sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Por que você quer ter um relacionamento afetivo-amoroso?

A maioria das pessoas procura conhecer a si mesmo. O método mais comum é a leitura de livros sobre o assunto e, principalmente para mulheres, a solução de testes sobre si mesma em vários aspectos. Outro método que há, muito usado pelos homens, é a reflexão sobre ele mesmo.
Com a ajuda de um livro que instiga a reflexão sobre algo ainda não pensado, a reflexão é o meio mais eficaz para chegar ao autoconhecimento. Com base nesse domínio, a pessoa conhece a sua personalidade, define o seu perfil, sabe avaliar suas características positivas e negativas, sabe definir os seus objetivos e traçar o seu caminho. Conhece também suas reações às ações externas e consegue identificar suas atitudes. Só por meio dessa cognição, consegue-se reconhecer o que deve ser mudado em si mesmo.
É do conhecimento comum a expressão “seja você mesma”, mas muitos a interpretam de maneira equivocada. E esse erro é refletido no relacionamento.
Ser você mesma não é ser intransigente: “aceite-me como sou porque não vou mudar em nada”. Ser você mesma é não suprimir a sua personalidade para adotar a de outra pessoa.
E para que isso não ocorra (adotar a personalidade de outrem), a consciência de si mesmo é inevitável. Como poderá distinguir o que pertence genuinamente à sua personalidade e o que pertence à do outro ser, senão conhecendo a sua própria?
Portanto, é inquestionável a importância do autoconhecimento. Essa percepção é contínua, um exercício que será realizado até os últimos dias de sua vida, pois além de sermos reflexo de nossa genética, da educação que obtivemos, das experiências que presenciamos, somos o reflexo do mundo em vivemos. E sabemos que o mundo está em mutação permanente, desse modo, nossa personalidade também a está.
Partindo desse pressuposto (da irrefutável necessidade de conhecer-se), para iniciar uma relação amorosa, faz-se necessária a reflexão da seguinte questão:

Por que você quer ter um relacionamento afetivo-amoroso?
a) Para não ficar só.
b) Para formar uma família e ter filhos.
c) Para amar e ser amada.
d) Para ter com quem dividir a minha vida, as alegrias e tristezas, as conquistas e as frustrações.
e) As respostas “b”, “c” e “d” correspondem aos meus anseios.
Para as que responderam a letra “a”
Há diversas razões que levam uma pessoa a ter um relacionamento para não ficar só: tem medo da solidão, tem receio do que os outros irão falar e assim quer cumprir uma “obrigação” social, não se conhece bem ou não gosta de si mesmo a ponto de não querer ficar só consigo mesmo.
A solidão é um estado de quem se sente ou se acha desacompanhado. É a sensação de abandono, como se estivesse a pessoa separada de todas as outras. É um vazio que alguém sente, devendo ser necessariamente preenchido com a presença de outra pessoa.
Para esse tipo de pessoa, estar só é tão insuportável que ela aceita estar ao lado de qualquer pessoa, ainda que não haja nenhum vínculo emocional entre elas. Assim, quem responde a letra “a” da questão quer ter relacionamento somente para preencher esse vazio. O problema que pode ocorrer é que o vazio pode não ser preenchido com a presença dessa pessoa, pois a causa não se encontra ali e sim em outros fatores psicológicos.
Quanto à pessoa que optou por essa letra pela razão de que se sente obrigada a cumprir com o “dever” social de relacionar-se com alguém, trata-se na verdade de uma necessidade de aceitação social. Ela não quer se sentir diferente dos demais. Para ela, a sociedade verá com maus olhos a sua situação de solteira.
Realmente, ainda que com menor força, considera-se “normal” pela sociedade a constituição de família (daí um dos porquês de ainda não aceitarem a condição de homossexual, já que o conceito de família tradicional é a relação entre homem e mulher), e para se ter uma família, tem que se ter uma relação amorosa.
O medo da não-aceitação é comum. Todos querem enquadrar-se em um perfil. Isso é muito forte na adolescência, momento de formação do ser, onde os indivíduos tentam se encaixar em algum grupo ou, como chamam, em alguma “tribo”. Apesar de não tão forte como na adolescência, na fase adulta a sensação de ser aceito é muito presente. Todos querem se considerar pessoas “normais”.
E o que é normal? Normal é tudo aquilo que não se destaca dos demais ou que ocorre com mais freqüência. Com raras exceções, ninguém quer os holofotes para si, pois com ele virão os julgamentos. Quem julga normalmente são aqueles que reprimiram seus desejos, suas características únicas para serem aceitos na sociedade, assim, se eles fizeram o sacrifício, os outros também devem fazer. Ou ainda, são pessoas que não têm características muito fortes e para não se sentirem inferiores, impõem que todos sejam de determinada maneira, a fim de que ele não se diferencie e com a diferença os julgamentos sobrevenham.
A verdade é todos somos totalmente diferentes. Não há uma única pessoa igual à outra. Sabe-se que até os gêmeos são diferentes, pois a personalidade não é formada apenas pela genética e sim pela educação, pela percepção pessoal das coisas, pelas experiências presenciadas e pelo mundo em que vive. Cada um, ainda que com a mesma genética, com a mesma educação, presenciando as mesmas experiências e vivendo numa mesma realidade, poderá ter percepção diferente e formará uma personalidade diferenciada de todos os demais. Para explicar isso a fundo, teríamos que entrar em um campo filosófico, psiquicanalítico e quiçá espiritual, o que não convém aqui fazer.
Retira-se apenas a conclusão de que todos somos diferentes. Podem ocorrer coincidências, como por exemplo, duas pessoas serem extremamente exigentes no trabalho, muitas pessoas gostarem das mesmas coisas, algumas características serem parecidas, mas nenhuma será exatamente igual à outra.
Ainda que todos aceitem essa conclusão de todos são diferentes, quase todos tentam não se diferenciar muito perante a sociedade. Como a maioria das pessoas se relaciona entre sim amorosamente, não ter relacionamento é estar em uma situação diferente.
Portanto, os holofotes irão focalizar naqueles que não estão num relacionamento. Isso se acentua para aqueles que ultrapassam os 30 anos de idade. Tanto para o homem como para a mulher. O homem com mais de 30 anos que não se casou, pode ser categorizado como homossexual e a mulher como solteirona encalhada. Esses são os julgamentos. Para evitá-los, algumas pessoas optam por se relacionar amorosamente.
Por fim, há quem respondeu a letra “a” porque não se conhece ou não se gosta a ponto de não querer ficar só consigo mesmo. Isso ocorre com pessoas que estando sozinhas, encaram-se e não gostam do que vêem. Estando com outra pessoa, esse enfrentamento é postergado. Ou ainda, como não se conhecem bem, a sua própria companhia não é suficiente. Em vez de aproveitar a oportunidade de iniciar o autoconhecimento, sente-se angustiado para conhecer outra pessoa e não mais ficar só. Enfrentar seus próprios defeitos é mais árduo do que os defeitos alheios. Criticar outrem é mais cômodo que a autocrítica. Aliás, a autocrítica incomoda e perturba mais que a crítica alheia, pois esta você pode ignorar, já a outra é difícil, uma vez que a autocrítica fica “martelando” em sua cabeça, já a crítica alheia você pode simplesmente achar que o crítico é uma pessoa que não merece crédito e esquecerá a crítica proferida.
Independentemente da causa da escolha de relacionar-se para não ficar só, quem tem essa escolha não precisa de nenhum manual sobre relacionamento, basta casar com quem a aceite, qualquer um, pois para não ficar só, basta estar acompanhada, não é mesmo? Relacionando-se bem ou mal, essa pessoa continuará com a outra, pois a finalidade de estar com ela é não ficar só. Entretanto, depois de ler sobre o assunto e se isso gerou uma reflexão que pode originar uma mudança na sua opção, os próximos itens serão muito úteis para iniciar e manter uma relação duradoura.
Para as que responderam a letra “b”
A escolha dessa alternativa é resultado de duas possíveis causas: desejo materno de ter filhos e constituir uma família ou desejo influenciado pela sociedade e pela sua educação familiar.
A decisão de formar um lar familiar e criar filhos deve ser tomada com muita responsabilidade. Manter uma relação amorosa já é difícil o bastante, com o casamento e com o nascimento dos filhos, as responsabilidades de acentuam ao infinito, deixando a relação ainda mais complexa. Haverá mais motivos para brigas: forma de criar filhos, questões financeiras, doenças familiares etc.. O desgaste em um casamento é mais fácil de ocorrer do que num namoro, pois a quantidade de motivos para iniciar conflitos são acentuados naturalmente pela própria circunstância.
Por essa razão, casar e ter filhos deve ser uma opção livre de imposições sociais e familiares, caso contrário, é muito provável que a relação se desmorone ou você seja infeliz, ou ambos.
Se você ainda não está certa se a sua opção é livre, natural, sem imposições quaisquer, reflita sobre o assunto, adquira um autoconhecimento sobre esse aspecto. Ressalto que isso é primordial para que a relação dê certo, não adiantará nada aplicar o aprendizado aqui adquirido se não houver um prévio conhecimento do motivo que a fez desejar casar-se e ter filhos, isto porque por mais que você se esforce, agindo sempre da maneira correta, tendo um relacionamento perfeito, chegará um determinado dia em sua vida que você se perguntará se valeu a pena todo o sacrifício, poderá se questionar porque fez isso, podendo até mesmo a se arrepender.
Para um relacionamento dar certo, além das atitudes corretas, a vontade deve ser natural, deve vir do seu âmago, deve fazer parte de um projeto para sua realização pessoal e não realização da sua família ou cumprimento de uma obrigação social.Tem uma passagem do filme “Diário de Bridget Jones” (o primeiro) muito interessante que mostra essa pressão social para que as mulheres se casem ou ao menos estejam comprometidas em um relacionamento sério. Em uma reunião de amigos, todos os convidados estavam em pares, apenas a personagem de Renee Zellweger, a Bridget, estava sozinha e solteira. Eles começam a questioná-la do porquê de ainda estar solteira. Ela se sente constrangida e pressionada a ter um namorado e casar-se.
Essa pressão, de fato, não é meramente uma ficção, é real. As pessoas casadas ou que estão namorando seriamente, achando que estão ajudando a amiga solteira, ficam indicando homens e apresentando-os com a esperança de que a amiga consiga um namoro. Ainda que discreto e sem más intenções, essas apresentações também são uma forma de pressão para que essa solteira deixe de sê-la.
Há quem pense até que as casadas querem que as solteiras se casem para que as primeiras não sofram mais a “ameaça” das solteiras “atacarem” os seus maridos! Não podemos duvidar que existam mulheres casadas que pensem assim, mas convenhamos, isso não é a regra. Na verdade, elas, normalmente, não se dão conta que podem estar pressionando as suas amigas.
Para as que responderam a letra “c”
Para as optantes dessa alternativa, deve-se fazer um alerta: seguir as orientações nesse artigo ou em outros não é certeza de conquistar o amor dele. É um caminho excelente, mas outros fatores podem fazer com que o amor não nasça nele por você.
Por exemplo, se ele já estiver amando outra, será muito mais difícil conquistá-lo. Contudo, se você souber esperar o amor dele acabar pela outra, sem que você o assedie, agindo de maneira apropriada, você terá boas chances de conquistá-lo.
O amor é um sentimento difícil de se conceituar. Os filósofos gregos passaram bons anos debatendo sobre o assunto e não chegaram a uma conclusão satisfatória e unânime. Pode-se dizer que o amor entre pessoas sem vínculos sanguíneos é a afeição baseada em admiração e forte afinidade. Por esse conceito, tem-se a receita do alicerce do amor: conquistar a admiração dele e ter fortes afinidades.
Para conquistar a admiração dele, basta saber agir de modo apropriado e coerente. Quanto às afinidades, ou vocês têm ou não. Não há remédio. Conseguindo a admiração dele e tendo os mesmos interesses, a base do amor está pronta.Mas ainda há algo a mais. A química também é importante. Não se cogita a atração física, pois essa pode ser adquirida com o amor, mas a química é algo natural, assim como a afinidade: ou há ou não, não se pode adquirir química entre o casal.
A química é o ingrediente que complementa a admiração e a afinidade para formação do amor, pois se houver apenas admiração e afinidade, poderá haver aí apenas uma amizade. Aliás, o amor é a amizade adicionada com a química.Veja, por causa desses fatores, seguir quaisquer orientações de livros ou artigos não é certeza de conquistar o amor dele, pois têm fatores variáveis e incontroláveis que podem não acontecer: a afinidade e a química.
Apenas para complementação do assunto, pode-se diferir a paixão do amor pela inexistência naquele da admiração e da afinidade. Na paixão, há a química que desperta o sentimento e o encantamento. O encantamento é o deslumbramento, é uma turvação, perturbação da vista pelo excesso de luz, ou seja, o encantamento ocorre quando aquilo que se vê é diferente do que realmente é, é uma falsa percepção de qualidades que se admira. Quando essa percepção se confirma, deixa de ser encantamento e passa a ser admiração. Daí a passagem da paixão para o amor. Se a percepção prévia é confirmada, não houve turvação da vista. Quando essa percepção não é confirmada após o fim da perturbação da vista, a paixão acaba.
Para as que responderam a letra “d”
Aqueles que responderam essa alternativa como aquela coerente com seu desejo é o tipo de pessoa que vê o relacionamento como algo a ser construído por etapas, um crescimento contínuo e mutável assim como são as pessoas que o compõem. Vêem o relacionamento como algo que deve ser duradouro. Querem ter como parceiro um companheiro, pois acompanhará a sua vida, irá vibrar com as conquistas e alegrias, e se solidarizar com as frustrações e tristezas.
As palavras-chaves são construção, união, crescimento e compartilhamento. Para a construção de um relacionamento desse nível de interação, a análise de seus atos é permanente, bem como a compreensão dos atos do outro. Tudo tem que ser bem pensado e planejado, assim como se constrói uma casa: forma-se primeiramente os alicerces, que no relacionamento é a confiança, a compreensão de quem é aquele ser com quem você está se relacionando e os objetivos em comum. Sem esses fatores, o relacionamento não se desenvolve.
As etapas não podem ser puladas ou antecipadas. Deve-se ter em mente que a razão deve predominar sobre a emoção, pois não é esta que toma atitudes inteligentes e sim a razão. Para as que responderam a letra “e”Para aquelas que optaram por essa alternativa, recomenda-se ler os itens acima sobre cada uma das opções “b”, “c” e “d”.
[Drika Cordeiro]

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