terça-feira, 15 de março de 2011

ENDOMETRIOSE: ESTUDO ASSOCIA PROBLEMA AO CONSUMO EXAGERADO DE GORDURA TRANS

ENDOMETRIOSE: ESTUDO ASSOCIA PROBLEMA AO CONSUMO EXAGERADO DE GORDURA TRANS

Pesquisa revela que alimentação influencia diretamente no desenvolvimento da doença.

Segundo a pesquisadora da Universidade de Harvard, Stacey Missmer, autora do estudo, as mulheres que consomem mais ácidos graxos como o Omega-3 tiveram 0,78% menos chances de desenvolver a endometriose. As que consumiam maior quantidade de gordura trans aumentaram em 1,44% o risco de ter a doença.


A pesquisa é a maior já feita para investigar a ligação entre a alimentação e o surgimento da endometriose nas mulheres. Além disso, também é o primeiro estudo propenso a identificar um fator de risco modificável para a doença. Para isso, o estudo reuniu dados de cerca de 120.000 enfermeiras estadunidenses, com idades entre 25 e 42 anos, que nunca tivessem sidos diagnosticadas com a endometriose.


Depois de 12 anos acompanhando a dieta dessas mulheres, descobriu-se que mais importante do que saber a quantidade total de gorduras ingeridas, era saber o tipo delas, se trans ou Ômega-3. Ficou constatado que a influência dos ácidos graxos sobre a produção de prostaglandinas e sobre a resposta inflamatória do corpo foi mais prevalente nas mulheres cujas dietas continham mais Ômega-3, o que as protegeu contra a endometriose.


Por outro lado, também ficou provada a hipótese de que mulheres que seguem dietas com uma maior prevalência de gordura trans têm um risco maior de serem diagnosticadas com endometriose, o que realmente aconteceu.


"O estudo americano nos revela que a endometriose, assim como muitas doenças crônicas, também apresenta fatores de risco. Os estudos epidemiológicos realizados em todo o mundo têm sido fundamentais na identificação de fatores de estilo de vida que podem contribuir com o aparecimento da doença.”, explica o Prof. Dr. Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA.

Ainda segundo o especialista, assim como os médicos já fazem recomendações sobre o estilo de vida visando prevenir doenças cardiovasculares e diversos tipos de câncer, é hora de acreditar que os fatores modificáveis também podem ser identificados no campo da saúde reprodutiva, visando a redução dos casos de infertilidade.

ENDOMETRIOSE AFETA A VIDA PROFISSIONAL DAS MULHERES

Você sente dor durante a relação sexual? O seu intestino sofre alterações durante a menstruação, como diarréia ou dor para evacuar? Você está tentando engravidar há mais de um ano e não obtém sucesso? Estes problemas podem ser conseqüência de uma doença muito comum entre as mulheres, mas, na maioria das vezes, diagnosticada de forma tardia: a endometriose.

O que as pessoas não imaginavam é que o distúrbio seria capaz de trazer complicações para a vida profissional. O primeiro estudo mundial sobre o impacto social da endometriose, feito pela Universidade de Oxford, Reino Unido, revelou uma significativa perda de produtividade no trabalho entre as mulheres que sofrem com a doença.

Foram recrutadas 1.459 mulheres, com idades entre 18-45, de dez países, nos cinco continentes, para participarem do Estudo Global de Saúde da Mulher (GSWH). Todas elas fizeram uma laparoscopia, devido aos sintomas sugestivos de endometriose. Além do exame, as participantes preencheram um questionário detalhado sobre os sintomas que sentiam e o impacto que estes provocavam em suas vidas.

“O GSWH é o primeiro estudo a avaliar como as mulheres com endometriose são impactadas pela doença. A perda da produtividade no trabalho representa, em média, dez horas por semana, contra sete horas por semana, em comparação a outras mulheres que participaram do estudo e apresentavam outras doenças. Atividades não relacionadas ao trabalho, tais como serviços domésticos, exercícios, estudos, fazer compras e o cuidar de crianças também foram significativamente afetadas pelos sintomas dolorosos da doença”, diz Kelechi Nnoaham, do Departamento de Saúde Pública da Universidade.

Os pesquisadores também observaram um atraso no diagnóstico da doença de pelo menos sete anos, período em que as mulheres relataram pela primeira vez aos seus médicos os sintomas, até que eles confirmassem o diagnóstico da doença. Este tempo representa uma média de 6,7 consultas antes do encaminhamento para um especialista em endometriose.

Palavra de especialista

O resultado do estudo servirá como base para estudos em curso futuros, bem como para investigações biológicas sobre a origem da endometriose e para marcadores de diagnóstico da doença.

“A compreensão do estudo reforça a necessidade de uma maior sensibilização da classe médica em relação à doença, reduzindo o tempo de diagnóstico, melhorando o atendimento a estas mulheres e até mesmo aumentando o financiamento para a investigação de melhores tratamentos para a endometriose”, defende o Prof° Dr. Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA.

De acordo com ele, as mulheres não devem ignorar uma cólica forte ou qualquer outra alteração no organismo durante o período da menstruação: “Elas devem procurar um médico ao apresentarem resistência a remédios ou quando se sentirem incapacitadas de exercer suas atividades normalmente, pois cólica intensa é o principal sintoma de endometriose”.

Outra preocupação é em relação à infertilidade feminina, que pode manifestar-se em alguns casos. “Pacientes em estágio avançado da doença e obstrução na tuba uterina que impeça o óvulo de chegar ao espermatozóide têm um fator anatômico que justifica a infertilidade”, diz o médico. Além disso, ele ressalta que algumas questões hormonais e imunológicas podem ser a causa para mulheres com quadros mais leves de endometriose não conseguirem engravidar.

“Com o tratamento e, geralmente, após a realização da laparoscopia, uma boa parcela das pacientes consegue engravidar, principalmente as mulheres em que as tubas não tiverem sofrido obstrução. É por isso que no final da laparoscopia costuma-se injetar contraste pelo canal do colo uterino para ver se ele sai pelas tubas. A caracterização dessa permeabilidade tubária é um ponto a favor de uma gravidez que depende, entretanto, de outros fatores como a função ovariana ou a não formação de aderências depois da cirurgia”, conclui o Prof° Dr. Joji Ueno.

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