quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Esvazie os perigosos pneus da barriga

Mais doenças estão sendo associadas à gordura abdominal. Cuide-se e fique bem longe delas

Alguns problemas que a gordura abdominal provoca, como aterosclerose, colesterol e triglicérides altos, hipertensão arterial e até diabete tipo 2, já são velhos conhecidos da população. Por isso, tem muita gente hoje em dia mais preocupada com a medida da circunferência da barriga do que com o ponteiro da balança. Com toda razão. "É uma gordura metabolicamente ativa, que produz substâncias com alto poder inflamatório", explica a nutricionista Mariana Del Bosco, da Abeso, Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica.

E olha que poucos sabem que esse é apenas o começo da lista de encrencas que a protuberância pode causar à saúde. O rol de doenças ligadas à barriga sobressalente só aumenta. A preocupação agora se volta também para o risco de câncer. Estudos recentes mostram que a gordura concentrada no abdômen aumenta a probabilidade de um tumor aparecer. Isso porque, nessa região, ela fabrica doses elevadas de hormônios como estrogênio e testosterona, que, em excesso na circulação, favorecem a chegada e a evolução do mal. Aliado a isso, a substância que recheia a cintura avantajada provoca inflamações pelo corpo. E isso pode modificar o DNA das células, tornando-as malignas.

A memória também sofre quando o ponteiro da balança dispara. É que, como a gordura em demasia acaba entupindo as artérias, o fluxo de sangue, com oxigênio e nutrientes, até o cérebro fica reduzido e os lapsos vão se tornando comuns. O volume extra na barriga também é responsável pelo aparecimento de um problema articular extremamente dolorido, a gota. Essa sobrecarga toda contribui para o desenvolvimento da resistência à insulina, o hormônio que bota o açúcar para dentro das células. Daí, um composto chamado de ácido úrico fica sobrando no sangue. O tal do ácido pode se cristalizar nas articulações, gerando um quadro extremamente doloroso.
Mas os suplícios articulares não param aqui. Os portadores de artrite reumatoide que lutam para fechar o zíper da calça são outras vítimas da gordura central, como preferem os especialistas. Essa doença autoimune, responsável pela inflamação constante das juntas, tem origem desconhecida. Mas é fato que os pneus pioram bastante o quadro, por liberarem adipocinas, substâncias com alto poder inflamatório.

O ideal, então, é ficar sempre de olho nas medidas da cintura. Para os homens, 94 centímetros ou mais de circunferência indicam que os perigos por trás da barriga têm maior possibilidade de ocorrer. Acima de 102 centímetros, essa ameaça está batendo à porta de seu proprietário. Para as mulheres, os valores são 80 e 88 centímetros, respectivamente.

Fuja dessa roubada

O primeiro passo para se manter fora dessa zona perigosa é o famoso balanço energético, que nada mais é do que não ingerir mais calorias do que se gasta. "Controlar bem o consumo de carboidratos refinados, como o dos doces e do arroz branco, que têm digestão rápida, é uma das estratégias que pode ser usada no controle dessa gordura", diz Mariana Del Bosco. Segundo ela, em contrapartida, é importante aumentar a oferta de carboidratos e grãos integrais, que demoram mais para serem processados pelo organismo. Isso turbina o gasto calórico.

"É bom também priorizar as proteínas magras, encontradas em aves e peixes, e evitar exageros na gordura saturada, presente no leite integral e nos cortes gordos da carne vermelha, porque ela estimula a produção de insulina", recomenda.

E, óbvio, a atividade física é imprescindível para escapar dessa engorda localizada. "O ponto principal é gerar um débito energético para eliminar os depósitos de gordura", diz Carlos Klein, professor de educação física e personal trainer de São Paulo. "Não adianta pensar que alguns abdominais todos os dias vão queimar esse excesso. A gordura visceral é resultado do estilo de vida de cada um. Atividade física e alimentação saudável são, juntas, o melhor jeito de acabar com ela", afirma Klein.

Um estudo feito pelo fisiologista Cris Slentz, da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, mostra que o melhor tipo de exercício para secar a barriga é o aeróbico, como a corrida e a caminhada. O treino de resistência muscular é ótimo para aumentar a força e ganhar músculos, mas pedalar, por exemplo, é melhor porque torra mais calorias. Carlos Klein atesta esse resultado: "Com os exercícios cardiovasculares, a gordura vai ser consumida como um todo", conclui.

 

[Marcia Melsohn]

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