segunda-feira, 14 de março de 2011

Depressão é doença e tem tratamento

“Isso é psicológico. Logo passa” é o que muito se pensa sobre a depressão. Mas encarar este mal como algo simples que deve ser superado sozinho, apenas agrava o quadro. Depressão é uma doença. Caracterizada por afetar o estado de humor da pessoa, deixando-a com uma tristeza anormal e constante, pode ser recorrente. Segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria, os que já tiveram um episódio de depressão têm 50% de risco de repeti-lo. Se já ocorreram dois casos, a probabilidade de recaída pode chegar a 90%.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão atinge 121 milhões de pessoas no mundo. O órgão ainda prevê que até o ano de 2020 a depressão passe a ser a segunda maior causa de incapacidade e perda de qualidade de vida. Estima-se que cerca de 17 milhões de brasileiros tenham a doença e, segundo levantamento do INSS, 74.418 trabalhadores foram afastados de suas atividades em 2007 por essa razão. Mesmo com essa incidência, apenas um entre cada quatro deprimidos procura ajuda profissional. Porém, quando devidamente tratado, até 70% dos depressivos apresentam melhora.

Qualquer pessoa pode ser atingida por essa enfermidade, porém mulheres têm até duas vezes mais chances de serem afetadas que os homens. Não se sabe se a diferença é devida a pressões sociais, diferenças psicológicas ou ambas. A vulnerabilidade feminina é ainda maior no período pós-parto: cerca de 15% das mulheres relatam o chamado estado puerperal, apresentando sintomas depressivos nos seis meses após o nascimento de um filho.

Critérios para o diagnóstico
Nem sempre é possível saber quais acontecimentos levam alguém a ficar deprimido. Problemas psicossociais, como a morte de alguém próximo, o final de uma relação amorosa ou desemprego podem desencadear um quadro depressivo. No entanto, até um terço dos casos são associados a condições médicas crônicas ou terminais. Diversos medicamentos de uso continuado podem desencadear esse quadro. Entre eles estão os anti-hipertensivos, as anfetaminas (presentes em controladores do apetite), drogas para tratamento de gastrites e úlceras (cimetidina e ranitidina), contraceptivos orais, anti-inflamatórios, derivados da cortisona e o próprio álcool.
Para caracterizar o diagnóstico de depressão, foi criada a tabela DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders). Porém, antes de se auto-avaliar como depressivo, lembre-se de consultar um médico ou psiquiatra, para um diagnóstico correto.

Da lista abaixo, cinco ou mais sintomas devem estar presentes. Dentre eles, um é obrigatório: estar deprimido ou desmotivado para tarefas diárias há pelo menos duas semanas.
São os sintomas da depressão:
• Anedônia: interesse diminuído ou perda de prazer para realizar as atividades de rotina;
• Sensação de inutilidade ou culpa excessiva;
• Dificuldade de concentração;
• Fadiga ou perda de energia;
• Distúrbios do sono: insônia ou hipersônia diárias;
• Problemas psicomotores: agitação ou retardo psicomotor;
• Perda ou ganho significativo de peso repentino;
• Ideias recorrentes de morte ou suicídio.

Os sintomas da depressão interferem diretamente na qualidade de vida e possuem sérios reflexos sociais. A doença está associada à morte de cerca de 850.000 pessoas por ano, conforme dados da OMS.

Tratamento
A depressão é uma doença reversível, ou seja, há cura completa se tratada adequadamente. O acompanhamento médico sempre é necessário, sendo que o tipo de tratamento deve ser relacionado ao perfil de cada paciente.

São necessários psicólogos e assistentes sociais próprios para identificar casos da doença. Segundo a psicóloga Norma Silva, “a depressão na fase inicial é uma defesa sobre as problemáticas enfrentadas pelo indivíduo, mas, quando não acompanhada, pode ser agravada e gerar inaptidão profissional”.

Para controle de casos leves ou moderados, pesquisas na área indicam a psicoterapia. O método oferece a vantagem de não empregar medicamentos e diminuir o risco de retorno do quadro, desde que a pessoa aprenda a reconhecer e lidar com os problemas e sintomas. “Quando a causa da depressão é relacionada à condição de trabalho, como ambiente, hierarquia e rotinas, agimos pontualmente sobre o assunto”, relata Norma. “Em alguns casos, poucas sessões semanais de terapia podem reverter o paciente. "

Embora reconheçam os benefícios da psicoterapia, a maioria dos autores admite como tendência moderna o emprego de medicamentos. Muitos portadores de depressão não se dispõem a fazer psicoterapia nem a tomar remédio. A prática de exercício físico regular e o aumento do número de atividades diárias prazerosas combatem a depressão, oferecendo uma melhora no humor e na auto-imagem. Independente da realidade do paciente, é preciso saber que a depressão é uma doença potencialmente grave e reincidente, porém reversível quando acompanhada adequadamente.
Precisa de ajuda?

Centro de Valorização da Vida – CVV
Telefone: 141

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