o transtorno paranóide incluem:

- Consideram outras pessoas como suspeitas de estarem agindo contra sua pessoa, ou que serão exploradas, irão lhe prejudicar, irão lhe enganar.

- Fica muito preocupado com situações que lhe provocam dúvidas injustificadas, como por exemplo, duvidam da fidelidade de amigos, parentes, etc.

- Não confia em ninguém, mesmo que nunca tenham lhe dado motivo para isso.

- Acha que sempre os outros irão usar de forma maliciosa o conhecimento sobre sua pessoa, percebendo-se ameaçado constantemente.

- Apresenta medo de conversar, pois acha que em todas as conversas tem significados (interesses) ocultos que irão lhe prejudicar ou usar para lhe humilhar.

- Percebe ataques ao seu caráter ou reputação que não são visíveis aos outros e é rápido em reagir e contra-atacar .

- Tem suspeita recorrente, sem justificativas, quanto à fidelidade do cônjuge ou do parceiro sexual, desenvolvendo um ciúme patológico.

Tratamento do Transtorno de Personalidade Paranóide:

Como na maioria dos transtornos de personalidade, a psicoterapia é o tratamento de escolha.

Indivíduos com personalidade paranóica apresentam desordem de pensamentos, sentimentos e comportamentos que prejudicam seu cotidiano e sua vida em geral.

Apesar de perceberem seus incômodos e acharem que sua vida está totalmente tomada por estes pensamentos e sentimentos, raramente se apresentam para tratamento.

Não se deve estranhar, então, que tem havido pouca investigação e resultados que sugiram tipos de tratamentos que são mais eficazes com esse transtorno.

A terapia cognitiva pode ajudar na reestruturação de crenças e pensamentos fazendo confrontação com a realidade, trabalhando técnicas de soluções de problemas, questionamento da realidade, evidências e trabalhando no indivíduo maior autoconfiança, valorização da auto-estima e assertividade.

Já a terapia centrada no cliente pode ser uma abordagem igualmente eficaz, pois enfatiza um simples apoio e acolhimento do cliente, fazendo-o se perceber participativo de sua vida e reconhecendo em si suas dificuldades de auto-estima, valorização e reconstrução pessoal.

No entanto, em qualquer processo psicoterápico, o Rapport de construção com uma pessoa que tem esse transtorno, será muito mais difícil do que o habitual devido à paranóia associada ao transtorno. A rescisão antecipada, portanto, é comum.

Transtorno de Personalidade Paranóide

Como se caracteriza ?


Caracteriza-se pela tendência à desconfiança de estar sendo explorado, passado para trás ou traído, mesmo que não haja motivos razoáveis para pensar assim. A expressividade afetiva é restrita e modulada, sendo considerado por muitos como um indivíduo frio. A hostilidade, irritabilidade e ansiedade são sentimentos freqüentes entre os paranóide. O paranóide dificilmente ri de si mesmo ou de seus defeitos, ao contrário ofende-se intensamente, geralmente por toda a vida quando alguém lhe aponta algum defeito.

Aspectos essenciais

  • Excessiva sensibilidade em ser desprezado.
  • Tendência a guardar rancores recusando-se a perdoar insultos, injúrias ou injustiças cometidas.
  • Interpretações errôneas de atitudes neutras ou amistosas de outras pessoas, tendo respostas hostis ou desdenhosas. Tendência a distorcer e interpretar maléficamente os atos dos outros.
  • Combativo e obstinado senso de direitos pessoais em desproporção à situação real.
  • Repetidas suspeitas injustificadas relativas à fidelidade do parceiro conjugal.
  • Tendência a se autovalorizar excessivamente.
  • Preocupações com fofocas, intrigas e conspirações infundadas a partir dos acontecimentos circundantes.

Como reconhecer uma relação obsessiva

Há quem possa argumentar que se apaixonar é, pela sua própria natureza, um sinal de doença mental. Não é natural desenvolver tais vínculos emocionais tão profundos e sentimentos apaixonados tão rapidamente, e a expressão desses sentimentos pode, muitas vezes, chegar ao limite do irracional. A necessidade de estar na companhia de um amor pode substituir dor física ou qualquer senso de propriedade. Essa pessoa pode quase cumprir o papel de uma droga ou qualquer outra substância viciante. A sociedade parece encorajar alguns comportamentos irracionais quando se trata de romance apaixonado, mas há claramente uma linha entre paixão e obsessão.

Depois que o entusiasmo inicial de um novo romance teve tempo para esfriar um pouco, um parceiro pode observar que o comportamento do outro mudou significativamente. Pequenos argumentos se esquentam muito mais rapidamente ou expressões de afeto tornam-se mais sérias. Ele ou ela parece exigir mais e mais do seu tempo e atenção, à exclusão de outros amigos ou familiares. Você pode ser capturado no terror não saudável de uma relação obsessiva. Às vezes uma obsessão se queima e o relacionamento volta ao normal, mas outras vezes o parceiro obsessivo irá exibir sinais de verdadeira instabilidade emocional, vício no amor e co-dependência. Aqui estão alguns sinais para identificar uma relação obsessiva.

  • Não é incomum para um casal romântico normal ligar um ao outros com freqüência ou enviar e-mails pessoais e presentes. A obsessão ocorre quando um parceiro deixa numerosas mensagens sabendo que a outra pessoa não está em casa para respondê-las. Um parceiro obcecado também pode enviar um número significativo de e-mails pessoais ou encaminhados, mesmo depois de os dois passarem um tempo pessoalmente.

Isto tudo é um esforço para estabelecer um sentimento de segurança entre as visitas. Se a secretária eletrônica dessa pessoa ou e-mail ainda está funcionando, então o relacionamento também está. Presentes podem aumentar a intimidade repentinamente em comparação com o status da relação. Um parceiro obcecado pode tenta forçar a intimidade muito antes do previsto, com presentes como os caras jóias, roupas íntimas e itens relacionados a sexo.

  • As pessoas obcecadas não vão respeitar limites. Este é um sinal clássico de advertência durante a fase do namoro casual, sem compromisso (ou o “ficar”). Você pode definir um limite viável para o seu parceiro, como não ligar após as 11 da noite ou não te visitar no trabalho. Na manhã seguinte, um parceiro obcecado irá aparecer de repente na porta da frente de seu escritório. O telefone pode tocar à meia-noite ou 1h. O problema é que muitas vezes a pessoa vai pensar que violar as suas regras é engraçado. Não há um verdadeiro castigo por trás disso. Uma vez que alguém decide ativamente a não respeitar a sua privacidade ou pedidos razoáveis, ele ou ela atravessou um grau no comportamento obsessivo.
  • Pessoas obsessivas muitas vezes se tornem verdadeiros descobridores de fatos. Uma coisa é um parceiro saudável pesquisar o livro anual da sua escola ou perguntar a membros da família sobre sua infância, mas uma personalidade obsessiva não vai parar aí. Ele ou ela pode realizar intensas buscas on-line ou procurar a família e os amigos para entrevistas detalhadas. Ele ou ela pode ainda entrar em contato com antigos parceiros para descobrir ainda detalhes mais íntimos. Para pessoas obsessivas, descobrir cada fato possível sobre a sua vida se torna uma busca. Você pode querer verificar o histórico de pesquisa do computador para evidências de pesquisas anteriores.
  • Personalidades co-dependentes muitas vezes imitam seus parceiros emocionalmente. Se você estiver tendo um mau dia, o seu parceiro também parecerá especialmente deprimido. Se você estiver satisfeito, ele ou ela pode estar delirando. Quando a linha da obsessão é cruzada, cada aspecto da vida saudável do parceiro torna-se um gatilho para o parceiro obcecado.

Pessoas obcecadas vão copiar as roupas, comer os mesmos alimentos, ver os mesmos programas televisivos ou desenvolve os mesmos hobbies como o objeto de sua obsessão. Eles muitas vezes esperam que o seu parceiro fique lisonjeado por esta imitação, mas isso muitas vezes surge como uma tentativa desesperada de manter esse relacionamento pouco saudável.

  • A pior coisa que pode acontecer a um parceiro obcecado é uma colisão com a verdade. Um romântico rompimento é uma coisa dolorosa para a pessoa, mesmo as mais saudáveis, mas para um obsessivo, se assemelha à morte. As primeiras semanas na sequência de um término podem ser as mais perigosos para o parceiro saudável. Tão apaixonado como a pessoa obcecada pode ter 'amado' você,  ele ou ela vai ser igualmente apaixonado durante a fase "saia da minha vida eternamente". Essencialmente, você estragou todos os seus identificadores cuidadosamente trabalhados. O que resta é a mesma pessoa emocionalmente assustada que ele ou ela sempre foi, e ele ou ela realmente odeiam essa pessoa. A melhor coisa que você pode fazer como um amigo em questão é sugerir orientação profissional antes que eles tenham a oportunidade de machucar você ou eles próprios. Obsessão é uma verdadeira doença mental, então não deve ser considerada algo leve.

Lembre-se, a emoção é maior no início de qualquer relacionamento. Mas é importante saber como identificar os sinais de alerta para os relacionamentos não saudáveis. Se você acha que pode estar lidando com um parceiro obsessivo, não tenha medo de procurar o conselho sobre o relacionamento de um profissional.

Por: Alfonso Almeida

Saiba como superar o fim de uma relação

 

Quando se vive um amor, a última coisa que vem à cabeça é o fim da relação. Entretanto, o dia do término pode chegar porque, assim como a vida, o relacionamento apresenta seu ciclo natural com começo, meio e fim.

E se este momento acontecer, não há razão para se desesperar. Basta encarar a situação e retirar dela experiências positivas que contribuam com o seu amadurecimento emocional.
Algumas mulheres se perguntam qual é a hora de colocar o ponto final no relacionamento. A psicóloga da Unifesp, Mara Pusch, afirma que o fim ocorre quando o namoro ou casamento deixa de ser saudável. "Quando uma relação acaba, na verdade, os dois sabem. Mas, um é mais corajoso para tomar a iniciativa de terminar", acredita.

A também psicóloga Sueli Castillo compartilha da mesma opinião. "Arrastar uma situação em nome de um amor onde não existe reciprocidade acaba desgastando e destruindo o que poderia ser uma lembrança positiva do que aconteceu em sua história de vida", diz. "Se apenas um ama não existe mais a relação", completa.
E se ele decidiu tomar a iniciativa do término não há motivos para acreditar que seu mundo desabou. É claro que, em um primeiro momento, é aconselhável afogar as mágoas e chorar para amenizar a angústia. O segundo passo para dar a volta por cima é retomar a vida social, reencontrar os amigos e fazer atividades prazerosas.

Passada a fase da fossa, é hora de contabilizar os ganhos e as perdas de tudo isso. "O ideal é não levar como uma ferida por muito tempo e não encarar como uma tragédia. O mais importante é refletir para analisar as responsabilidades de cada um na relação", diz Mara. Sueli Castillo, por sua vez, ressalta ser fundamental o autoconhecimento para poder superar a crise de uma forma menos dolorida.

Uma tática para se recuperar mais rápido é afastar-se do parceiro, fazendo valer a máxima "o que os olhos não vêem o coração não sente". E, apesar de muitas mulheres desejarem, é impossível riscá-lo da sua vida. "Esquecê-lo definitivamente é quase impossível, mas ter a convicção de que ele já pertence ao passado e como tal não volta é essencial", afirma Sueli. Já Mara aconselha a mulher a se dar conta de que no momento aquele tipo de relação acabou, não significando que futuramente ambos não possam voltar a se relacionar, até mesmo como amigos.

A psicóloga Mara Pusch alerta para não cometer o erro de entrar em um novo relacionamento só por entrar e tomar o cuidado de não procurar alguém apenas por auto-afirmação. Não leve seus medos de relações anteriores para um novo namoro, pois cada pessoa é um ser único que, certamente, contribuirá para construir sua vida.
Portanto, levante a cabeça, ponha sua melhor roupa e sinta-se bonita. Aproveite os benefícios que só a solteirice pode trazer, como desfrutar de total liberdade de escolha e fazer o que bem quiser sem ter de dar satisfação a alguém.

Dando a volta por cima

Quem nunca viveu um grande amor que atire a primeira pedra. Aliás, aquelas histórias de romances complicados de novela também existem na vida real.

A jornalista Hérika Dias, 24 anos, teve um amor que a marcou pelo resto de sua vida. O namoro de faculdade teve seus altos e baixos. Inicialmente, eles pareciam viver um amor de conto de fadas, porém, a separação foi bastante dolorosa para ela. "O término não foi amigável. Houve até agressão", conta Hérika.

Hérika caiu em depressão e até se afastou por seis meses da faculdade. Alguns fatores foram essenciais para que o ex passasse a ser um personagem do passado, como o apoio de amigos e familiares. "Eu estava super mal e não via perspectiva de melhora. Até que eu senti Deus. E como forma de agradecimento a minha recuperação, resolvi me batizar no catolicismo", afirma.

Apesar de o namoro ter se tornado águas passadas, ele lhe trouxe uma lição de vida. "Cresci achando que homem não prestava, até que passei a acreditar cegamente nele. Hoje, já não acredito mais nas pessoas; acho que ele tirou esta minha inocência", diz Hérika. Ela não guarda mágoas e até reconhece o valor da relação. "Tenho certeza de que foi amor e de que jamais outro namoro chegará perto da intensidade desse", afirma.

A estudante Mariana Oliveira, 24 anos, é prova de que qualquer relacionamento serve para compor a história de vida. Aos 20 anos, Mariana conheceu aquele que parecia ser seu amor eterno. Contudo, ela não imaginaria que o repentino término de seu namoro seria motivado pelo reatamento do noivado do ex com a namorada anterior.

Triste e deprimida, Mariana resolveu não procurá-lo mais. Até que foi surpreendida com o pedido de volta do ex. O que ela não contava é que, neste momento, ele continuava noivo da outra.

Após término definitivo, a estudante diz que embora toda a situação tenha feito muito mal a ela, foi a melhor coisa que já lhe aconteceu. "A mulher em que eu me transformei, a maturidade que eu alcancei e o valor que eu passei a dar para às pessoas que se aproximaram de mim depois disso foi o melhor que podia me acontecer. Dei a volta por cima, estou bem pessoalmente e profissionalmente", finaliza.

Serviço:
Associação Paulista de Terapia Familiar
Site: http://www.aptf.org.br

Instituto de Psicologia da USP
http://www.ip.usp.br/servico_atendimento.htm

Mara Pusch - psicóloga
Tel.: (11) 3817-5615 begin_of_the_skype_highlighting (11) 3817-5615

Sueli Castillo - psicóloga
Email: suelicastillo@terra.com.br

A PAZ do aceitar

A palavra agora é aceitar. Não aquele aceitar feio, daqueles que a gente se conforma, perde as forças e deixa tudo o que ama para trás. É um aceitar de liberdade, um aceitar com gosto de paz,  gosto de sossego. O amor exige aceitação: aceita-se que você esteja preparado para receber o amor, aceita um alguém, uma nova vida, um coração, novos pensamentos, aceita-se querer passar a vida ao lado de quem se ama, aceitam-se as diferenças.

Na verdade aceitar alguém que se ama é fácil. Eu quero falar de outro tipo de aceitação, afinal, mais importante do que aceitar alguém é aceitar que deve-se deixar que o outro vá. Eu sempre acreditei que quem ama jamais prende, sufoca ou guarda dentro de uma bolha de ar para que ninguém possa tocar o outro. O respeito existe para ambas as partes. Um, para querer o fim de um relacionamento em paz, de forma decente, com uma conversa, alguns motivos e algum tipo de obrigada por ter feito com que eu aprendesse muitas coisas. E para o outro, o respeito de aceitar tudo isso. Não queria dizer, mas o amor pode acabar sim, o para sempre pode ter fim sim, e as promessas nem sempre podem ser cumpridas. Aceite.

Uma das coisas que o amor não exige é a obrigação. Ninguém é obrigado a amar um outro alguém, somos livres e os nossos sentimentos têm asas invisíveis – só os inteligentes conseguem vê-las.

Aceite. Aceite que sua vida continua, que você é sim uma pessoa forte e que pode seguir em frente. Eu não entendo. Quando um relacionamento acaba, o que às vezes nem era perfeito se transforça numa necessidade infinita, o que nem era bom se transforma no próprio ar, e o outro vira sinônimo de felicidade. Acredito que ninguém pode roubar a felicidade – ela mora tão dentro da gente que seria impossível arrancá-la de lá.

Se acabou é porque alguém ali não estava feliz. E era infeliz consigo mesmo, por estar enganando o outro com sentimentos falsos, infeliz por querer ter outras pessoas e sentir-se preso a alguém, infeliz por não amar. E se você ama de verdade, você deixa livre e aceita. A vida pede isso. É uma nova fase, existem tantas pessoas nesse mundo, tanta gente boa, tanta gente que pode lhe fazer bem. Faz bem tentar. O coração gosta disso, gosta de novidades, gosta da paixão nova, gosta de se aventurar.

Seria mais fácil aceitar se não fosse o egoísmo. Mais fácil seria se o passado pudesse ser arrancado da mente. Acontece que não pode. Não pense que estou sendo leviana e que não entendo a dor da perda, isso é do ser humano, todo nós já perdemos nessa vida. Só quero que você levante, acorde e aceite que por mais que esteja despedaçada a tua alma, a vida continua e pode sim, ser boa.

 

[Nara]

domingo, 6 de novembro de 2011

Lidando com mudanças de vida

Lidando com mudanças de vida

Mudanças nos ensinam que nada é permanente. Incitam-nos a crescer e nos capacitam a lidar com as adversidades da vida. Por mais terríveis e dramáticas que realmente possam ser, se bem trabalhadas, podem ajudar no autoconhecimento, promovendo o fortalecimento do Eu real. Uma possibilidade de saber quem se é no íntimo, do que se deseja como objetivo de vida, quando o passado não mais é possível de retornar.

Mudanças de vida, na maioria das vezes, são de difícil assimilação; nossa personalidade repentinamente se vê "empurrada" para viver o impensável. A emergência e a rapidez desses tipos de dinâmica costumam dificultar o acesso imediato aos recursos naturais que nos garantem sobrevivência de modo equilibrado, afinal, adaptar-se ao novo sempre exige tempo para processar. Por outro lado, abre-se oportunidade para se pôr em ação habilidades nunca antes acordadas.

Mudanças e rupturas no estilo de vida usual quebram a nossa onipotência em achar que estamos no controle de tudo. Absolutamente ninguém está isento de entrar em contato com o inesperado, com o inexorável, com frustrações.

Um dos exemplos mais clássicos e muitas vezes traumáticos fica naqueles que se vêem obrigados a mudar de escola, cidade, emprego ou mesmo de país. Nestes é comum o surgimento de resistências emocionais, onde protagonistas vêem-se em dificuldades de iniciar novos contatos que certamente os fariam crescer.

Mudanças sempre trazem inovações, novas idéias, novos ideais. Ter isso em mente é o início para aventurar-se no novo e desconhecido momento. Abrir-se para novas possibilidades de modo positivo e buscar surpreender-se, com a mente aberta para o inusitado, abre espaço para que a nossas habilidades se desenvolvam na maestria.

Em muitos casos, há receio e medo de se afastar das pessoas queridas, mesmo que seja impossível o retorno das mesmas. É possível, porém, driblar a saudade tendo novos laços de amizade ainda que cultivando antigos, apesar da distância, quando este for o caso.

Quando se muda de cidade, de escola ou mesmo de país, passamos por um distanciamento concreto das pessoas que amamos, das pessoas que estamos acostumados a conviver. Mas, nos dias de hoje, parece que o mundo literalmente encolheu.

Em instantes, podemos ver as pessoas que amamos pela tela de um computador e mesmo saber de tudo o que se passa com os outros, por conta das redes sociais. Fazer uso destes aparatos tem efeito contundente no abrandamento da dor da ausência. A vida real, porém, ocorre fora das telas do computador.

Saber mesclar os momentos de saudade refrescados pelos contatos virtuais com os novos, de fora da tela, ajuda os sentimentos a ficarem no tamanho certo e na medida adequada, abrindo espaço para um desenvolvimento de vida saudável.

O que fazer nos primeiros dias pós-mudança, quando a tristeza e a angústia são mais intensos? Como aliviar essas sensações tão ruins? Olhar para fora literalmente e ver a natureza, entrar em contato com a respiração.

Intencione sentir-se vivo nas coisas que lhe dão prazer. Se estiver num local de sol, sinta intensamente o calor do sol, a brisa, o frio ou calor. Busque sentir-se integrado à atmosfera do lugar para começar. Caminhe pelos órgãos dos sentidos e acolha as recordações sem rejeitar e sem ficar por tempo demasiado nelas. Acolher porque se o direito de sentir saudades, tristeza e angústia, mas não se deixar levar por isso para que estes sentimentos não disparem o estado de melancolia.

Nos momentos mais difíceis, fazer esforço consciente para conectar-se com o que proporciona prazer concreto. Evitar ter pena de si mesmo pela situação imposta, pois que esse tipo de sentimento será seu pior inimigo e só o levara para baixo.

Sempre existe a oportunidade de conhecer pessoas e vivenciar situações novas nunca experimentadas anteriormente. Fazer um esforço consciente para sair de dentro de si apreciando a realidade presente.

Dificuldades em superar as mudanças podem acontecer com qualquer pessoa, em qualquer época da vida. Isso é plenamente humano e às vezes, dependendo da situação, transcender estes momentos, não é nada fácil. Se, porém, os dias vão passando e mesmo com todo esforço, a tristeza e a saudade tomam conta, se este cinza fica dentro de modo insuportável, é hora de buscar ajuda externa. Um processo terapêutico de auxílio sempre é bem-vindo e pode ajudar a transformar para muito melhor a percepção de tudo o que envolve a mudança. Desde fatores emocionais que não estão claros e que podem ser totalmente resolvidos, como ansiedade frente ao presente e ao futuro.

Existe uma terapia que se chama EMDR e que é eficientíssima, inclusive nestes casos. Se a mudança de algum modo foi traumática, a abordagem do EMDR faz como e a pessoa tirasse uma foto (mentalmente) da imagem, do momento mais perturbador que signifique a mudança, por exemplo, e a partir daí essa metodologia que trabalha com movimentos bilaterais, entre outras coisas e do protocolo, esta faz com que a pessoa reprocesse absolutamente todo o conteúdo emocional que a deixa triste e com dificuldades de transcender este difícil momento.

O interessante dessa abordagem é que no momento do reprocessamento, quando se escolhe uma experiência perturbadora, todas as situações da vida da pessoa que têm ligação e que de algum modo contribuíram para esse tipo de situação surgem como algo holográfico, sem tempo, porém atual na questão, visando a promoção do bem-estar emocional.

Funcionamos assim, está no nosso DNA, somos fadados à cura. Veja: se você se corta, seu organismo visa recuperar os tecidos, visa a autocura, no psiquismo; se bem direcionadas, questões que não deram conta de serem reprocessadas com total eficiência, também têm a oportunidade de terem uma nova saudável resolução, o EMDR promove este espaço.

Dor e tristeza em excesso pela mudança são aspectos de um suposto cenário que contém todo um histórico de situações emocionais mal resolvidas e que foram disparadas pelo fator mudança. O EMDR pode ir pela imagem que ocasionou o sintoma caminhando até as origens, reprocessando todo conteúdo emocional até transformar o mal-estar do presente, aliviando crenças negativas que invadem um futuro incerto. Ao reprocessar contextos internos, a realidade externa efetivamente pode ser vista e redesenhada com todo o colorido que merece.

 

[Silvia Malamud]

Curar a ferida em primeiro lugar

Quando somos atingidos por uma flecha, não devemos perder tempo buscando saber quem e por que nos feriu. Mas, sim, arrancar a flecha fora e cuidar, o quanto antes, da ferida. Este é o modo budista de lidar com os problemas: focamos a cura ao invés de cultivar a indignação que gera ainda mais dor.

Em vez de responder aos inúmeros porquês, focamo-nos em lidar com a situação de modo a assumir o autocontrole diante de nossos problemas. Afinal, quando não podemos mudar uma situação externa, ainda assim, podemos transformar o nosso modo de encará-la.

Enquanto estivermos contaminados pelo cansaço, pela raiva ou pela indignação, nossas atitudes serão tendencialmente unilaterais ou vingativas. O que o budismo nos alerta é que a primeira coisa a fazer quando recebemos qualquer tipo de agressão é nos interiorizarmos para recuperar o espaço interior.

Mais do que uma percepção mental dos fatos, devemos buscar o equilíbrio interior para que nosso pensamento volte a ser claro e amplo.

Na medida em que nos concentramos em curar a ferida, ao invés de indagar o porquê ela ocorreu, cultivamos o hábito mental de buscar soluções práticas que nos ajudam a nos desvencilhar dos problemas. Deste modo, não ficamos presos ao discurso "ele não podia ter feito isso comigo" que nos leva apenas à paralisia, mas passamos a nos mover em direção à solução interior, o que nos leva a um senso profundo de liberdade de podermos ser quem somos.

O mundo à nossa volta está repleto de informações conflitantes e confusas. Tornamo-nos reféns dos outros enquanto nos deixamos enganchar por seus conflitos.

Para nos desvencilharmos das confusões alheias, precisamos antes de tudo recuperar nosso espaço interior. Esta é a diferença entre gritar para o outro: "Me solta" e dizer internamente: "Eu me solto".
Desta maneira, ganhamos autonomia interior, isto é, recuperamos o prazer e a habilidade de exercitar a nossa própria vontade de nos acalmar. Lama Gangchen nos encoraja a praticar a Autocura quando nos fala: "Basta reconhecermos nossa própria capacidade e ousarmos aceitá-la".

Em seu livro Autocura Tântrica III (Ed. Gaia) ele esclarece: "Para começarmos a vivenciar os níveis mais profundos da Autocura, nossa mente precisa começar a aceitar e usar o espaço interior da forma correta. Temos que compreender que há mais espaço em nossa mente muito sutil do que no mundo externo. Além disso, também precisamos entender que as situações perigosas que hoje vivenciamos são o resultado de causas e condições negativas criadas por nós no passado. É muito importante praticarmos a Autocura, pois se continuarmos a gravar negatividades em nosso espaço interior, embora nosso coração não possa explodir, uma terrível explosão global de negatividade pode acontecer, causando nosso Armagedão individual e planetário".

Para parar de gravar negatividades em nosso espaço interior, precisamos cultivar o hábito de nos interiorizarmos, de ampliarmos nosso espaço interior. Mas a capacidade de nos autossustentar surge à medida em que nos sentimos disponíveis para nós mesmos.

Se não nos sentimos capazes de lidar com certas emoções, devemos buscar pessoas que nos incentivem a lidar positivamente com elas. A solidariedade alheia nos ajuda a sentir e aceitar o que nem mesmo somos capazes de entender.

O importante é buscar coerência entre nosso mundo interior e a realidade exterior. Viver bem pressupõe considerar a realidade acima de qualquer coisa.

Ao recuperar o espaço interior, ganhamos uma nova disponibilidade para agir.

[Bel Cesar]

Focarmos a cura ao invés de cultivar a indignação que gera ainda mais dor. A indignação não vai te levar a nada. Quer vingança? Ok! Ficou feliz com isso? Ótimo! Mas até quando acha que essa sensação de satisfação vai durar? E quanto tempo mais vai perder na indignação e na vingança, ao invés de olhar pra si mesmo e pensar no que podia ter feito de bom? Se não é capaz de lidar com isso, procure ajuda, com certeza vai conseguir, só basta querer!!

Assumir nossos erros exige muita coragem em um mundo que parece feito de pessoas que sempre ganham todas...Assumir nossa ignorância exige muita humildade nesse mundo de quem ACHA que sabe tudo.

Antes eu vivia dizendo “me solta”….Hoje posso dizer de boca cheia: Me solto…. e me soltei !!!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O que significa a displasia mamária?

Este tipo de alteração nas mamas incomoda muitas mulheres, mas não é considerada uma doença. Saiba mais!

Displasia mamária: esse termo, dado a alterações nos seios como dores e inchaços, pode até assustar as mulheres, mas não deveria. "Muita gente associa esses sintomas a um pré-câncer, mas não há relação alguma com a doença. A displasia não é considerada uma patologia, mas sim, um desenvolvimento exagerado das mamas que ocorre em mulheres com pré-disposição genética", diz o mastologista Luiz Henrique Gebrim, da Unifesp.


Como explica o mastologista Felipe Andrade, do Núcleo de Mastologia do Hospital Sírio-Libanês, a displasia é bastante comum durante o período pré-menstrual. "Cerca de 10 dias antes de menstruar, a mulher pode sentir dor e perceber alguns pequenos caroços e inchaço na mama. "Geralmente, esses sintomas desaparecem após o fim da menstruação", diz o médico. E quando o inchaço incomoda muito? "Neste caso, o médico pode receitar antiinflamatórios, analgésicos ou medicamentos à base de ácido gamalinolênico para aliviar as dores", diz.


Se depois do fim do período menstrual a mulher ainda sentir algum caroço ou secreção espontânea nos seios, a indicação é procurar um ginecologista ou mastologista, que indicará os exames necessários. "A mamografia deve ser feita a partir dos 35 anos. Mas se a mulher tem histórico de câncer, esse exame deve ser realizado ainda antes", afirma Andrade. ,

Auto-exame

A hora do banho é ideal para realizar o auto-exame das mamas. "Com o sabão, as mãos deslizam mais facilmente pelas mamas; assim, a mulher pode perceber se está com algum caroço", explica Andrade. Os toques devem percorrer todo a mama de maneira circular. Antes de entrar no banho, porém, é preciso observar pelo espelho se os seios estão simétricos, se apresentam mudanças de cores ou se ocorreu algum tipo de retração

Câncer de mama

De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCa), o câncer de mama pode atingir mais de 49 mil mulheres este ano no Brasil. Em junho, uma pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha para a Federação Brasileira das Entidades Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama) avaliou o conhecimento das mulheres sobre essa doença e constatou que ainda há muita falta de informação.

Apesar de reconhecer que a avaliação precoce aumenta a possibilidade de cura, muitas mulheres desconhecem a mamografia como a melhor forma de diagnóstico.

Síndrome de Prader-Willi

A Síndrome de Prader-Willi é um defeito que pode afetar as crianças independentemente do sexo, raça ou condição social, de natureza genética e que inclui baixa estatura, retardo mental ou transtornos de aprendizagem, desenvolvimento sexual incompleto, problemas de comportamento característicos, baixo tono muscular e uma necessidade involuntária de comer constantemente, a qual, unida a uma necessidade de calorias reduzida, leva invariavelmente à obesidade.

Essa Síndrome deve seu nome aos doutores A. Prader, H. Willi e A. Labhart que, em 1956, descreveram pela primeira vez suas características. Acredita-se que haja um bebê com a síndrome para cada 10.000-15.000 nascimentos.

Causa

Mesmo estando a Síndrome de Prader-Willi associada a uma anomalia no cromossomo 15 (em 70% dos portadores), ainda não está pode ser considerada como uma condição absolutamente hereditária. Ates disso, é preferível considerá-la um defeito genético espontâneo que se dá durante algum momento da concepção.

Assim sendo, a pessoa nasce com a síndrome, a qual acompanha seus portadores durante toda a vida. Ate hoje não se tem descoberto a causa que a origina, nem as possibilidades de cura.

Estudos com DNA têm demonstrado que na Síndrome de Prader-Willi o cromossomo 15 aberrante é sempre, de origem paterna, sugerindo que a presença do gene/genes do cromossomo paterno é necessária para evitar a síndrome. O risco de repetição numa mesma família e baixo, menos que 0,1%. Quase invariavelmente só tem um membro de a família afetado, e os irmãos e irmãs também não transmitem a doença.

"A síndrome de PRADER-WILLI é responsável por cerca de 1% dos casos de retardo mental. O quadro clínico varia bastante nítido de acordo com a idade do paciente. No período neonatal encontraremos
hipotonia muscular importante, baixo peso e pequena estatura. São muito comuns dificulades alimentares
devidas à dificuldade em sugar e deglutir. A hipotonia, sintoma bastante evidente durante toda a infância.
O diagnóstico da síndrome, pode ser difícil até os dois anos de idade.No sistema nervoso central, encontraremos retardo mental que pode variar de moderado a severo, hiperatividade, sonolência e o hábito de mexer em feridas cutâneas. Manifestações convulsivas e escoliose podem ser encontradas. Alguns problemas visuais tais como estrabismo, nistagismo e hipopigmentação." 

Basicamente um terço das pessoas com Síndrome de Prader-Willi têm uma falta de uma pequena parte de um membro da par do cromossomo número 15 - o qual se herda do pai. Essa alteração cromossômica deve comprometer o funcionamento do hipotálamo, e o hipotálamo defeituoso resulta nos sintomas da síndrome.

Outra parte desses pacientes tem uma perda total da contribuição do pai, perdendo todo cromossomo 15, e tendo em seu lugar duas copias do cromossomo 15 da mãe. Por razões ainda desconhecidas, os genes desta região do cromossomo 15 da mãe não têm expressão funcional.

Sintomas

O quadro clínico da Síndrome de Prader-Willi varia de paciente a paciente e mesmo de acordo com a idade. No período neonatal encontramos, usualmente, severa hipotonia muscular, baixo peso e pequena estatura. Devidas às dificuldades em sugar e deglutir, são muito comuns dificuldades alimentares nesta fase da vida.

Essa hipotonia persiste como sintoma evidente durante toda a infância. O diagnóstico da síndrome pode ser difícil até os 2 anos, quando então surge a hiperfagia e obesidade, facilitando o esclarecimento da natureza da doença.

A maioria dos portadores tem (não necessariamente todos) os seguintes sintomas; Hipotonia infantil, que melhora com a idade, chegando a caminhar até os 2 anos.

Apresentam problemas de aprendizagem e dificuldade para pensamentos e conceitos abstratos. A Síndrome de Prader-Willi é responsável por cerca de 1% dos casos de retardo mental (Bray e colaboradores, 1983, Zellweger e Soyer, 1979).

O comprometimento intelectual pode assumir na criança pequena um quadro de retardo no desenvolvimento. O QI em pacientes mais velhos varia muito, porém, freqüentemente está em torno dos 60. Alguns pacientes apresentam inteligência limítrofe (subnormais) ou em faixas borderline da normalidade mas, de regra, todos apresentam dificuldades de aprendizagem.

Obesidade

Síndrome de Prader-Willi é uma das condições clínicas genéticas mais comuns de obesidade. Os problemas de alimentação associados à Síndrome de Prader-Willi começam desde o nascimento mas são diferentes conforme a idade. Os recém nascidos com Síndrome de Prader-Willi têm sido tipicamente descritos como acomodados e são incapazes de sugar suficientemente bem quando mamam, devido a seu baixo tônus muscular (hipotonia).

Uma vez diagnosticados, podem ser alimentados através de sonda gástrica durante vários meses depois do nascimento, ate que melhore o controle muscular. Nos anos seguintes, normalmente na idade pré-escolar, as crianças com Síndrome de Prader-Willi desenvolvem um interesse crescente pela comida e ganham peso com rapidez e excessivamente. Esse apetite insaciável e a obsessão pela comida, provocam obesidade entre os 2 e 6 anos se não se controla a ingestão de calorias.

O excesso de apetite nas pessoas com Síndrome de Prader-Willi deve-se, muito possivelmente, à alteração na região do cérebro que regula a fome e a saciedade (o hipotálamo). Estas pessoas não podem se saciam com pouca comida, de modo que experimentam sempre uma certa urgência por comer.

Agravando o problema da obesidade, os pacientes com Síndrome de Prader-Willi necessitam consideravelmente menos calorias que as pessoas normais. E, muito provavelmente, será essa obesidade a causa principal das doenças que levam à morte neste transtorno. Tanto quanto na população geral, a obesidade na Síndrome de Prader-Willi pode provoca hipertensão, dificuldades respiratórias, diabetes e outros problemas graves.

Infelizmente nenhum moderador do apetite, anorexígeno ou estimulador da saciedade tem funcionado com consistência na Síndrome de Prader-Willi. Uma das únicas alternativas à obesidade, para a maioria dos pacientes, é manter uma dieta com muito baixos teores de calorias durante toda sua vida e, se possível, reduzir ao máximo o acesso deles à comida.

"A Síndrome de Prader-Willi (SPW) tem um fenótipo clínico caracterizado por hipotonia neonatal e retardo de desenvolvimento, seguido por desenvolvimento pós-natal de polifagia com subseqüente obesidade, baixa estatura, hipogonadismo hipogonadotrófico, e leve a moderado retardo mental. A Síndrome de Angelman (SA; também conhecida como a síndrome do “Marionete Feliz”) está associada com sintomas e sinais extra-piramidais (movimentos abruptos, marcha irregular com a parte superior do braço inflexível), hiperatividade, acessos, retardo mental severo com ausência de fala verbal e paroxismos de risos inapropriados. A SPW e a SA cada uma ocorre em uma freqüência de cerca de 1/10.000 a 1/20.000 nascidos. A razão pela qual elas são discutidas juntas é que ambas síndromes são mais frequentemente causadas por microdeleções na região cromossômica 15q11-q13 que é sujeita a impressão genômica. A SPW e SA são associadas com deficiências do cromossomo 15 paterno e materno, respectivamente. As deficiências são causadas por microdeleções (~75 % de casos de SPW ou SA), por dissomia uniparental (25 % de SPW e 2 % de SA) ou por mutações na impressão genômica."

"A síndrome de Prader Willi é uma doença de origem genética, com origem no cromossoma 15 e ocorre no momento da concepção. Afeta meninos e meninas em um complexo quadro de deficiências, durante todas suas vidas. Um diagnóstico precoce, clinico e depois através de exames genéticos, antes da manifestação dos sintomas tem trazido uma melhora na qualidade de vida dos portadores nos últimos anos.
Bebês com Síndrome de Prader Willi (SPW) apresentam baixo APGAR, dificuldade de sucção, choro fraco e são muito pouco ativos, dormindo a maior parte do tempo. Raramente conseguem ser amamentados. Seu desenvolvimento neuromotor é lento, tardam a sentar, gatinhar, caminhar. A síndrome, em seus sintomas sempre existiu mas foi classificada/descoberta em 1956.

É uma síndrome pouco comum e desconhecida na sociedade, poucos profissionais da saúde sabem sobre ela. A incidência é em torno de 1:15000 no mundo e acredita-se que muitos portadores não estão dagnosticados.

Os sintomas da síndrome variam em intensidade de individuo para individuo e estão também associadas ao ambiente em que este vive e ao acompanhamento terapeutico/educacional que recebe, os principais sintomas são:

- hiperfagia - obsessão com comida, que pode surgir entre os 2 e 5 anos de idade, levando a obesidade ainda na infância

- hipotonia - fraco tônus muscular, dificuldades com movimentos

- dificuldades de aprendizagem e fala

- instabililidade emocional e imaturidade nas trocas socias

- alterações hormonais - atraso no desenvolvimento sexual

- baixa estatura
A obesidade manifestada por muitos portadores é causada por um excessivo apetite. Esta fome contínua é provavelmente causada por uma desordem do hipotálamo, no cérebro: durante uma refeição, a "mensagem" de saciedade não chega e se não controlado esse acesso a quantidade/composição da comida, o ganho de peso é rápido."

"Os critérios para estabelecimento de diagnóstico molecular no GENE são: para a Síndrome de Angelman, a ausência da banda materna na M-PCR e homozigose para os três loci analisados na PCR multiplex (deleção ou isodissomia paterna) ou heterozigose para pelo menos um locus (heterodissomia paterna). Para Síndrome de Prader-Willi consideramos evidência diagnostica a M-PCR mostrando ausência da banda paterna e homozigose para os três loci analisados na PCR multiplex (deleção ou isodissomia materna) ou heterozigose para pelo menos um locus (heterodissomia materna). Ou alternativamente, a ausência da banda paterna na M-PCR, com homozigose para o locus D15S11 e heterozigose para os demais, também pode ser interpretada como microdeleção. Deste modo é possível diagnosticar praticamente todos os indivíduos afetados por SPW (deleções da PAR, DUP ou deleções no CI). Dentre os indivíduos afetados pela SA seria possível diagnosticar cerca de 79 % (deleções da PAR, DUP e deleções no CI), deixando de detectar os pacientes com mutação em um gene ou microdeleções fora das regiões cobertas por estes marcadores genéticos."

Desenvolvimento físico e sexual

Os meninos com Síndrome de Prader-Willi têm os genitais pouco desenvolvidos (hipogonadismo e micropênis) e testículos podem não ter descido à bolsa escrotal (criptorquidia). As meninas também têm um desenvolvimento sexual muito acanhado juntamente com alterações da menstruação.

O hipogonadismo varia de acordo com o sexo do paciente. Nos homens encontramos uma redução no tamanho do pênis e testículos. No paciente após a adolescência a virilização é incompleta, podendo responder bem ao tratamento hormonal com testosterona. Nas mulheres, podemos observar redução no tamanho dos pequenos lábios e do clitóris. Tratamento com estrógenos após a adolescência tem sido utilizado.

Via de regra esses pacientes têm um padrão de crescimento que parece ser típico. A maioria tem baixa estatura para a idade e para a tendência da família de origem. As mãos e os pés podem ser pequenos para a estatura, os dedos da mão têm forma de cone.

No nascimento há desaceleração do crescimento que persiste durante os primeiros meses de vida, um ganho mais ou menos estável durante a infância e uma lentificação na adolescência. A estatura média é de 147cm nas mulheres e 155cm nos homens com a síndrome.

Apesar dessas observações estaturais, têm sido documentados alguns casos com altura normal ou mesmo acima da média, de tal modo que estes dados não devem, por si só, alterar o diagnóstico. A baixa estatura pode ser conseqüência à deficiência no hormônio do crescimento observado na Síndrome de Prader-Willi (Costeff e colaboradores, 1990). Nesses casos o tratamento hormonal também pode ter bons resultados.

Conduta

Os problemas de conduta que se incrementam com a idade seriam, predominantemente, de irritabilidade, alguns episódios violentos, hiperatividade, sonolência e o hábito de mexer em feridas cutâneas. A irritabilidade se manifesta mais comumente quando os pacientes tentam de maneira extrema obter comida. Mesmo assim, de um modo geral, o caráter dos pacientes com Síndrome de Prader-Willi é amigável e sociável.

As pessoas com Síndrome de Prader-Willi podem realizar muitas atividades que as pessoas "normais" fazem, assim como desfrutar das atividades da comunidade, obter trabalho e, inclusive, viver fora de a casa paterna. Mas mesmo com essa relativa autonomia elas necessitam muita ajuda. Os pacientes podem apresentar automutilação, causando o aumento de pequenas lesões cutâneas sem que a dor seja sentida em sua plenitude.

Os escolares com Síndrome de Prader-Willi provavelmente necessitam apoios educativos, serviços relacionados como fisioterapia e terapias ocupacionais. Na comunidade, no trabalho e no lar, os adolescentes e adultos portadores dessa síndrome necessitam assistência especial para aprender, para adquirir responsabilidades e para ter boa relação com os demais.

De modo geral, as pessoas com Síndrome de Prader-Willi necessitam supervisão de a comida continuadamente. Como adultos, a maioria das pessoas portadoras funciona bem, principalmente em grupos especiais para pessoas com esses problemas.
No passado muitas pessoas com Síndrome de Prader-Willi morriam na adolescência ou no início da idade adulta. Atualmente, com a prevenção da obesidade pode-se esperar que a pessoa com Síndrome de Prader-Willi tenha uma expectativa de vida normal.

Condições associadas

A Síndrome de Prader-Willi pode vir acompanhada, em mais de 50% dos casos, de problemas visuais, tais como estrabismo, nistagmo, miopia e hipopigmentação. A alteração na pigmentação faz com que a cor da pele e dos cabelos sejam mais claros do que seria de se esperar pelas características familiares. Esse fenômeno se observa em cerca de 50% dos pacientes.

Problemas dentários também podem estar associados, assim como da fala. Há visível atraso no desenvolvimento da linguagem nos pacientes com Síndrome de Prader-Willi, juntamente com problemas de dicção. Também se observa comorbidade com transtornos respiratórios ou apnéia do sono, escoliose e diabetes.

Manifestações convulsivas e escoliose também podem ser freqüentemente encontradas. Podem estar presentes, também, diabete, hipermobilidade articular, convulsões, clinodactilia, sindactilia e outros sinais menos comuns.

Algumas características faciais são encontradas com freqüência em pacientes com Síndrome de Prader-Willi. A maioria tem uma redução no diâmetro bi-frontral, olhos amendoados, boca pequena com o lábio superior fino e inclinação para baixo dos cantos da boca. O crânio é, em geral, dolicocéfalo.

Diagnóstico

Apesar dos recentes avanços da genética molecular, ainda não se dispõe de um marcador biológico que possa ser usado como fator de diagnóstico em todos os casos de Síndrome de Prader-Willi. Portanto, o diagnóstico desta síndrome continua sendo eminentemente clínico.

Como quadro clínico da Síndrome de Prader-Willi se altera com o passar dos anos, os lactentes e crianças pequenas terão menos sintomas que as crianças mais velhas e os adultos.

Levando-se em conta esse fato, o valor atribuído à pontuação varia de acordo com a faixa etária, sendo que, em crianças com menos de três anos de idade, cinco pontos são suficientes para um diagnóstico de Síndrome de Prader-Willi, sendo que quatro destes pontos deverão pertencer à categoria de Maiores para possibilitar o diagnóstico. A maioria dos critérios Maiores para a Síndrome de Prader-Willi se aplica a todas as crianças mais velhas e aos adultos. Por isso recomenda-se a observância dos critérios abaixo para o diagnóstico da Síndrome de Prader-Willi.

Critérios Maiores de Diagnósticos para a Síndrome de Prader-Willi

1. hipotonia no período neonatal e infância com sucção comprometida e que melhora com a idade;

2. problemas com alimentação na infância, com a necessidade de utilização de técnicas especiais destinadas a melhora e pequeno ganho de peso;

3. ganho de peso muito rápido ou excessivo após os 12 meses e antes dos seis anos de idade com obesidade na ausência de algum tipo de intervenção;

4. características faciais com dolicocefalia, face estreita com diminuição do diâmetro bifrontral, olhos amendoados, boca parecendo pequena com lábio superior fino e cantos da boca inclinados para baixo (necessária a presença de, pelo menos, três);

5. hipogonadismo, com qualquer das seguintes características, dependendo da idade;

(a) hipoplasia genital (menino:hipoplasia escrotal, criptorquidia, testículos e/ou pênis pequenos; menina: ausência ou hipoplasia acentuada dos pequenos lábios e/ou clitóris);

(b) maturação gonadal retardada ou incompleta com retardo nos sinais pubertários (na ausência de intervenção) após 16 anos de idade (meninos: gônadas pequenas, poucos pelos no corpo e face, falta de mudança na voz; menina: amenorréia/oligomenorréia após os 16 anos).

6. retardo global no desenvolvimento em crianças com menos de seis anos de idade, retardo mental leve ou moderado ou problemas de aprendizagem escolar em crianças mais velhas;

7. hiperfagia, roubo de comida, obsessão por comida;

8. deleção 5q11-13 ou outras anormalidades citogenéticas/moleculares na região cromossômica da síndrome de Prader-Willi, inclusive dissomia materna.

Critérios Menores de Diagnósticos para a Síndrome de Prader-Willi

1. diminuição dos movimentos fetais, letargia ou choro débil na infância, melhorando com a idade;

2. problemas comportamentais características: crises de birra, crises de violência e comportamentos obsessivos/compulsivos; tendência a discussões, atitudes oposicionais, rigidez, manipuladores, possessivos e teimosos, perseverante, tendência para o roubo e mentiras (cinco ou mais destes sintomas devem estar presentes);

3. distúrbios do sono ou apnéia do sono;

4. baixa estatura em torno dos 15 anos de idade (na ausência da administração do hormônio do crescimento);

5. hipopigmentação - pele e cabelos claros;

6. mãos e ou pés pequenos para altura;

7. mãos estreitas com bordos ulnares retificados;

8. anormalidades oculares (esotropia, miopia);

9. saliva espessa e viscosa com a formação de crostras nos cantos da boca;

10. defeitos fono-articulatórios;

11. descarnar, machucar a pele.

 

Critérios de Suporte para Diagnósticos para a Síndrome de Prader-Willi

1. elevado limiar para a dor.

2. tendência diminuída para vomitar.

3. instabilidade térmica na infância ou sensibilidade para a temperatura alterada em crianças mais velhas e adultas;

4. escoliose e/ou cifose.

5. adrenarca precoce.

6. osteoporose.

7. habilidade muito grande para quebra-cabeça.

8. estudos neuromusculares normais.

 

 

[Ballone GJ - Síndrome de Prader-Willi - in. PsiqWeb]