quinta-feira, 7 de julho de 2011

Densitometria Óssea

O que é a densitometria óssea (DMO)?
A densitometria óssea é um exame que permite determinar a densidade do osso através da absorção dos protões emitidos por uma fonte radioactiva que atravessa o osso. A quantidade absoluta de osso medida pela DMO está correlacionada com a força óssea e a sua capacidade de suportar carga ou peso. Medindo a densidade do osso, é possível prognosticar o risco de fractura.
O aparelho que determina a densidade mineral óssea produz dois feixes de raios x, cada um deles com diferentes níveis de energia – um feixe com alta e outro com baixa energia. A quantidade de raios x que passa através do osso é medido pelo aparelho. O resultado do exame decorre do enfoque de radiação em duas áreas – a anca, mais precisamente o colo do fémur, e a coluna lombar.

Como se avaliam os resultados de uma DMO?
Os resultados da DMO são apresentados sob a forma de “score” ou pontuação “T”, que se obtém comparando em desvios padrão (variação ou afastamento em relação ao normal), o resultado da densidade mineral óssea medida no indivíduo em estudo com o resultado do pico de densidade mineral óssea calculado para o mesmo sexo e grupo étnico. Desta forma, se a pontuação “T” for de zero (0) significa que o valor medido é igual ao valor calculado do pico da densidade mineral óssea para o mesmo sexo e etnia. Se o valor for (-2), significa que o valor determinado no indivíduo está 2 desvios padrão abaixo desse valor. A determinação da DMO fornece a ordem de grandeza do risco relativo do paciente sofrer uma fractura osteoporótica e este risco relativo é calculado através da comparação de dois riscos absolutos - o risco absoluto de fractura nos doentes com a densidade mineral óssea igual ao da medida no doente que está a ser estudado, sobre o risco de fractura no paciente da mesma idade e com densidade mineral óssea igual ou próxima à do pico de massa óssea, para o mesmo sexo e grupo étnico.

Como se interpretam os resultados da DMO?
A Organização Mundial de Saúde baseou-se na densidade mineral óssea para definir três categorias diagnosticas específicas:
Normal: quando o valor determinado pela DMO está estatisticamente dentro de 1 desvio padrão em relação ao adulto jovem. Este resultado traduz que a densidade mineral óssea está ainda muito próxima da do pico de massa óssea, sendo consequentemente muito baixo o risco relativo de haver uma fractura osteoporótica.
Osteopenia: quando o valor determinado da DMO é estatisticamente superior a 1 desvio padrão e menor de 2.5 desvios padrão em relação à média de um adulto jovem. Este resultado traduz um risco relativo de fractura superior à do grupo anterior, mas não suficientemente superior para que se possa ser diagnosticado osteoporose.
Osteoporose: quando o valor determinado da DMO é estatisticamente superior a 2.5 do desvio padrão em relação à média do adulto jovem. E se há pelo menos uma fractura osteoporótica estamos perante uma osteoporose grave.

Porque é que a medição da densidade óssea é importante?
A DMO permite ao médico avaliar com precisão a densidade mineral óssea do paciente e verificar se este padece de diminuição da densidade do osso, nomeadamente se tem - osteopenia ou osteoporose. Se algum destes diagnósticos se confirmarem o médico deverá aconselhar o doente com medidas não farmacológicas e eventualmente medicamentosas que ajudam a conter ou reverter a evolução natural da perda de densidade óssea. Resumindo, a DMO é importante para diagnosticar a osteoporose antes do aparecimento de fracturas, possibilitando assim a sua prevenção; para avaliar o risco futuro de nova fractura nos doentes que tiveram fractura prévia; e para monitorizar a eficácia do tratamento quando instituído, na osteoporose.

Quem deve realizar a DMO?
Embora a DMO seja útil para o diagnóstico de osteoporose, ela só deve ser solicitada aos doentes em risco de sofrerem uma fractura osteoporótica. Têm indicação médica para realizar este exame - mulheres que sofrem de menopausa precoce, indivíduos com doenças crónicas associadas a osteoporose e a existência de factores de risco acrescidos em mulher pós-menopáusica, nomeadamente: história materna de fractura do colo do fémur, estatura baixa e magra, fractura prévia por fragilidade óssea, tabagismo e alcoolismo. Outras indicações são: a terapêutica prolongada com corticosteróides, a evidência ao “raio x” de deformação e/ou osteopénia vertebral e a todas as mulheres com 65 anos. Deve-se apenas pedir este exame se influenciar a decisão terapêutica e se o paciente pretender ser medicamentado no caso do resultado da DMO assim o indicar.

Quais as situações em que é pedido indevidamente a DMO?
A DMO não é um exame complementar de diagnóstico de rastreio universal, isto é, não deve solicitado invariavelmente a todas as pessoas ou mulheres para despiste de osteoporose.
Também não são indicações:
· O início da menopausa
· A dor de costas (lombalgia ou dorsalgia) sem fractura
· Nas rotinas anuais da mulher na idade da menopausa

Quando se deve realizar uma DMO para monitorizar o tratamento?
A monitorização do tratamento da osteoporose é um assunto controverso. Evidências cientificas recentes questionam a utilidade e eficácia da monitorização do tratamento da osteoporose ou mesmo a realização da DMO para prevenção da osteoporose.
Seguem alguns argumentos:
1. A DMO não permite distinguir entre o real aumento da densidade mineral óssea devido ao tratamento e uma pequena variação de medição por erro do aparelho.
2. Não existe uma boa correlação entre o aumento da densidade mineral óssea medido pela DMO e a diminuição do risco de fractura com o tratamento.
3. Muitas vezes a avaliação da densidade mineral óssea durante o tratamento não ajuda o médico a planear ou a modificar o tratamento. Na prática médica, está recomendado a repetição da DMO com um intervalo de pelo menos dois anos, após o diagnóstico de osteoporose e o início da terapêutica.

Autor: Dr. Mário Santos

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