segunda-feira, 25 de julho de 2011

De 0 a 10, quanto sua insegurança pode destruir sua chance de ser feliz?

Sentir-se inseguro diante do desconhecido ou do novo, é completamente natural.

Insegurança diante da impetuosidade da paixão ou da falta de garantias no amor, também pode ser compreensível.

Entretanto, na linha tênue do coração, é preciso encontrar uma medida saudável e criativa para todos os sentimentos.

Se você vive inseguro, sentindo-se ansioso, tenso e com a sensação de que, a qualquer momento, pode perder a pessoa amada ou ser substituído por alguém “mais interessante”, talvez seja momento de relaxar e rever seus conceitos sobre si mesmo.

Esta semana, presenciei um comportamento decorrente de uma insegurança desmedida e destrutiva e comecei a observar o quanto uma pessoa pode construir seu próprio futuro de modo mascarado, empobrecido e equivocado sem se dar conta, tão afetada que está pela falta de reconhecimento de suas próprias capacidades.

Em decorrência dessa miopia, certamente vai experimentar relações doentias, magoar-se recorrentemente diante da constatação de que suas estratégias são frágeis e ineficientes e, especialmente, amargar uma solidão dolorosa, que é fruto de sua dinâmica interior.
Pessoas inseguras, principalmente quando estão se relacionando, correm o risco de inventar “verdades” para justificar comportamentos agressivos e insanos, sobretudo para afastar aqueles que, por motivos também inventados, parecem representar uma ameaça à sua suposta felicidade.

Pois pode apostar: felicidade autêntica não carece de insegurança, e muito menos é ameaçada por quem quer que seja. Se o que você vive realmente é amor, se está construindo um relacionamento saudável, em busca de amadurecimento e cumplicidade, certamente não precisa afastar ninguém, porque seu coração está em sintonia com o universo e com a pessoa amada.

Passar seus dias pensando em estratégias para derrotar inimigos que nem existem só vai fazer você perder a maravilhosa oportunidade de ser feliz neste relacionamento ou com a simples possibilidade de vir a se relacionar. E, certamente, você se transformará numa pessoa mal-humorada, pesada, briguenta, chata e... feia! E o pior é que não só você perderá com tudo isso, mas também as pessoas que você mais ama, sejam seus familiares, amigos e até seu par!

Sugiro que você faça uma autoavaliação bastante honesta e, para efeito de percepção, dê uma nota de 0 a 10 para sua insegurança. Tente se dar conta de como tem nutrido sua autoestima, do quanto tem valorizado suas qualidades e do quanto, acima de tudo, tem trabalhado suas limitações. Admita que tem medo de perder, que sente ciúme, que ainda não se tornou a pessoa que gostaria de ser. Assim, estará no caminho de se tornar... E isto é evolução!

[Dra. Rosana Braga}

Se trair é humano...Como manter o respeito?

Infidelidade é um assunto que costuma gerar discussões acaloradas e quase sempre faz as pessoas apontarem vítimas e algozes da situação: “Que canalha, como pôde trair a esposa?”; “Como ela fez isso logo com ele, um cara tão bacana?”; “Se eu fosse ele, teria feito a mesma coisa!”; “Coitada, não merecia isso...”. Essas e outras frases refletem os pensamentos que geralmente surgem em conversas sobre alguém que traiu um outro alguém.

Escreverei hoje sobre infidelidade, porém fugirei completamente a estes pensamentos. Explico o principal por quê: não acredito em vítimas ou algozes em relações. Em outras palavras, nos relacionamentos não há um “bom” e um “mau”, não há um “coitado” e um “carrasco”. Se as duas pessoas estão juntas, é porque algo as mantém juntas. Seja lá o que este “algo” for – amor, dependência, comodidade, companheirismo, sexo, ou tantas outras coisas – estar junto é uma escolha. Dito isso, passemos então ao nosso assunto tão complexo.

Vejo muitos homens e mulheres argumentando que os homens traem mais porque fazer isso “é da natureza masculina”. Essas pessoas explicam que o homem teria um desejo sexual maior do que o da mulher e por isso teria necessidade de buscar sexo fora do casamento. Isso é um mito.

Nas pesquisas da psicóloga Mírian Goldenberg, que há 20 anos vem estudando o assunto, 60% dos homens e 47% das mulheres afirmaram já terem sido infiéis. Ou seja, se os homens traem mais, não é muito mais. E não há absolutamente nada de genético ou “da natureza masculina” nisso. Trata-se de uma questão essencialmente cultural.

Pense bem em como vivemos nos últimos 200 anos. O homem sempre foi o elemento mais importante de uma família, com mais direitos do que todos os outros membros, inclusive a mulher. À esta última cabiam apenas os afazeres domésticos, o cuidado com os filhos e o zelo com o marido. Nada de muitos prazeres nem muitas escolhas. Prazer sexual, então, era algo exclusivo dos homens. Como ter prazer com a própria esposa era algo visto negativamente, era comum os homens buscarem sexo fora do casamento. As mulheres evidentemente sabiam disso e aceitavam a condição, até porque não tinham muita opção.

Alguém pode estar pensando: Ora, mas hoje em dia tudo é muito diferente. Sim, concordo. As coisas mudaram bastante, especialmente a partir da metade do século XX. Essas transformações, por mais radicais que tenham sido, não têm nem 100 anos ainda. Isso significa que a mentalidade de que o homem tem mais necessidade de sexo e por isso trai persiste em muitas mentes, mesmo na daqueles que nasceram já depois de todas as mudanças.

Se homens e mulheres traem, porque fazem isso? Aliás, por que tantas pessoas fazem isso, já que os números mostram que não são poucas? Bem, exatamente por não serem poucas é que fica difícil apontar apenas uma ou duas razões para a infidelidade. Pode-se se infiel por solidão, raiva, insatisfação, carência, poder, vingança, busca pelo novo, desejo de viver uma aventura... Vejo muitas pessoas taxativamente considerarem que se há traição, não há amor. Não penso que seja bem assim.

O que me parece haver em comum nas situações em que as pessoas são infiéis é a busca de algo que não encontram na relação. Uma mulher, por exemplo, pode trair por não encontrar em seu relacionamento a compreensão que desejava. Trai, então, não por não amar o companheiro ou por uma aventura, mas buscando ser compreendida. Um homem, por sua vez, pode trair por sentir seu relacionamento como tedioso. Assim, por não querer deixar a mulher que ama, busca meios de ter a emoção que deseja. Estes não são os únicos exemplos. Muitos outros poderiam ser dados, com diferentes situações que têm como pano de fundo da infidelidade a busca por algo que a relação não oferece.

A infidelidade, quando descoberta, sempre gera sofrimento. O traído sofre por razões óbvias. O homem geralmente se sente humilhado, enquanto a mulher descobre, da pior maneira possível, que não era tão única e especial quanto imaginava ser. E até quem foi infiel também acaba sofrendo, não simplesmente por ter sido descoberto, mas porque se escancaram as dificuldades que há no relacionamento.

E como evitar todo esse sofrimento? Antes disso, como evitar que a infidelidade seja percebida por um membro do casal como necessária? A resposta está no diálogo entre os dois. Se uma pessoa é infiel por sentir falta de algo em seu relacionamento, o outro precisa saber que este algo está faltando. Cabe a cada um a responsabilidade de dizer ao(à) companheiro(a) o que está sentindo, no que está insatisfeito(a), o que desejaria mudar. De nada adianta simplesmente culpar o outro, a rotina, o tempo de relação, a qualidade do sexo e tantas outras coisas que acabam servindo de argumento para a infidelidade. Se há um problema, é preciso compartilhá-lo com o outro, para então solucioná-lo a dois.

domingo, 17 de julho de 2011

Entre os príncipes e os sapos, muitos detalhes devem ser considerados...

Você certamente preferiria encontrar um príncipe a um sapo, não é? Claro, dentre os conceitos que definem um homem, o de príncipe é bem mais atraente e interessante do que o de sapo. O primeiro refere-se àquele gentil, carinhoso e romântico, enquanto que o segundo aponta para aquele esquisito, desatento e, por vezes, até irritante!

No entanto, como todo conceito fechado, este também merece uma reflexão, e o quanto antes, para evitarmos mais buscas ilusórias, expectativas frustradas e, por fim, desencontros desastrosos! Será mesmo que existem os homens que são príncipes e os que são sapos? Se sim, nesta mesma medida, deve haver então as mulheres que são princesas e as que são “pererecas”, certo? Não! Errado! Nem uma coisa, nem outra!

Podemos começar a desconstruir esse raciocínio admitindo que todos nós, tanto homens quanto mulheres, somos príncipes e princesas, mas também sapos e pererecas! Afinal, em alguns dias, estamos bem-humorados, divertidos, leves, atraentes e encantadores. Enquanto que, em outros, estamos tensos, tristes, impacientes e até repelentes.

Isto é ser gente. Existir em todas as possibilidades e nuances. Transitar entre a luz e a sombra e descobrir, neste caminho, a possibilidade de amadurecer e se tornar melhor. E tudo isso acontece inclusive enquanto nos relacionamos; enquanto buscamos um amor ou durante a vivência dele. E tudo bem... Não há nada de errado em se permitir ser tudo isso. O problema começa quando a permissão só é dada a si mesmo e não ao outro.

Pessoas que desejam encontrar e se relacionar somente com príncipes ou com princesas, que não conseguem acolher o sapo e a perereca que existe em cada homem e em cada mulher, certamente vai se decepcionar e amargar, repetidas vezes, aquela sensação de que sempre escolhe a pessoa errada. Será? Será mesmo que existem pessoas erradas e pessoas certas? Ou seria mais inteligente se encarássemos a todos com quem nos relacionamos como uma imperdível e exclusiva oportunidade de aprender algo novo?

Além disso, esta reflexão também pode ser um desafiante convite para que você exercite mais a sua porção príncipe ou princesa, exatamente como sabe fazer – e muito bem – toda vez que deseja conquistar alguém. Gentileza, carinho, atenção, paciência, saber ouvir, ceder, presentear, mimar, entre outras pequenas atitudes cativantes são sempre muito bem-vindas e fazem toda a diferença no seu dia-a-dia e no seu relacionamento, embora não eliminem definitivamente a sua porção sapo ou perereca!

No final das contas, o grande desafio do amor, para todos nós, é tentarmos, todos os dias, encontrar o equilíbrio na relação. Se seu par acordou sapo, calibre o ambiente com sua parte princesa e vice-versa. E lembre-se de que, como numa equação matemática, o mais importante é que, ao passar a régua, o saldo seja sempre positivo. E isso quer dizer que se você tem se relacionado mais como sapo ou perereca do que como príncipe ou princesa, algo precisa ser feito, urgentemente! Caso contrário, como se diz popularmente, a fila anda... porque o reinado precisa funcionar!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Crianças gostam de ouvir histórias e de conversar com os pais

Bater papo ajuda a se sentir parte de um grupo familiar. Férias devem ser aproveitadas para momentos juntos sem obrigações.

 

As férias escolares estão se aproximando. As crianças não veem a hora de não terem compromissos, horários e lições de casa. Querem não fazer nada. Acordar e dormir tarde. Tirar um cochilo durante o dia, sair para passear e brincar. Poderem escolher o que fazer. Ou seja, querem estar de férias mesmo.

Para alguns pais, esse período deve ser aproveitado pelos filhos com algo útil – enchem o horário deles com passeios, viagens, cinema, teatro e um mundo de coisas. Sobra-lhes menos tempo que no semestre letivo.

Outros, no entanto, não esquecem que a criançada tem que brincar, mas querem que também estudem. Algumas escolas compartilham dessa ideia e passam tarefas para serem feitas em julho. Às vezes, as crianças têm que ler um ou dois livros – obrigatoriamente – para, quando agosto chegar, ter uma atividade envolvendo a leitura prévia deles.

E aquele que era para ser um tempo de descanso, de ficar de papo para o ar, acaba sendo um período em que as crianças ficam muito compromissadas e cansadas.

A maioria dos pais não tira férias junto com os pequenos. Mas a mudança de rotina é para eles também. Não precisam acompanhar as lições ou o estudo para a prova. Muito menos levá-los ou buscá-los na escola. De certo modo, tiram férias dessas atividades, o que resulta em estarem menos cansados e terem um tempinho sobrando, que podem aproveitar para não fazerem nada juntos.

Essa é uma das coisas que os pais menos fazem com seus filhos – estar juntos sem uma obrigação. Inclua-se nisso aniversários, festinhas escolares e reuniões familiares, entre aquelas do dia a dia já mencionadas. Um encontro verdadeiro entre duas pessoas. Que inclusive, andam conversando pouco. Há tão pouca chance para isso hoje.

As crianças gostam muito de conversar com os pais, de contar suas coisas e de ouvir o que eles têm a dizer.

Principalmente no que diz respeito às histórias dos adultos. De quando eram crianças, como era sua escola, o que gostavam de brincar, suas traquinagens. Apreciam saber sobre os avós e até bisavós. É uma riqueza sem fim para eles. Pode parecer pouca coisa. Não é.

Tomar conhecimento da história de nossos antepassados é conhecer um pouquinho de nós mesmos. De nossas origens. O que ajuda a criança a se sentir pertencente a um grupo familiar e na construção de sua identidade.

É assim quando estudamos a história do nosso país e do mundo. Ela nos ajuda a nos situarmos no tempo e no espaço, que viemos de algum lugar e que podemos ir para outro.

Isso inclui também as histórias sobre ela própria – de quando pensaram em tê-la, os nomes desejados e quando foram para a maternidade. Suas roupinhas, um fato engraçado e até um triste (fazem parte da nossa vida).

O que pode ser algo recheado de fotos – ainda mais hoje em dia, que qualquer celular oferece essa possibilidade. Quantas fotos as crianças têm hoje – são lembranças e histórias. E todos nós temos uma.

Contar as histórias da família e dela própria, além do aspecto psíquico já comentado, também tem o aspecto intelectual. Quando ouvimos um relato, estimulamos a imaginação e consequentemente a criatividade. Aumenta a chance de sermos mais criativos na hora de contarmos algo escrevendo.

Não necessariamente uma criança tem apenas que ler livros para que isso ocorra. Além de lê-los, ela simplesmente pode ouvir o que os outros têm para lhe contar. Que terá um valor maior pelo significado emocional de fazer parte da história, que é a da vida dela.

Os pais podem relaxar e tirar um bom proveito da companhia do filho. Esse encontro raro pode ser prazeroso e enriquecedor, tanto do ponto de vista emocional, quanto do intelectual.

Férias foram feitas para descansar. Aproveitem!!

[Ana Cássia MaturanoEspecial para o G1, em São Paulo]

É possível seguir em frente mesmo após uma viuvez precoce

Num primeiro momento, só se consegue chorar e lamentar. Passagem do tempo ajuda a ter mais clareza sobre o que fazer.

Quando as pessoas se casam, se há amor, planejam viver toda uma vida juntos.Imaginam uma trajetória que inclui curtir a vida a dois, ter filhos, criá-los, encaminhá-los, envelhecer e aproveitar a velhice. Embora todos saibam de sua existência, a morte, é na maior parte das vezes, desconsiderada (ainda que temida).

Isso é o que se imagina. Porém, a trajetória de um casal nem sempre é tão linear. Os contratempos acontecem – mudanças de cidade, dificuldades econômicas, doenças, separação. E a viuvez.

Embora muitos acreditem que essa é uma condição exclusiva dos casais mais velhos, ela existe entre as pessoas jovens.

A morte do cônjuge pode significar para muitos um alívio. Principalmente entre aqueles que consideram ter que aguentar um casamento não importa em que condições. Diante de uma situação dessas, parecem sentir-se livres. É isso mesmo – libertam-se da pessoa que sentiam como causadora de sua infelicidade.

Geralmente não é assim. Ainda mais em tempos em que o divórcio se tornou banal. Ninguém fica mais aguentando ninguém. Pequenas divergências podem colocar fim a um casamento.

Existem situações em que a morte é esperada. E até desejada. Como, por exemplo, quando alguém é vítima de doença longa, penosa e sem cura. Desejo que é pautado no amor – fica insuportável ver um ser amado sofrendo tanto. As pessoas ao seu redor não só querem que ela parta, mas também se preparam para isso.

Outras vezes, no entanto, as coisas acontecem tão repentinamente que mais parecem um sonho. Na verdade, um pesadelo em que se custa acordar. São aquelas mortes de pessoas saudáveis, que sofrem um enfarte ou são vítimas de um acidente fatal. Por vezes jovens, cheias de planos e projetos. Com filhos para criar ou até para nascer. São verdadeiras tragédias que dificultam muito a compreensão da situação em que se vive.

Como se a roda que girasse num sentido, de repente começasse a girar para o outro, num único movimento brusco.

Drama
Para aqueles que já acompanharam pessoas passando por um drama desses (o que tem sido mais comum, principalmente envolvendo acidentes automobilísticos, como a garota de 28 anos cujo carro foi atropelado por outro em alta velocidade), como é difícil ter algo para dizer de modo a aliviar o sofrimento dos que ficam. Não existem palavras que possam confortar. Elas ainda não foram criadas. Não há conforto.

A perda causa dor intensa. Num primeiro momento, não há muito que fazer. Apenas chorar e lamentar. Ter alguém que ofereça um colo é bastante precioso. Às vezes, é o máximo que se pode fazer. Passado o choque inicial, aí sim é hora de pensar na vida. Que vai ter que ser vivida com outros referenciais. Sem a ajuda de seu companheiro.

Principalmente para os que ficam com a incumbência de criar seus filhos sem a participação do outro. A tarefa já não é simples tendo o cônjuge ao lado. Pode parecer que não vão dar conta do recado. Sem contar outros aspectos que envolvem enviuvar. Inclusive, os burocráticos.

Realmente a situação não é fácil. Mas se essas pessoas puderem perceber que não precisam dar conta de tudo de uma vez, as coisas podem ficar menos complicadas.

O melhor é que sejam resolvidas a medida que elas forem aparecendo. Até porque, com a passagem do tempo e a consequente elaboração do luto (sim, leva tempo), a possibilidade de a pessoa ter mais clareza da situação aumenta, assim como sua disposição para resolver o que for preciso.

A dor existe, mas é possível continuar em frente. E ainda ser feliz.

[Ana Cássia MaturanoEspecial para o G1, em São Paulo]

quarta-feira, 13 de julho de 2011

O que é o câncer?

Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo.
Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada de mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais como pele ou mucosas ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarcoma.
Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes (metástases).


O que causa o câncer?


As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando ambas inter-relacionadas. As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do organismo de se defender das agressões externas. Esses fatores causais podem interagir de várias formas, aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células normais.

De todos os casos, 80% a 90% dos cânceres estão associados a fatores ambientais. Alguns deles são bem conhecidos: o cigarro pode causar câncer de pulmão, a exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele, e alguns vírus podem causar leucemia. Outros estão em estudo, como alguns componentes dos alimentos que ingerimos, e muitos são ainda completamente desconhecidos.

O envelhecimento traz mudanças nas células que aumentam a sua suscetibilidade à transformação maligna. Isso, somado ao fato de as células das pessoas idosas terem sido expostas por mais tempo aos diferentes fatores de risco para câncer, explica em parte o porquê de o câncer ser mais freqüente nesses indivíduos.Os fatores de risco ambientais de câncer são denominados cancerígenos ou carcinógenos. Esses fatores atuam alterando a estrutura genética (DNA) das células.

O surgimento do câncer depende da intensidade e duração da exposição das células aos agentes causadores de câncer. Por exemplo, o risco de uma pessoa desenvolver câncer de pulmão é diretamente proporcional ao número de cigarros fumados por dia e ao número de anos que ela vem fumando.

Fatores de risco de natureza ambiental
Os fatores de risco de câncer podem ser encontrados no meio ambiente ou podem ser herdados. A maioria dos casos de câncer (80%) está relacionada ao meio ambiente, no qual encontramos um grande número de fatores de risco. Entende-se por ambiente o meio em geral (água, terra e ar), o ambiente ocupacional (indústrias químicas e afins) o ambiente de consumo (alimentos, medicamentos) o ambiente social e cultural (estilo e hábitos de vida).

As mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os 'hábitos' e o 'estilo de vida' adotados pelas pessoas, podem determinar diferentes tipos de câncer:

Tabagismo, hábitos alimentares, alcoolismo, hábitos sexuais, medicamentos, fatores ocupacionais e radiação solar.

Hábitos Alimentares

Muitos componentes da alimentação têm sido associados com o processo de desenvolvimento do câncer, principalmente câncer de mama, cólon (intestino grosso) reto, próstata, esôfago e estômago.

Alimentação de risco
Alguns tipos de alimentos, se consumidos regularmente durante longos períodos de tempo, parecem fornecer o tipo de ambiente que uma célula cancerosa necessita para crescer, se multiplicar e se disseminar. Esses alimentos devem ser evitados ou ingeridos com moderação. Neste grupo estão incluídos os alimentos ricos em gorduras, tais como carnes vermelhas, frituras, molhos com maionese, leite integral e derivados, bacon, presuntos, salsichas, lingüiças, mortadelas, dentre outros.

Existem também os alimentos que contêm níveis significativos de agentes cancerígenos. Por exemplo, os nitritos e nitratos usados para conservar alguns tipos de alimentos, como picles, salsichas e outros embutidos e alguns tipos de enlatados, se transformam em nitrosaminas no estômago. As nitrosaminas, que têm ação carcinogênica potente, são responsáveis pelos altos índices de câncer de estômago observados em populações que consomem alimentos com estas características de forma abundante e freqüente. Já os defumados e churrascos são impregnados pelo alcatrão proveniente da fumaça do carvão, o mesmo encontrado na fumaça do cigarro e que tem ação carcinogênica conhecida.
Os alimentos preservados em sal, como carne-de-sol, charque e peixes salgados, também estão relacionados ao desenvolvimento de câncer de estômago em regiões onde é comum o consumo desses alimentos. Antes de comprar alimentos, compare a quantidade de sódio nas tabelas nutricionais dos produtos.

Cuidados ao preparar os alimentos
O tipo de preparo do alimento também influencia no risco de câncer. Tente adicionar menos sal na hora de fazer a comida, aumentando o uso de temperos como azeite, alho, cebola e salsa. A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo de até 5 g de sal ou 2 g de sódio por dia, ou seja, o equivalente a uma tampa de caneta cheia. Ao fritar, grelhar ou preparar carnes na brasa a temperaturas muito elevadas, podem ser criados compostos que aumentam o risco de câncer de estômago e coloretal. Por isso, métodos de cozimento que usam baixas temperaturas são escolhas mais saudáveis, como vapor, fervura, pochê, ensopado, guisado, cozido ou assado.


AlimentaçãoFibras x gordura
Estudos demonstram que uma alimentação pobre em fibras, com altos teores de gorduras e altos níveis calóricos (hambúrguer, batata frita, bacon etc.), está relacionada a um maior risco para o desenvolvimento de câncer de cólon e de reto, possivelmente porque, sem a ingestão de fibras, o ritmo intestinal desacelera, favorecendo uma exposição mais demorada da mucosa aos agentes cancerígenos encontrados no conteúdo intestinal. Em relação a cânceres de mama e próstata, a ingestão de gordura pode alterar os níveis de hormônio no sangue, aumentando o risco da doença.
Há vários estudos epidemiológicos que sugerem a associação de dieta rica em gordura, principalmente a saturada, com um maior risco de se desenvolver esses tipos de câncer em regiões desenvolvidas, principalmente em países do Ocidente, onde o consumo de alimentos ricos em gordura é alto. Já os cânceres de estômago e de esôfago ocorrem mais freqüentemente em alguns países do Oriente e em regiões pobres onde não há meios adequados de conservação dos alimentos (geladeira), o que torna comum o uso de picles, defumados e alimentos preservados em sal.
Atenção especial deve ser dada aos grãos e cereais. Se armazenados em locais inadequados e úmidos, esses alimentos podem ser contaminados pelo fungo Aspergillus flavus, o qual produz a aflatoxina, substância cancerígena. Essa toxina está relacionada ao desenvolvimento de câncer de fígado.

Como prevenir-se
Algumas mudanças nos nossos hábitos alimentares podem nos ajudar a reduzir os riscos de desenvolvermos câncer. A adoção de uma alimentação saudável contribui não só para a prevenção do câncer, mas também de doenças cardíacas, obesidade e outras enfermidades crônicas como diabetes.

Desde a infância até a idade adulta, o ganho de peso e aumentos na circunferência da cintura devem ser evitados. O índice de massa corporal (IMC) do adulto (20 a 60 anos) deve estar entre 18,5 e 24,9 kg/m2. O IMC entre 25 e 29,9 indica sobrepeso. Com IMC acima de 30 a pessoa é considerada obesa. O IMC é calculado dividindo-se o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em m). Veja a fórmula.

peso
IMC = ------------------
(altura x altura)

Frutas, verduras, legumes e cereais integrais contêm nutrientes, tais como vitaminas, fibras e outros compostos, que auxiliam as defesas naturais do corpo a destruírem os carcinógenos antes que eles causem sérios danos às células. Esses tipos de alimentos também podem bloquear ou reverter os estágios iniciais do processo de carcinogênese e, portanto, devem ser consumidos com freqüência.
Hoje já está estabelecido que uma alimentação rica nesses alimentos ajuda a diminuir o risco de câncer de pulmão, cólon, reto, estômago, boca, faringe eesôfago. Provavelmente, reduzem também o risco de câncer de mama, bexiga, laringe e pâncreas, e possivelmente o de ovário, endométrio, colo do útero, tireóide, fígado, próstata e rim.
As fibras, apesar de não serem digeridas pelo organismo, ajudam a regularizar o funcionamento do intestino, reduzindo o tempo de contato de substâncias cancerígenas com a parede do intestino grosso.
A tendência cada vez maior da ingestão de vitaminas em comprimidos não substitui uma boa alimentação. Os nutrientes protetores só funcionam quando consumidos através dos alimentos, o uso de vitaminas e outros nutrientes isolados na forma de suplementos não é recomendável para prevenção do câncer.
Vale a pena frisar que a alimentação saudável somente funcionará como fator protetor, quando adotada constantemente, no decorrer da vida. Neste aspecto devem ser valorizados e incentivados antigos hábitos alimentares do brasileiro, como o uso do arroz com feijão.

Como se alimenta o brasileiro
No Brasil, observa-se que os tipos de câncer que se relacionam aos hábitos alimentares estão entre as seis primeiras causas de mortalidade por câncer. O perfil de consumo de alimentos que contêm fatores de proteção está abaixo do recomendado em diversas regiões do país. De acordo com uma pesquisa do Ministério da Saúde, que em 2010 entrevistou 54.367 pessoas, o padrão alimentar no país mudou para pior.

Apesar de consumir mais frutas e verduras, o brasileiro continua a comer muita carne gordurosa (1 em cada 3 entrevistados) e tem optado por alimentos práticos, como comidas semiprontas, que são menos nutritivas. A ingestão de fibras também é baixa, onde se observa coincidentemente, uma significativa freqüência de câncer de cólon e reto. O feijão, alimento rico em ferro e fibras, que tradicionalmente fazia o famoso par com o arroz, perdeu espaço na mesa dos brasileiros. Para agravar o quadro, eles também tem se exercitado menos. Em 2006, 71,9% da população revelava comer o grão ao menos cinco vezes na semana. Em 2010, a média caiu para 65,8%. No estado do Rio, a média de consumo do feijão ainda é alta: 71,7%. A queda na média nacional pode ser atribuída às mudanças na dinâmica da família brasileira, que tem tido cada vez menos tempo de preparar comida em casa e o feijão tem preparo demorado. O consumo de gorduras é mais elevado nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde ocorrem as maiores incidências de câncer de mama no país.

AlimentaçãoOutro dado negativo é que os refrigerantes e sucos artificiais - que têm alta concentração de açúcar - têm ganhado espaço na preferência dos brasileiros. Ao todo, 76% dos adultos bebem esses produtos pelo menos uma vez por semana e 27,9%, cinco vezes ou mais na semana. O consumo quase que diário aumentou 13,4% em um ano. Entre os jovens de 18 a 24 anos, a popularidade dos refrigerantes é ainda maior: 42,1% tomam refrigerantes quase todos os dias. Apesar de o mercado oferecer cada vez mais versões com menos açúcar, como os diet e os light , somente 15% dos brasileiros optam por eles. Os jovens também preferem alimentos como hambúrguer, cachorro-quente, batata frita que incluem a maioria dos fatores de risco alimentares acima relacionados e que praticamente não apresentam nenhum fator protetor. Essa tendência se observa não só nos hábitos alimentares das classes sociais mais abastadas, mas também nas menos favorecidas. O consumo de alimentos ricos em fatores de proteção, tais como frutas, verduras, legumes e cereais, tem aumentado, mas ainda é baixo. Segundo o levantamento do Ministério da Saúde, 30,4% da população com mais de 18 anos comem frutas e hortaliças cinco ou mais vezes na semana. Entre os entrevistados, 18,9% disseram consumir cinco porções diárias (cerca de 400 gramas) desses alimentos, mais do que o dobro do percentual registrado em 2006.

Portal da Saúde do Ministério da Saúde e obtenha mais informações sobre alimentação saudável.

Alcoolismo

Consumo e Relação com o Câncer
O consumo de bebidas alcoólicas é tão aceito socialmente que muitas pessoas não imaginam que elas são drogas potentes.

A relação entre álcool e câncer tem sido avaliada, no Brasil, por meio de estudos de caso-controle, que estabeleceram a associação epidemiológica entre o consumo de álcool e cânceres da cavidade bucal e de esôfago.

AlcoolismoO uso combinado de álcool e tabaco aumenta ainda mais o risco de câncer nestas e em outras localizações, como a faringe e a laringe supraglótica. Além de agente causal de cirrose hepática, em interação com outros fatores de risco, como, por exemplo, o vírus da hepatite B, o alcoolismo está relacionado a 2 - 4% das mortes por câncer, implicado que está, também, na gênese dos cânceres de fígado, reto e, possivelmente, mama. Os estudos epidemiológicos têm demonstrado que o tipo de bebida (cerveja, vinho, cachaça etc.) é indiferente, pois parece ser o etanol, propriamente, o agente agressor. Esta substância psicoativa tem a capacidade de produzir alteração no sistema nervoso central, podendo modificar o comportamento dos indivíduos que dela fazem uso. Por ter efeito prazeroso, induz à repetição e, assim, à dependência.

Os efeitos do álcool variam de acordo com a rapidez e a frequência com que ele é ingerido, com a quantidade de alimentos consumidos durante a ingestão de bebidas alcoólicas, com o peso da pessoa, com o estado de espírito desta pessoa etc. O álcool atinge rapidamente a circulação sangüínea e todas as partes do corpo, inclusive o sistema nervoso, provocando mesmo em doses pequenas a diminuição da coordenação motora e dos reflexos, o estado de euforia e a desinibição.

Recorde-se que muitas doenças são causadas pelo uso contínuo do álcool: doenças neurais, mentais, musculares, hepáticas, gástricas, pancreáticas e entre elas o câncer. Isto sem falar nos problemas sociais que estão associados à ingestão de bebidas alcoólicas: acidentes de trânsito, homicídios, suicídios, faltas ao trabalho e atos de violência.

O conselho para as pessoas que optarem por beber álcool é que limitem o consumo para menos de dois drinques por dia para homens e menos de um para mulheres. Mulheres grávidas, crianças e adolescentes não devem ingerir bebida alcoólica.

Hábitos Sexuais

Certas características de comportamento sexual aumentam a chance de exposição a vírus carcinogênicos sexualmente transmissíveis.
A promiscuidade sexual, a falta de higiene, a precocidade do início da vida sexual (antes dos 18 anos de idade), bem como a variedade de parceiros, tanto da mulher como do seu companheiro, estão relacionados a um maior risco de câncer do colo uterino. Esses fatos sugerem que os hábitos sexuais contribuem para a propagação de agentes sexualmente transmissíveis, capazes de induzir o câncer.
Eis alguns tipos de vírus com potencial carcinogênico que podem ser transmitidos sexualmente:
¿ o herpesvírus tipo II e o papilomavírus (HPV) estão relacionados ao câncer do colo uterino;
¿ o vírus HIV (Human Immunodeficiency Virus), associado a outros tipos de vírus, como o citomegalovírus e os herpesvírus I e II, pode desencadear o aparecimento de sacoma de Kaposi, câncer de língua e de reto, respectivamente, em pacientes portadores de AIDS;
¿ o vírus HTLV-I associa-se a leucemias e ao linfoma de linfócitos T;
¿ o vírus da hepatite B relaciona-se ao câncer de fígado.

Medicamentos

Apesar da valiosa contribuição para o controle de muitas doenças, a incorporação de medicamentos à pratica médica produz também efeitos indesejáveis, entre os quais a carcinogênese.
Dentre alguns estudos, podem ser citados:
• o efeito carcinogênico indubitável da clornafazina e do melfalan.
• a evidência que o clorambucil, o tiotepa e a ciclofosfamida são indutores de leucemias e câncer de bexiga.
• supressores imunológicos, como a azatio-prina e prednisona, já foram relacionados com linfomas malignos e com o câncer de pele. Quando administrados a transplantados, aumentam, agudamente, em meses, o risco de desenvolver o linfoma linfocítico e outros tumores malignos nesses pacientes.
• a fenacetina tem sido responsabilizada por tumores da pelve renal.
• a comprovação da relação entre o uso de dietilestilbestrol por mulheres grávidas e o desenvolvimento, em suas filhas expostas in utero ao hormônio, de adenocarcinoma de células claras de vagina.
• o uso de estrogênios conjugados, para o tratamento dos sintomas da menopausa, correlaciona-se com uma maior ocorrência do câncer de endométrio, e alguns estudos relacionaram o câncer de mama com o uso prolongado de contraceptivos, antes da primeira gravidez.

Fatores Ocupacionais

A primeira observação da relação entre a ocupação das pessoas, a exposição a agentes ocupacionais e neoplasias de origem hematopoética foi relatada por Pott, em 1775, pela qual demonstrou a alta freqüência de câncer da bolsa escrotal de limpadores de chaminés, em Londres, na Inglaterra. Segundo Stellman e Daum (1975), cerca de 3.000 substâncias novas são introduzidas a cada ano nas indústrias, sem que os trabalhadores a elas expostos tenham consciência dos seus efeitos tóxicos. Rumel (1988) estudou, no Estado de São Paulo, a mortalidade por algumas causas básicas, entre trabalhadores masculinos de ocupações correspondentes a diferentes níveis sociais, e demonstrou que, por exemplo, o SRR ( standardized risk ratio ) de óbito por câncer de pulmão é maior entre os trabalhadores braçais do que entre os metalúrgicos, comerciários, cientistas e artistas.

A má qualidade do ar no ambiente de trabalho é um fator importante para o câncer ocupacional. Durante pelo menos oito horas por dia os trabalhadores estão expostos ao ar poluído, pondo seriamente em risco a saúde. Algumas substâncias como o asbesto, encontrado em materiais como fibras de amianto ou cimento e tem o mesotelioma de pleura como neoplasia maligna especificamente relacionada a essa exposição; as aminas aromáticas, usadas na produção de tintas e os agrotóxicos agem preferencialmente sobre a bexiga, enquanto os hidrocarbonetos aromáticos, encontrados na fuligem, parecem agir sobre as células da pele e sobre as vias respiratórias e pulmões. O benzeno, que pode ser encontrado como contaminante na produção de carvão, em indústrias siderúrgicas, e é usado como solvente de tintas e colas, atinge principalmente a medula óssea, podendo provocar leucemia.

Outros cancerígenos passam pela circulação do sangue, atingindo primeiramente o fígado, onde suas moléculas são quebradas quimicamente, dando origem a novas substâncias (metabólitos) muitas vezes mais tóxicas que as substâncias originais.
O câncer provocado por exposições ocupacionais geralmente atinge regiões do corpo que estão em contato direto com as substâncias cancerígenas, seja durante a fase de absorção (pele, aparelho respiratório) ou de excreção (aparelho urinário), o que explica a maior freqüência de câncer de pulmão, de pele e de bexiga nesse tipo de exposição.
A falta de conhecimento sobre os riscos para a saúde e de informações político-econômicas que não priorizam o ser humano e sua preservação são fatores fundamentais para o aparecimento do câncer ocupacional.

Dicas de Como Prevenir o Câncer Ocupacional
A prevenção do câncer de origem ocupacional deve abranger:
1 - a remoção da substância cancerígena do local de trabalho;
2 - controle da liberação de substâncias cancerígenas resultantes de processos industriais para a atmosfera;
3 - controle da exposição de cada trabalhador e o uso rigoroso dos equipamentos de proteção individual (máscaras e roupas especiais);
4 - a boa ventilação do local de trabalho, para se evitar o excesso de produtos químicos no ambiente;
5 - o trabalho educativo, visando aumentar o conhecimento dos trabalhadores a respeito das substâncias com as quais trabalham, além dos riscos e cuidados que devem ser tomados ao se exporem a essas substâncias;
6 - a eficiência dos serviços de medicina do trabalho, com a realização de exames periódicos em todos os trabalhadores;
7 - a proibição do fumo nos ambientes de trabalho, pois, como já foi dito, a poluição tabagística ambiental potencializa as ações da maioria dessas substâncias.
Para isso se faz necessário o envolvimento de órgãos governamentais para a criação de leis que proíbam a exposição a qualquer concentração de substâncias que, comprovadamente, provoquem câncer no homem, obrigando os empregadores a informar seus empregados sobre os riscos a que estão expostos no ambiente de trabalho, manter um programa de exames médicos periódicos e adotar programas de proteção individual, através da utilização de equipamentos mais adequados.
Portanto, a exposição ocupacional deve ser valorizada em políticas de prevenção de câncer, principalmente em países em desenvolvimento.

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Radiação Solar

Exposição Excessiva

No Brasil, o câncer mais freqüente é o de pele, correspondendo a cerca de 25% de todos os tumores diagnosticados em todas as regiões geográficas. A radiação ultra-violeta natural, proveniente do sol, é o seu maior agente etiológico.
De acordo com o comprimento de onda, os raios ultra-violetas (raios UV) são classificados em raios UV-C, em raios UV-A (320-400nm) e em raios UV-B (280-320nm). Em decorrência da destruição da camada de ozônio, os raios UV-B, que estão intrinsecamente relacionados ao surgimento do câncer de pele, têm aumentado progressivamente sua incidência sobre a terra. Da mesma forma, tem ocorrido um aumento da incidência dos raios UV-C, que são potencialmente mais carcinogênicos do que os UVB.
Por sua vez, os raios UV-A independem desta camada, e causam câncer de pele em quem se expõe a eles em horários de alta incidência, continuamente e ao longo de muitos anos. As pessoas de pele clara que vivem em locais de alta incidência de luz solar são as que apresentam maior risco. Como mais de 50% da população brasileira têm pele clara e se expõem ao sol muito e descuidadamente, seja por trabalho, seja por lazer, e o país situa-se geograficamente numa zona de alta incidência de raios ultra-violeta, nada mais previsível e explicável do que a alta ocorrência do câncer de pele entre nós.

Como se Proteger

As pessoas que se expõem ao sol de forma prolongada e freqüente, por atividades profissionais e de lazer, constituem o grupo de maior risco de contrair câncer de pele, principalmente aquelas de pele clara.
Sob circunstâncias normais, as crianças se expõem anualmente ao sol três vezes mais que os adultos. Pesquisas indicam que a exposição cumulativa e excessiva durante os primeiros 10 a 20 anos de vida aumenta muito o risco de câncer de pele,mostrando ser a infância uma fase particularmente vulnerável aos efeitos nocivos do sol.
O clima tropical, a grande quantidade de praias, a idéia de beleza associada ao bronzeamento, principalmente entre os jovens, e o trabalho rural favorecem a exposição excessiva à radiação solar.
Para a prevenção não só do câncer de pele como também das outras lesões provocadas pelos raios UV é necessário evitar a exposição ao sol sem proteção. É preciso incentivar o uso de chapéus, guarda-sóis, óculos escuros e filtros solares durante qualquer atividade ao ar livre e evitar a exposição em horários em que os raios ultravioleta são mais intensos, ou seja, das 10 às 16 horas.
Grandes altitudes requerem cuidados extras. A cada 300 metros de altitude, aproximadamente, aumenta em 4% a intensidade da vermelhidão produzida na pele pela luz ultravioleta. A neve, a areia branca e as superfícies pintadas de branco são refletoras dos raios solares. Portanto, nessas condições, os cuidados devem ser redobrados.
Considerando-se que os danos provocados pelo abuso de exposição solar é cumulativo, é importante que cuidados especiais sejam tomados desde a infância mais precoce.

Filtros Solares - Recomendações
Os filtros solares são preparações para uso tópico que reduzem os efeitos deletérios da radiação ultravioleta.
Porém, cuidado! Nem todos os filtros solares oferecem proteção completa para os raios UV-B e raios UV-A. Além disso, suprimem os sinais de excesso de exposição ao sol, tais como as queimaduras, o que faz com que as pessoas se exponham excessivamente às radiações que eles não bloqueiam, como a infravermelha. Criam, portanto, uma falsa sensação de segurança e encorajam as pessoas a se exporem ao sol por mais tempo.
Devemos, portanto, entender que o uso do filtro solar não tem como objetivo permitir o aumento do tempo de exposição ao sol, nem estimular o bronzeamento. É importante lembrar, também, que o real fator de proteção varia com a espessura da camada de creme aplicada, a freqüência da aplicação, a perspiração e a exposição à água.
É recomendado que durante a exposição ao sol sejam usados filtros com FPS de 15 ou mais.Também devem ser tomadas precauções na hora de se escolher um filtro solar, no sentido de se procurarem os que protegem também contra os raios UV-A. Os filtros solares devem ser aplicados antes da exposição ao sol e reaplicados após nadar, suar e se secar com toalhas.

Autoexame da pele

O que é o autoexame da pele?
É um método simples para detectar precocemente o câncer de pele, incluindo o melanoma. Se diagnosticado e tratado enquanto o tumor ainda não invadiu profundamente a pele, o câncer de pele pode ser curado.
Quando fazer?
Ao fazer o autoexame regularmente, você se familiarizará com a superfície normal da sua pele. É útil anotar as datas e a aparência da pele em cada exame.
O que procurar?
• Manchas pruriginosas (que coçam), descamativas ou que sangram
• Sinais ou pintas que mudam de tamanho, forma ou cor
• Feridas que não cicatrizam em 4 semanas
Deve-se ter em mente o ABCD da transformação de uma pinta em melanoma, como descrito abaixo:
Assimetria - uma metade diferente da outra
Bordas irregulares - contorno mal definido
Cor variável - várias cores numa mesma lesão: preta, castanho, branca, avermelhada ou azul
Diâmetro - maior que 6 mm
Como fazer?
1) Em frente a um espelho, com os braços levantados, examine seu corpo de frente, de costas e os lados direito e esquerdo;
2) Dobre os cotovelos e observe cuidadosamente as mãos, antebraços, braços e axilas;
3) Examine as partes da frente, detrás e dos lados das pernas além da região genital;
4) Sentado, examine atentamente a planta e o peito dos pés, assim como os entre os dedos;
5) Com o auxílio de um espelho de mão e de uma escova ou secador, examine o couro cabeludo, pescoço e orelhas;
6) Finalmente, ainda com auxílio do espelho de mão, examine as costas e as nádegas.
Atenção:
Caso encontre qualquer diferença ou alteração, procure orientação médica. Evite exposição ao sol das 10h às 16h e utilize sempre filtros solares com fator de proteção 15 ou mais alto, além de chapéus, guarda-sóis e óculos escuros.

Câncer de Pele - Melanoma

Fonte: Seção de Dermatologia do HC1 / INCA
Fig.1 - Melanoma nodular
O melanoma cutâneo (fig.1) é um tipo de câncer que tem origem nos melanócitos (células produtoras de melanina, substância que determina a cor da pele) e tem predominância em adultos brancos. Embora só represente 4% dos tipos de câncer de pele, o melanoma é o mais grave devido à sua alta possibilidade de metástase.

Epidemiologia
A letalidade do câncer de pele melanoma é elevada, porém sua incidência é baixa. Para 2008 estão previstos 2.950 casos novos em homens e 2.970 casos novos em mulheres, segundo a Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil. As maiores taxas estimadas em homens e mulheres encontram-se na região Sudeste.

O melanoma de pele é menos freqüente do que os outros tumores de pele (basocelulares e de células escamosas), porém sua letalidade é mais elevada. Tem-se observado um expressivo crescimento na incidência deste tumor em populações de cor de pele branca. Quando os melanomas são detectados em estádios iniciais os mesmos são curáveis.
O prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom, se detectado nos estádios iniciais. Nos últimos anos, houve uma grande melhora na sobrevida dos pacientes com melanoma, principalmente devido à detecção precoce do mesmo. Nos países desenvolvidos, a sobrevida média estimada em cinco anos é de 73%, enquanto que, para os países em desenvolvimento, a sobrevida média é de 56%. A média mundial estimada é de 69%.
Consulte a publicação Estimativa 2008 Incidência de Câncer no Brasil.

Fatores de Risco
Os fatores de risco, em ordem de importância, são: a sensibilidade ao sol (queimadura pelo sol e não bronzeamento), a pele clara, a exposição excessiva ao sol, a história prévia de câncer de pele, história familiar de melanoma, nevo congênito (pinta escura), maturidade (após 15 anos de idade a propensão para este tipo de câncer aumenta), xeroderma pigmentoso (doença congênita que se caracteriza pela intolerância total da pele ao sol, com queimaduras externas, lesões crônicas e tumores múltiplos) e nevo displásico (lesões escuras da pele com alterações celulares pré-cancerosas).


Prevenção

Como os outros tipos de câncer de pele, o melanoma pode ser prevenido evitando-se a exposição ao sol no horário das 10h às 16h, quando os raios são mais intensos. Mesmo durante o período adequado é necessária a utilização de proteção como chapéu, guarda-sol, óculos escuro e filtros solares com fator de proteção 15 ou mais.
Saiba mais. Veja o folheto e o cartaz da Campanha de Prevenção do Câncer de Pele de 2006.


Sintomas

O melanoma pode surgir a partir da pele normal ou de uma lesão pigmentada. A manifestação da doença na pele normal se dá a partir do aparecimento de uma pinta escura de bordas irregulares acompanhada de coceira e descamação.

Em casos de uma lesão pigmentada pré-existente, ocorre um aumento no tamanho, uma alteração na coloração e na forma da lesão que passa a apresentar bordas irregulares.


Diagnóstico

A coloração pode variar do castanho-claro passando por vários matizes chegando até à cor negra (melanoma típico) ou apresentar área com despigmentação (melanoma com área de regressão espontânea). O crescimento ou alteração da forma é progressivo e se faz no sentido horizontal ou vertical. Na fase de crescimento horizontal (superficial), a neoplasia invade a epiderme, podendo atingir ou não a derme papilar superior. No sentido vertical, o seu crescimento é acelerado através da espessura da pele, formando nódulos visíveis e palpáveis.

Tratamento
A cirurgia é o tratamento mais indicado. A radioterapia e a quimioterapia também podem ser utilizadas dependendo do estágio do câncer. Quando há metástase, o melanoma é incurável na maioria dos casos. A estratégia de tratamento para a doença avançada deve ter então como objetivo aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente.

 

Outras radiações

Estima-se que menos de 3% dos cânceres resultem da exposição às radiações ionizantes. Estudos feitos entre os sobreviventes da explosão das bombas atômicas e entre pacientes que se submeteram à radioterapia, mostraram que o risco de câncer aumenta em proporção direta à dose de radiação recebida, e que os tecidos mais sensíveis às radiações ionizantes são o hematopoético, o tiroidiano, o mamário e o ósseo. As leucemias ocorrem entre 2 e 5 anos após a exposição, e os tumores sólidos surgem entre 5 e 10 anos.
O risco de desenvolvimento de um câncer é significantemente maior quando a exposição dos indivíduos à radiação aconteceu na infância.

 

Hereditariedade
São raros os casos de cânceres que se devem exclusivamente a fatores hereditários, familiares e étnicos, apesar de o fator genético exercer um importante papel na oncogênese. Um exemplo são os indivíduos portadores de retinoblastoma que, em 10% dos casos, apresentam história familiar deste tumor.

Alguns tipos de câncer de mama, estômago e intestino parecem ter um forte componente familiar, embora não se possa afastar a hipótese de exposição dos membros da família a uma causa comum. Determinados grupos étnicos parecem estar protegidos de certos tipos de câncer: a leucemia linfocítica é rara em orientais, e o sarcoma de Ewing é muito raro em negros.

Como surge o câncer?

As células que constituem os animais são formadas por três partes: a membrana celular, que é a parte mais externa; o citoplasma (o corpo da célula); e o núcleo, que contêm os cromossomas, que, por sua vez, são compostos de genes. Os genes são arquivos que guardam e fornecem instruções para a organização das estruturas, formas e atividades das células no organismo. Toda a informação genética encontra-se inscrita nos genes, numa "memória química" - o ácido desoxirribonucleico (DNA). É através do DNA que os cromossomas passam as informações para o funcionamento da célula.

Uma célula normal pode sofrer alterações no DNA dos genes. É o que chamamos mutação genética. As células cujo material genético foi alterado passam a receber instruções erradas para as suas atividades. As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados protooncogenes, que a princípio são inativos em células normais. Quando ativados, os protooncogenes transformam-se em oncogenes, responsáveis pela malignização (cancerização) das células normais. Essas células diferentes são denominadas cancerosas.

Como se comportam as células cancerosas?

As células alteradas passam então a se comportar de forma anormal.
• Multiplicam-se de maneira descontrolada, mais rapidamente do que as células normais do tecido à sua volta, invadindo-o. Geralmente, têm capacidade para formar novos vasos sanguíneos que as nutrirão e manterão as atividades de crescimento descontrolado. O acúmulo dessas células forma os tumores malignos

• Adquirem a capacidade de se desprender do tumor e de migrar. Invadem inicialmente os tecidos vizinhos, podendo chegar ao interior de um vaso sangüíneo ou linfático e, através desses, disseminar-se, chegando a órgãos distantes do local onde o tumor se iniciou, formando as metástases. Dependendo do tipo da célula do tumor, alguns dão metástases mais rápido e mais precocemente, outros o fazem bem lentamente ou até não o fazem.

• As células cancerosas são, geralmente, menos especializadas nas suas funções do que as suas correspondentes normais. Conforme as células cancerosas vão substituindo as normais, os tecidos invadidos vão perdendo suas funções. Por exemplo, a invasão dos pulmões gera alterações respiratórias, a invasão do cérebro pode gerar dores de cabeça, convulsões, alterações da consciência etc.

Como é o processo de carcinogênese?

O processo de carcinogênese, ou seja, de formação de câncer, em geral se dá lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa prolifere e dê origem a um tumor visível. Esse processo passa por vários estágios antes de chegar ao tumor. São eles:
Estágio de iniciação
É o primeiro estágio da carcinogênese. Nele as células sofrem o efeito dos agentes cancerígenos ou carcinógenos que provocam modificações em alguns de seus genes. Nesta fase as células se encontram, geneticamente alteradas, porém ainda não é possível se detectar um tumor clinicamente. Encontram-se "preparadas", ou seja, "iniciadas" para a ação de um segundo grupo de agentes que atuará no próximo estágio.

Estágio de promoção
É o segundo estágio da carcinogênese. Nele, as células geneticamente alteradas, ou seja, "iniciadas", sofrem o efeito dos agentes cancerígenos classificados como oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e gradual. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor. A suspensão do contato com agentes promotores muitas vezes interrompe o processo nesse estágio. Alguns componentes da alimentação e a exposição excessiva e prolongada a hormônios são exemplos de fatores que promovem a transformação de células iniciadas em malignas.


Estágio de progressão


É o terceiro e último estágio e se caracteriza pela multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas. Nesse estágio o câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença.
Os fatores que promovem a iniciação ou progressão da carcinogênese são chamados agentes oncoaceleradores ou carcinógenos. O fumo é um agente carcinógeno completo, pois possui componentes que atuam nos três estágios da carcinogênese.

Como é o processo de carcinogênese?

O processo de carcinogênese, ou seja, de formação de câncer, em geral se dá lentamente, podendo levar vários anos para que uma célula cancerosa prolifere e dê origem a um tumor visível. Esse processo passa por vários estágios antes de chegar ao tumor. São eles:
Estágio de iniciação
É o primeiro estágio da carcinogênese. Nele as células sofrem o efeito dos agentes cancerígenos ou carcinógenos que provocam modificações em alguns de seus genes. Nesta fase as células se encontram, geneticamente alteradas, porém ainda não é possível se detectar um tumor clinicamente. Encontram-se "preparadas", ou seja, "iniciadas" para a ação de um segundo grupo de agentes que atuará no próximo estágio.

Estágio de promoção
É o segundo estágio da carcinogênese. Nele, as células geneticamente alteradas, ou seja, "iniciadas", sofrem o efeito dos agentes cancerígenos classificados como oncopromotores. A célula iniciada é transformada em célula maligna, de forma lenta e gradual. Para que ocorra essa transformação, é necessário um longo e continuado contato com o agente cancerígeno promotor. A suspensão do contato com agentes promotores muitas vezes interrompe o processo nesse estágio. Alguns componentes da alimentação e a exposição excessiva e prolongada a hormônios são exemplos de fatores que promovem a transformação de células iniciadas em malignas.


Estágio de progressão


É o terceiro e último estágio e se caracteriza pela multiplicação descontrolada e irreversível das células alteradas. Nesse estágio o câncer já está instalado, evoluindo até o surgimento das primeiras manifestações clínicas da doença.
Os fatores que promovem a iniciação ou progressão da carcinogênese são chamados agentes oncoaceleradores ou carcinógenos. O fumo é um agente carcinógeno completo, pois possui componentes que atuam nos três estágios da carcinogênese.

Como o organismo se defende?

No organismo existem mecanismos de defesa naturais que o protegem das agressões impostas por diferentes agentes que entram em contato com suas diferentes estruturas. Ao longo da vida, são produzidas células alteradas, mas esses mecanismos de defesa possibilitam a interrupção desse processo, com sua eliminação subseqüente. A integridade do sistema imunológico, a capacidade de reparo do DNA danificado por agentes cancerígenos e a ação de enzimas responsáveis pela transformação e eliminação de substâncias cancerígenas introduzidas no corpo são exemplos de mecanismos de defesa. Esses mecanismos, próprios do organismo, são na maioria das vezes geneticamente pré-determinados, e variam de um indivíduo para outro. Esse fato explica a existência de vários casos de câncer numa mesma família, bem como o porquê de nem todo fumante desenvolver câncer de pulmão.

Sem dúvida, o sistema imunológico desempenha um importante papel nesse mecanismo de defesa. Ele é constituído por um sistema de células distribuídas numa rede complexa de órgãos, como o fígado, o baço, os gânglios linfáticos, o timo e a medula óssea, e circulando na corrente sangüínea. Esses órgãos são denominados órgãos linfóides e estão relacionados com o crescimento, o desenvolvimento e a distribuição das células especializadas na defesa do corpo contra os ataques de "invasores estranhos". Dentre essas células, os linfócitos desempenham um papel muito importante nas atividades do sistema imune, relacionadas às defesas no processo de carcinogênese.

Cabe aos linfócitos a atividade de atacar as células do corpo infectadas por vírus oncogênicos (capazes de causar câncer) ou as células em transformação maligna, bem como de secretar substâncias chamadas de linfocinas. As linfocinas regulam o crescimento e o amadurecimento de outras células e do próprio sistema imune. Acredita-se que distúrbios em sua produção ou em suas estruturas sejam causas de doenças, principalmente do câncer.

Sem dúvida, a compreensão dos exatos mecanismos de ação do sistema imunológico muito contribuirá para a elucidação de diversos pontos importantes para o entendimento da carcinogênese e, portanto, para novas estratégias de tratamento e de prevenção do câncer. As células que constituem os animais são formadas por três partes: a membrana celular, que é a parte mais externa da célula; o citoplasma, que constitui o corpo da célula; e o núcleo, que contem os cromossomas que por sua vez são compostos de genes. Os genes são arquivos que guardam e fornecem instruções para a organização das estruturas, formas e atividades das células no no organismo. Toda a informação genética encontra-se inscrita nos genes, numa "memória química" - o ácido desoxirribonucleico (DNA). É através do DNA que os cromossomas passam as informações para o funcionamento da célula.

Uma célula normal pode sofrer alterações no DNA dos genes. É o que chamamos mutação genética. As células cujo material genético foi alterado passam a receber instruções erradas para as suas atividades. As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados protooncogenes, que a princípio são inativos em células normais. Quando ativados, os protooncogenes transformam-se em oncogenes, responsáveis pela malignização (cancerização) das células normais. Essas células diferentes são denominadas cancerosas.

Instituto Nacional de Câncer - INCA
Praça Cruz Vermelha, 23 - Centro
20230-130 - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: (21) 3207-1000

Câncer

Principais causas da doença, como nascem os tumores, a metástase, tratamento, oncologia, origem da palavra, tipos de câncer, câncer de mama, câncer de próstata, câncer de pele

câncer
Célula atacada pelo câncer

Introdução

A palavra câncer tem origem no latim, cujo significado é caranguejo. Tem esse nome, pois as células doentes atacam e se infiltram nas células sadias como se fossem os tentáculos de um caranguejo.

Esta doença tem um período de evolução duradouro, podendo, muitas vezes, levar anos para evoluir até ser descoberta. Atualmente, foram identificados mais de cem tipos desta doença, sendo que a maioria tem cura (benignos), desde que identificados num estágio inicial e tratados de forma correta.

Como os tumores nascem

Os tumores aparecem no organismo quando as células começam a crescer de uma forma descontrolada, em função de um problema nos genes. A causa dessa mutação pode ter três origens: genes que provocam alterações na seqüência do DNA; radiações que quebram os cromossomos e alguns vírus que introduzem nas células DNAs estranhos. Na maioria das situações, as células sadias do organismo impedem que estes DNAs passem adiante as informações.

O tumor desenvolve um conjunto de rede de vasos sanguíneo para se manter. Através da corrente sanguínea ou linfática, as células malignas chegam em outros órgãos, desenvolvendo a doença nestas regiões. Esse processo de irradiação da doença é conhecido como metástase.

Esta doença é tão perigosa, pois possui capacidade eficiente de reprodução dentro das células e também porque se reproduz e coloniza facilmente áreas reservadas a outras células.

Principais causas

Existem vários fatores que favorecem o desenvolvimento do câncer. Podemos citar como principais : predisposição genética (casos na família), hábitos alimentares, estilo de vida e condições ambientais. Todos estes fatores aumentam o risco de uma pessoa desenvolver a doença.

Cãncer nos pulmões, na boca e na laringe são as principais doenças causadas pelo cigarro. Bebida alcoólica em excesso pode provocar, com o tempo, o aparecimento de câncer na boca. Sol em excesso pode afetar as células e cresce o risco do desenvolvimento desta doença na pele. O câncer de mama tem origens nos distúrbios hormonais e é mais comum nas mulheres. A leucemia (câncer no sangue) é desencadeado pela exposição à radiações.

Determinadas infecções podem desencadear o surgimento de tumores no estômago e no fígado. A vida estressante, a alimentação inadequada (rica em gorduras, conservantes e pobre em fibras) também estão relacionados a alguns tipos de câncer.

Tratamento

O melhor tratamento ainda é aquele que visa evitar o surgimento da doença. Para tanto, os especialistas aconselham as pessoas a ter uma vida saudável: alimentação natural e rica em fibras, evitar o fumo e o álcool, ter uma vida tranqüila, fugindo do estresse, usar protetores ou bloqueadores solares e fazer exames de rotina para detectar o início da doença.

Atualmente, a medicina dispõe da radioterapia e de cirurgias para combater a doença. Quando se faz necessário a retirada do tumor, a cirurgia é o procedimento mais adequado. Já a radiação é utilizada para matar as células cancerígenas. Porém, este segundo procedimento tem efeitos colaterais como, por exemplo, queimaduras na pele provocada pela passagem da radiação.

A quimioterapia é um procedimento que visa, através da administração de drogas, impedir a reprodução das células cancerígenas, levando-as à morte. Esse procedimento também tem efeitos colaterais como, por exemplo, a queda de cabelos.

Nos casos de câncer de mama e de próstata é usada a hormonoterapia, pois estes tipos de tumores são sensíveis à ação de determinados hormônios.

Você sabia?

- O dia 8 de abril é considerado o Dia Mundial de Combate ao câncer.

O legado de Ana Luiza

 

Publicado Terça-feira, 12 Julho, 2011 . 11:22 AM hs
Por Ismael Benigno

 

Domingo à tarde, quando chegava à funerária Almir Neves para o velório da Aninha, pude ouvir calorosos aplausos lá em cima, enquanto subia as escadas.

Perguntei a alguém o que tinha ocorrido, e um amigo contou que a Carol, mãe da Ana, tinha acabado de falar. Agradecia as orações de todos, conhecidos e desconhecidos, e aproveitava pra chamar a atenção de todos para o problema alheio.

De todas as lições que tirei da história da Ana, a solidariedade talvez tenha sido a maior. A solidariedade de gente do país inteiro, orando pela saúde de uma pequena desconhecida, mas também a solidariedade dos pais da Ana, Carol e Marcos, que mergulhados no maior dos dramas de um pai, conseguiam pensar em ajudar os outros.

No dia 26 de maio passado, numa das poucas conversas que tive com a Carol durante o tratamento, pela internet, ela me contou de várias outras famílias que conheceu em São Paulo. Crianças, pais, tios, irmãos, todos arrastados pelo câncer à capital paulista, onde tinham mais chances de tratamento e cura. Foi assim com a Ana, foi assim com dezenas de outros meninos e meninas, e é assim que vai continuar sendo.

Nos preparávamos, eu e a Carol, para tentar contar algumas dessas histórias. Ainda não sabíamos onde, se num blog, num livro, numa revista ou num jornal. Até junho passado, a contagem regressiva era primeiro pela volta deles a Manaus, com a Aninha salva. Depois que parentes e amigos fossem ao aeroporto recebê-los em festa, comecaríamos a conversar sobre os pequenos amazonenses que, em São Paulo, não tiveram a chance da Ana, de terem sua história divulgada e de contar com a torcida de tanta gente ao redor do país. Carol me contava que ela e o Marcos começavam a pensar numa forma real, prática de começar a debater o tema e propor soluções.

Brinquei com a Carol sobre ser seu criado. Os ajudaria, a ela e ao Marcos, no que fosse necessário. Com a autorização e a ajuda das famílias, tentaríamos materializar tantas histórias de sofrimento. A intenção da Carol era a de sensibilizar autoridades, mas mais importante, a sociedade amazonense, para a necessidade de um centro de referência em tratamento de câncer, aqui mesmo em Manaus.

Quis o destino que, uma semana depois daquela conversa, a doença da Ana tivesse voltado. E que domingo, um mês e um dia depois da notícia, seus amigos estivessem diante daquela porta de desembarque no aeroporto Eduardo Gomes, esperando para chorar a sua morte e abraçar seus pais.

Concordávamos que não fazia sentido que uma das cidades mais ricas do país não conseguisse fazer exames médios ou que não tivesse uma UTI pediátrica em seu hospital especializado, e que nossos pacientes precisassem esperar semanas para ter o resultado de um exame. Não é necessário dizer que no tratamento do câncer a diferença entre vida e morte quase sempre é contada em dias.

A Aninha foi enterrada anteontem, ainda é tudo muito dolorido para todos. Se eles tivessem voltado pra Manaus com ela saudável, ainda estaríamos festejando um milagre, e toda a festa do mundo não seria suficiente para comemorar sua saúde. Voltaram com ela morta, e não há tempo suficiente que vá curar a saudade. É muito cedo pra tudo.

Mas com as palavras da Carol e do Marcos diante do caixão da Aninha, eu soube que, mais do que nunca, eles desejam que o maior legado da filha, a solidariedade, ajude outras crianças a serem mais apoiadas, tanto pelos governos quanto pela sociedade.

Honestamente, depois dos últimos dez meses, não vou me importar em ser acusado de estar “politizando” a história da Ana. Outra das lições daquela menina foi a noção de perspectiva que ela me ensinou, mesmo sem querer. Com a dimensão da sua história, perdi vários medos e sublimei vários “problemas”, que depois da história dela, viraram bobagens pessoais minhas. Sei que isso ocorreu com muita gente.

Mais do que a mobilização inédita criada em São Paulo pela doação de sangue em pleno carnaval, a vida e a morte da Ana precisam ser relidas de todas as formas possíveis, como uma homenagem. O drama dela e de seus pais foi o drama de uma família que podia pagar um plano particular de saúde, que tinha familiares em São Paulo que pudessem hospedá-los, que recebeu ajuda de conhecidos e desconhecidos. Carol e Marcos têm amigos advogados, médicos e funcionários públicos. De alguma forma, sempre que precisaram, alguém tentou ajudá-los.

Essa é a exceção, e não a regra. Não é hora de começar a luta para que os amazonenses tenham melhor estrutura de tratamento do câncer. Agora é hora de chorar, sentir saudade, prestar homenagens à Aninha e apoiar sua família. Mesmo que a própria Carol já tenha “politizado” sua história, diante do corpo da própria filha, nunca estaremos inteiramente preparados para debater o aspecto público, do acompanhamento e do tratamento destes doentes, sem sermos acusados de tentar macular o governante X ou osecretário Y.

Pra mim, no entanto, a história da Ana é muito maior do que as críticas que se possa fazer ao sistema de saúde amazonense. Como também é muito maior do que a defesa automática que pessoas ligadas aos governos venham a fazer, desde cedo pedindo que não se leve a história da Ana para o lado do governo.

Não, essa história não é a da Ana. Essa é a história do pequeno Huascar, de 3 anos, que há dois anos atrás tinha apenas um mês de vida, e que hoje continua seu tratamento em São Paulo. É a história da Beatriz, de 14 anos, mesatenista que descobriu um câncer no fêmur e ficou à base de morfina, até conseguir se mudar pra São Paulo. Essa é a história de João Bosco, de 29 anos, pai de uma menina de 6 anos, que descobriu o pior tipo de leucemia e até hoje faz tratamento em São Paulo, pagando remédios de 9 mil reais, e que só poderá deixar o hospital depois de pagar a dívida.

Faz parte da herança da Ana que tomemos conhecimento dessas histórias, não porque gostamos ou não do governo. É preciso que deixemos nosso pirão diário de lado, nem tudo gira ao redor da nossa missão diária de defender ou atacar quem banca o nosso almoço. Enquanto deixamos que crianças doentes dependam do Dia Feliz de uma rede de fast-food, enquanto esperamos que meninos e meninas ganhem latas de leite como caridade de órgãos públicos, mais crianças, jovens, adultos e velhos vão continuar essa via crucis atrás de tratamentos — que temos dinheiro pra ter aqui.

É essa a solidariedade que a história da Ana deixou evidente. A solidariedade que uniu milhares de pessoas no Brasil inteiro, em oração, pela saúde dela. Com sua morte, ficamos aqui embaixo com a saudade, a tristeza, mas também com dezenas, talvez centenas de Anas à espera de ajuda.

Os exemplos que dei acima não são de pessoas pobres. Huascar é filho de uma funcionária da FCECON, Beatriz é aluna do Adalberto Vale, filha de uma professora e de um autônomo. Ana Luiza deixou uma família linda, feliz, estruturada, que podia pagar um plano de saúde e tinha muitos amigos.

Muitos outros não têm nada disso. Há várias instituições em Manaus que recebem pessoas vindas do interior, sem qualquer assistência. Pessoas que esperam 15 dias pelo resultado de uma biópsia, que sofrem queimaduras porque os aparelhos de radioterapia no Amazonas são antigos. Pessoas que não sabem, muitas vezes, a gravidade da doença que têm. Muitas morrem sem saber das chances que poderiam ter se nossa estrutura fosse melhor.

O câncer não muda, é doença grave em quem pode e em quem não pode se tratar. Você pode tomar conhecimento dessas histórias e se ofender, achar que eu as uso pra criticar quem quer que seja. Você, que quer criticar, pode achar que eu estou fazendo discurso político e quer fazer côro comigo. Nada disso muda a realidade, e a realidade é que essas pessoas existem.

Eu queria muito que a Aninha ainda estivesse aqui conosco. Sei que, assim que pudesse, ela e os pais iam tentar ajudar o Amazonas a tratar melhor as pessoas que precisam de ajuda contra o câncer.

Mas a Aninha morreu. Nós, que a amávamos e cujas vidas foram tocadas pela vida dela, ficamos aqui. Há muito o que pode ser feito para outras pessoas que sofrem com essa doença.

Naquela conversa do dia 26 de maio, enquanto criava coragem para empunhar a bandeira dos pacientes de câncer no estado, a Carol me reapresentou a um texto antigo, que eu já não lembrava mais, e que naqueles dias a ajudava a pensar mais seriamente no assunto. Era sobre os julgamentos e as possíveis críticas que ela e o Marcos receberiam, por se meterem num mundo tão cheio de verdadeiros sacerdotes a serviço do bem público, a Política:

As pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas.

Ame-as MESMO ASSIM.

Se você tem sucesso em suas realizações, ganhará falsos amigos e verdadeiros inimigos.

Tenha sucesso MESMO ASSIM.

O bem que você faz será esquecido amanhã.

Faça o bem MESMO ASSIM.

A honestidade e a franqueza o tornam vulnerável.

Seja honesto MESMO ASSIM.

Aquilo que você levou anos para construir, pode ser destruído de um dia para o outro.

Construa MESMO ASSIM.

Os pobres têm verdadeiramente necessidade de ajuda, mas alguns deles podem atacá-lo se você os ajudar.

Ajude-os MESMO ASSIM.

Se você der ao mundo e aos outros o melhor de si mesmo, você corre o risco de se machucar.

Dê o que você tem de melhor MESMO ASSIM.

Veja que, no final das contas, é entre você e Deus.

Nunca foi entre você e as outras pessoas.

Madre Tereza de Calcutá

Há dias eu choro, todos choramos.

Mas ainda há choros que podemos ajudar a enxugar.

A Carol e Marcos são meus faróis sobre a história da vida e da morte da Aninha.

Mudou tudo. Mas no que eles precisarem, eu vou me dispor a ajudar.

Era isso.

disponível em: <http://blogs.d24am.com/omalfazejo/2011/07/12/o-legado-de-ana-luiza/>

Suicídio: coragem ou covardia?

Não creio que possa ser considerado nem ato de coragem nem de covardia alguém tirar a própria vida. Coragem é algo de nobreza. Suicídio não tem grandeza alguma. Também não é covardia porque o covarde prejudica o outro e não a si mesmo.


Um exemplo para distinguirmos a coragem da covardia. O bandido mata por cobiça, ódio, desespero ou mesmo inveja. Ele sim age covardemente assassinando pessoas indefesas. O bom policial mata por preservação da própria vida ou para proteção da vítima. Então age corajosamente para manter a ordem e o direito de viver.


Então qual a causa do suicídio? Solidão? Não. Do contrário pai de família não destruiria a própria vida! Dificuldade financeira? Também não, pois há incidência em todas as esferas sociais. Uso de medicamentos, drogas, álcool? Se fosse o caso, haveria suicídio coletivo de usuários e dependentes. Idade? Novo demais, inexperiente para suportar as exigências da vida? Velho demais, cansado com os problemas ao longo dos anos? Não. Não existe um parâmetro que me leve alguma exata conclusão sobre o fato.


Imagino, no alto da minha leiguice, que a causa de tantos suicídios possa ser motivada pela instabilidade emocional. A pessoa sente-se insegura e impotente diante de situações difíceis e, aparentemente, sem solução. Aí, instala-se o desespero, a desesperança e em sua mente imagina-se eterno e único sofredor do Planeta. Entrando num estado gravíssimo de autopiedade, de extrema autocompaixão. Um melodrama em pensamentos destrutíveis perpassa nessa hora: “não tenho saída”, “ ninguém se importa comigo”, “não vou conseguir sanar as dívidas”, “não serei curado”, entre tantas outras idéias negativas que se somam no momento de instabilidade. A verdade é que sem auto-estima, sem de fé, a visão limitada da vida é porta aberta para se cometer suicídio.


Sabe, todos temos maus momentos. Se alguém disser que nunca passou pelo menos por um, é para se sentir privilegiado, pois acertou na loteria da vida! Quanto a mim, já passei por tantos dissabores e ainda passo e sei que não estou livre deles. Vi morrer pessoas queridas, quase perdi meus filhos, subtraíram-me todos os bens, enfim, um cota generosa de sofrimentos que tive que aprender recomeçar a vida muitas vezes.


A vida toda sofremos por diversos motivos. Seja por nós mesmos ou por alguém que amamos. Se um irmão está gravemente doente, angustia-me a impotência de não poder fazer muito. Ainda não aprendi a operar milagres! De uma coisa tenho certeza, por mais dolorido que seja, nada vai me fazer desistir da vida. Sabe por quê? Porque não sou covarde para me deixar vencer pelos problemas e dificuldades. Tenho ciência de que os momentos ruins são transitórios. E também não tenho coragem de fazer sofrer aqueles que me amam deixando-os.


Hei! Você aí que anda com umas ideias esquisitas e feias, procure fazer algo a seu favor! Primeiro ame-se. Saber-se querido é de grande valia nessas horas! Depois faça algo que goste, pense no que o deixa com aquela sensação de prazer. Nada de recorrer a medicamentos, drogas ou álcool! O bem estar encontramos livres de artifícios. Vem de dentro de nós ou dentro de alguém querido. Pode ser uma lembrança boa que surge na mente ou uma palavra animadora saída do coração amigo. O que não pode acontecer nessas horas de desespero é ficarmos sós. Minha avó sempre repetia um dito popular que cabe bem aqui “mente vazia é oficina do diabo”. E bem sabemos que ele não tem idéias bonitas para colocar lá dentro, não é?


Busque por algo maior que seja capaz de tirar essa idéia de pôr fim na vida! Se quer desistir de viver por estar doente, seja antes exemplo para alguém. Se o acidente de moto ou carro paralisou suas pernas, deixando para sempre numa cadeira de rodas, acredite, não é o fim! Ou se encontra com doença incurável, ainda assim espere pelo melhor sempre. Não desanime! Sim, é normal o desânimo, a revolta no início. A não aceitação é humana. Logo vai descobrir novas formas de sentir alegria. Tenha calma. Seja bom exemplo para outras pessoas.


Você escolhe seu amanhã. Poderá ser exemplo de coragem ou covardia. Pense bem no que deixará de herança para a família e para os amigos. Um exemplo a ser seguido ou uma fracasso a ser esquecido?



[Djanira Luz: Publicado no Recanto das Letras em 30/09/2010]

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Observar-se

A maioria de nós não sabe interpretar uma mensagem, um problema que nos atinge, ou mesmo uma dificuldade aparente. Não observamos, porque fomos treinados a obedecer sempre...

Para nós, quando algum fato importante acontece, é desgraça, coincidência ou ainda reflete a ajuda de algum ser sobre-humano.
As religiões querem assim: Sermos míopes para a vida e seguirmos só o que interessa a elas. Afinal, a expressiva maioria contribui forte e financeiramente para a Obra do Senhor...

Não nos damos conta de que o LIVRE-ARBÍTRIO é uma regra poderosíssima e que NINGUÉM pode ou deve interferir em nossa caminhada e, consequentemente, no aprendizado do outro ser humano.

Qual o preço de seguirmos os outros? São vários...

Simplesmente não entendemos por que ficamos doentes! Não sabemos que as desgraças são o resultado de nossas posturas inadequadas, desta e de outras vidas passadas! Não entendemos os sinais que a vida nos apresenta e, assim, não evoluímos! Não nos capacitamos a evitar problemas! Tornamo-nos reféns de coisas materiais! O exterior prevalece em detrimento do interior! Festas e badalações são mais importantes do que o encontro consigo mesmo!
O dinheiro passa a ser tudo! Não prestamos atenção para nossa intuição!

É óbvio que, da forma como vivemos, fica muito difícil encontrar o caminho adequado para cada um de nós. Principalmente se não estamos satisfeitos com as nossas colheitas.

Evitei, propositalmente, colocar a palavra conquistas. Preferi optar por colheitas. Com o tempo, e seguindo você mesmo, você irá descobrir que as palavras são gêmeas.

Os problemas que temos, quando não entendemos o que fazemos neste planeta, são sempre culpa de alguém. Precisamos buscar um culpado.

O capeta está sempre na liderança do mal. E isso é um absurdo.

Não podemos atribuir a uma figura que não existe a responsabilidade pelo que colhemos, quando for bem diferente daquilo que queríamos.
Invariavelmente, os percalços são meras coisas da vida e nunca retornos. Afinal, fomos adestrados a pensar e concluir que há necessidade do plano B, ou de esperar pelo super-ser que tudo resolve.

Não, não há necessidade de plano B. É só operar no plano A, com respeito às regras do Universo. E a maior delas diz que não devemos fazer ao outro o que não queremos que seja feito para nós.
Portanto, antes de querer mudar, é preciso OBSERVAR-SE. Aprender a entender-se. Descobrir o ser maravilhoso que existe dentro de cada um de nós.

Entender que, se quisermos controlar a vida dos outros... o retorno dessa atitude será caríssimo.
Entender se somos criadores ou seguidores? Aqui começa a boa e correta interpretação de uma vida.
Entender se nossa vida é efetivamente colheita e retorno de como somos e como pensamos...

Entender que há um deus, sim... mas que vive dentro de nós. Dormindo, na maioria das vezes. Porque achamos que existe somente o outro... eu não fiquei órfão quando descobri que esse ser é ficção.

Entender que ajudar os outros é uma ação muito complicada. Só ajude a quem lhe pedir. Estar sempre disponível para os outros é atitude demagógica e altamente religiosa.

Entender que é preciso cuidar de si antes de cuidar do outro. Isso não é egoísmo. Chama-se Amor-Próprio.
Portanto, é muito mais importante, para se ter uma vida saudável, saber observar a si mesmo.

Confesso, contudo, que não é uma prática fácil OBSERVAR-SE.

Somos, afinal, como disse anteriormente, fruto de muitos valores que não queremos mais utilizar, mas, que, disciplinadamente ou por medo de romper, continuamos aplicando em nossas vidas.
O novo, às vezes, assusta-nos, principalmente se tivermos sido educados em função do medo, do terror, do bicho-papão... e de tantos outros métodos de adestramento.

A vida está à nossa frente para ser vivida, enfrentada, desafiada e jamais para ser levada com excesso de disciplina e rigor, principalmente, se isso nos for imposto por terceiros.

É com o novo que evoluímos. E, OBSERVAR-SE significa ENCONTRAR-SE. O maior segredo de uma vida saudável vem da fé que temos em nós mesmos.

[Saul Brandalise Jr.]

Até quando vale a pena lutar por um amor?

Muitas vezes, vivemos relacionamentos difíceis, que nos causam muito mais tristezas, decepções e dores do que alegrias e satisfação. Mas, por algum motivo que nem nós mesmos sabemos qual é, insistimos em manter essa relação. Teimamos em tentar de novo, nos agarramos em palavras que não correspondem com a realidade nem com as atitudes tomadas pela outra pessoa. E assim, confusos e perdidos nesta sensação entre o amor que gostaríamos de viver e o que realmente estamos vivendo, não sabemos o que fazer!

Convencidos de que amamos a outra pessoa, nos enchemos de forças e coragem para lutar por ela. Mas, logo depois, percebemos que não há reciprocidade, que a pessoa não está disposta a lutar, a tentar de verdade, a cumprir o que promete e, então, vemos nossas esperanças se diluírem e a nossa dor aumentar ainda mais. Algumas pessoas adoecem, entram em depressão, sentem-se desmotivadas, afastam-se dos amigos, perdem até o emprego por causa de uma relação que mais parece uma tortura, esmagando sentimentos e desejos.

Neste momento, por mais que não queiramos ouvi-la, a pergunta se repete em nossa alma e exige uma resposta: vale a pena continuar? Vale a pena insistir? Será que existe a possibilidade de conquistar essa pessoa definitivamente?

Enfim, creio que a resposta não seja tão objetiva, especialmente porque não podemos prever o futuro com tamanha clareza. No entanto, esta é, sem dúvida, a hora de olhar para nós mesmos e nos respeitarmos, nos valorizarmos e, acima de tudo, nos amarmos. Não tenho dúvidas de que se não fizermos isso, a outra pessoa também não fará. Mas se, ao contrário, decidirmos nos reconquistar, lutar por nós mesmos, enxergarmos o que temos de bom e nos reerguermos, haverá uma saída. Ou seja, ganharemos força e discernimento para descobrirmos a resposta certa: se vale a pena ou não!

Se valer, estaremos prontos para exigirmos o que queremos desta relação, mostrando à pessoa que merecemos ser amados, respeitados e valorizados. E ela, se realmente nos amar, estará disposta a nos dar o que merecemos.

Mas se não valer, estaremos prontos para abrir mão deste relacionamento que não nos tem trazido nada de bom, que tem servido apenas para nos deixar angustiados e desesperados com tamanha indecisão, incerteza e incoerência.

Então, se você estiver vivendo um relacionamento que tem lhe causado mais dor do que alegria, eu sugiro que você se faça algumas perguntas e seja sincero consigo mesmo. A primeira é: você realmente ama esta pessoa? Se a resposta for não, então nem precisa responder as próximas questões. Mas se for sim, então pergunte-se: tem dado o melhor de você para tentar salvar a relação? Depois, avalie: a pessoa amada está disposta a salvá-la também? As atitudes dela demonstram um verdadeiro amor ou expressam indiferença, incompreensão e desrespeito?

Caso ambas estejam dispostas a se reconquistarem, é bem provável que consigam. Mas se só você estiver disposto a isto, o melhor a fazer é colocar um ponto final nesta história, pois um relacionamento se compõe de dois corações e nunca de apenas um!

Talvez, um dia, esta pessoa esteja pronta para viver esta relação e volte a lhe procurar, mas por enquanto, os fatos estão mostrando que não dá mais! Lembre-se que uma pessoa se apaixona por outra por causa de suas qualidades e depois, com a convivência, aprende a aceitar os seus defeitos. Então, cuide de você, expresse mais as suas qualidades, melhore seus pontos fracos, supere suas limitações e torne-se uma pessoa apaixonante.

Não desperdice a sua vida insistindo numa relação que não lhe faz crescer, que não torna você uma pessoa mais consciente e mais inteira. E nunca se esqueça que o Universo lhe dá exatamente aquilo que você acredita que merece! Portanto, trate de se valorizar e, assim, terá certeza absoluta de que você merece muito mais...

 

[Rosana Braga]