sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Amor e Humildade: a recusa da vaidade e do ódio

Todos estamos extremamente dependentes da sorte, todos estamos sujeitos à dor e à morte. Todos necessitamos de amor. Todos partilhamos as mesmas condições existenciais. Somos diferentes, mas também iguais. E entendê-lo no fundo da nossa alma, é tornarmo-nos humildes, e abandonar vaidades e orgulhos.
É por isso que Sponville afirma: «A humildade é a virtude do homem que sabe que não é Deus». É por isso que a humildade é uma virtude maior, e não uma virtude dos fracos e dos perdedores, como às vezes se pensa.

Ser-se humilde é não dar demasiada importância à nossa força, ao nosso poder, à nossa inteligência.
A inteligência não basta. É preciso humildade. Se Aristóteles – de cuja inteligência superior ninguém duvida - tivesse sido mais humilde, não teria produzido as afirmações que produziu sobre a mulher («As mulheres são limitadas por natureza». «A mulher é como se fosse um macho estéril»), nem teria defendido a escravatura («Há pouca diferença entre usar escravos e usar animais domesticados: ambos dão ajuda física na realização dos trabalhos»).
Aristóteles não revelou a humildade, que outros no seu tempo ou alguns anos depois dele revelaram:

Não será que esse que qualificas de escravo nasceu das mesmas sementes e goza do mesmo céu que tu; e não será que ele, como tu, respira, vive, morre, e que nele podes ver o senhor e em ti o servo?
Séneca
És meu parente porque participas da mesma inteligência e destino divino
Marco Aurélio

Odiar os outros é falta de humildade:

Não é próprio do homem de senso odiar os que erram, pois de outra maneira todo o homem se odiaria a si mesmo. Não há ninguém que se possa absolver a si mesmo, e se alguém se proclama absolutamente inocente diante dos outros, não é assim na sua consciência
Séneca

Mais ainda: a falta de humildade é fonte de guerras e de actos criminosos. A falta de humildade leva a que o adversário seja visto como inumano e inimigo, e se proclame o direito à vingança.
No fundo, a vida acaba por ser uma longa lição sobre humildade. Mas é com dificuldade, e normalmente demasiado tarde, que o percebemos.

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