quinta-feira, 14 de julho de 2011

Crianças gostam de ouvir histórias e de conversar com os pais

Bater papo ajuda a se sentir parte de um grupo familiar. Férias devem ser aproveitadas para momentos juntos sem obrigações.

 

As férias escolares estão se aproximando. As crianças não veem a hora de não terem compromissos, horários e lições de casa. Querem não fazer nada. Acordar e dormir tarde. Tirar um cochilo durante o dia, sair para passear e brincar. Poderem escolher o que fazer. Ou seja, querem estar de férias mesmo.

Para alguns pais, esse período deve ser aproveitado pelos filhos com algo útil – enchem o horário deles com passeios, viagens, cinema, teatro e um mundo de coisas. Sobra-lhes menos tempo que no semestre letivo.

Outros, no entanto, não esquecem que a criançada tem que brincar, mas querem que também estudem. Algumas escolas compartilham dessa ideia e passam tarefas para serem feitas em julho. Às vezes, as crianças têm que ler um ou dois livros – obrigatoriamente – para, quando agosto chegar, ter uma atividade envolvendo a leitura prévia deles.

E aquele que era para ser um tempo de descanso, de ficar de papo para o ar, acaba sendo um período em que as crianças ficam muito compromissadas e cansadas.

A maioria dos pais não tira férias junto com os pequenos. Mas a mudança de rotina é para eles também. Não precisam acompanhar as lições ou o estudo para a prova. Muito menos levá-los ou buscá-los na escola. De certo modo, tiram férias dessas atividades, o que resulta em estarem menos cansados e terem um tempinho sobrando, que podem aproveitar para não fazerem nada juntos.

Essa é uma das coisas que os pais menos fazem com seus filhos – estar juntos sem uma obrigação. Inclua-se nisso aniversários, festinhas escolares e reuniões familiares, entre aquelas do dia a dia já mencionadas. Um encontro verdadeiro entre duas pessoas. Que inclusive, andam conversando pouco. Há tão pouca chance para isso hoje.

As crianças gostam muito de conversar com os pais, de contar suas coisas e de ouvir o que eles têm a dizer.

Principalmente no que diz respeito às histórias dos adultos. De quando eram crianças, como era sua escola, o que gostavam de brincar, suas traquinagens. Apreciam saber sobre os avós e até bisavós. É uma riqueza sem fim para eles. Pode parecer pouca coisa. Não é.

Tomar conhecimento da história de nossos antepassados é conhecer um pouquinho de nós mesmos. De nossas origens. O que ajuda a criança a se sentir pertencente a um grupo familiar e na construção de sua identidade.

É assim quando estudamos a história do nosso país e do mundo. Ela nos ajuda a nos situarmos no tempo e no espaço, que viemos de algum lugar e que podemos ir para outro.

Isso inclui também as histórias sobre ela própria – de quando pensaram em tê-la, os nomes desejados e quando foram para a maternidade. Suas roupinhas, um fato engraçado e até um triste (fazem parte da nossa vida).

O que pode ser algo recheado de fotos – ainda mais hoje em dia, que qualquer celular oferece essa possibilidade. Quantas fotos as crianças têm hoje – são lembranças e histórias. E todos nós temos uma.

Contar as histórias da família e dela própria, além do aspecto psíquico já comentado, também tem o aspecto intelectual. Quando ouvimos um relato, estimulamos a imaginação e consequentemente a criatividade. Aumenta a chance de sermos mais criativos na hora de contarmos algo escrevendo.

Não necessariamente uma criança tem apenas que ler livros para que isso ocorra. Além de lê-los, ela simplesmente pode ouvir o que os outros têm para lhe contar. Que terá um valor maior pelo significado emocional de fazer parte da história, que é a da vida dela.

Os pais podem relaxar e tirar um bom proveito da companhia do filho. Esse encontro raro pode ser prazeroso e enriquecedor, tanto do ponto de vista emocional, quanto do intelectual.

Férias foram feitas para descansar. Aproveitem!!

[Ana Cássia MaturanoEspecial para o G1, em São Paulo]

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