segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Artéria Umbilical Única: O que significa isto para o seu bebê?

O achado de 1 artéria no cordão ao invés de 2 (AUU) é comum nas gestações e, quando isolado, não prejudica o andamento normal do pré-natal, sendo necessário somente o acompanhamento corriqueiro para avaliação do crescimento fetal.

No cordão umbilical normal existem duas artérias e uma veia. No entanto, a variante com uma única artéria umbilical (AUU) e uma veia umbilical (cordão com 2 vasos), está entre os achados mais comuns anormais em exames de ultrassom fetal, sendo que a artéria umbilical ausente mais frequente é a esquerda.

A etiologia da AUU ainda não é completamente conhecida e é provavelmente multifatorial, resultante tanto da agenesia (não formação) ou atrofia (formação com posterior desaparecimento) da segunda artéria umbilical ou da persistência da normalmente transitória AUU embrionária.

Os vasos no cordão umbilical são claramente identificáveis com a ultrassonografia. A veia é geralmente maior do que as artérias. A AUU pode ser diagnosticada no pré-natal pelo ultrassom através do achado de dois vasos em uma secção transversal do cordão, ou somente um vaso visto em apenas um lado da bexiga fetal. Isso pode ser evidente no momento em que o ultrassom morfológico de segundo trimestre é realizado, ou até mais precocemente.

image

 

A incidência de AUU tem sido relatada como variando de 0,2% a 1,6% entre fetos cromossomicamente normais (euplóides) e de 9% a 11% entre fetos cromossomicamente alterados (aneuplóides), mas este número varia muito na literatura médica, e se sabe que é encontrado mais frequêntemente em natimortos do que em nascidos vivos.

Existe um consenso sobre a necessidade de uma avaliação anatômica detalhada para identificar quaisquer outras anomalias fetais associadas uma vez que a AUU tenha sido diagnosticada. Em casos de AUU isolada, aparentemente não há evidência de risco aumentado de anormalidades cromossômicas, mas o achado de AUU deve alertar o ultrassonografista para procurar defeitos fetais, e um cariótipo (estudo genético), realizado através de amniocentese, deve ser oferecido se anomalias congênitas são encontradas em associação com AUU.

Malformações congênitas em muitos sistemas têm sido relatados em associação com a AUU, mas não há um padrão específico. As malformações geniturinárias e cardíacas parecem ser as mais prevalentes, e a percepção de que as anomalias renais são particularmente comuns, levou alguns a recomendar uma avaliação renal pós-natal para todas as crianças com AUU.

Um estudo para examinar a associação entre o achado pré-natal de AUU e defeitos cardíacos e verificar a necessidade de avaliação complementar com ecocardiografia fetal foi realizado recentemente e, embora a AUU esteja associada a um aumento da incidência de defeitos cardíacos, esta complementação não é necessária quando o exame morfológico de segundo trimestre é realizado por um ultrassonografista experiente em medicina fetal, porque os defeitos são detectados através da avaliação padrão, que deve incluiu uma visão de quatro câmaras do coração, bem como das vias de saída.

O risco de RCIU (restrição de crescimento intrauterino) é também apontado em alguns estudos e na ausência ainda de dados confiáveis para o contrário, parece prudente a obtenção de uma ultrassonografia no terceiro trimestre para a avaliação do crescimento fetal.

E se o bebê tem artéria umbilical única?

É muito importante ter segurança de que este achado é realmente isolado, porque PODE (ou não) estar associado a síndromes genéticas e alterações na formação principalmente dos rins e coração, por isso é de extrema importância a realização de um exame de ultrassom morfológico de segundo trimestre (idealmente realizado entre 20 e 24 semanas) em um centro especializado em medicina fetal.

E se durante o exame de ultrassonografia forem encontrados outras alterações no seu bebê?

Fique alerta! E considere a realização da amniocentese para o estudo genético, pois isto pode significar que o bebê tem problemas maiores do que somente a falta de uma artéria no cordão. E a ecocardiografia fetal? Não parece acrescentar muito se o exame morfológico foi feito em um centro especializado por um ultrassonografista experiente em medicina fetal, mas é um exame complementar inócuo para a mãe e o feto, podendo ser realizado se a equipe médica julgar prudente ou se ajudar a diminuir a ansiedade da futura mamãe. Depois, é sempre bom comentar o diagnóstico pré-natal de AUU com o seu pediatra que vai cuidar do bebê ao longo do seu desenvolvimento, assim ele pode dar mais uma olhada com atenção principalmente para os rins do pequeno e assegurar que esteja tudo bem após o nascimento.

 

[Dra. Camila Gomes]

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seu comentário aqui!